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Brasília

Brasilienses trabalham mais para comprar cesta básica

Candangos gastam cerca de 4 horas a mais que moradores de outras capitais para arcar com as despesas dos alimentos básicos

Elisa Costa

12/06/2023 18h31

Foto: Geraldo Bubniak/AEN

Os dados mais recentes da pesquisa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) apontam que os moradores da capital federal trabalham cerca de 4 horas a mais do que a média nacional para comprar a cesta básica. A média nacional é de 113 horas e 19 minutos, enquanto no DF, o tempo necessário é de 117 horas e 14 minutos. Os dados são referentes ao mês de maio de 2023, quando a cesta básica no DF custava R$703,83, ficando na 9ª colocação entre as 17 capitais no ranking de maior para menor valor do conjunto.

Conforme as estatísticas do departamento, esse preço compromete 57,61% do salário mínimo das famílias candangas, que é de R$1.320, bem como em todo o restante do país. Em abril deste ano, a cesta básica na capital da República chegou a custar R$717,09 e ficou no 6? lugar entre as mais caras do país. Isso porque o conjunto de alimentos passou por um aumento de 3,43% no mês de março, fato que refletiu economicamente no mês seguinte. Ainda em abril, o Distrito Federal tinha o tempo médio de trabalho necessário para a compra da cesta de 114 horas e 59 minutos, ou seja, 2 horas e 55 minutos a menos do que o mês de maio.

Ao Jornal de Brasília, o economista e coordenador do curso de Economia do IESB, Riezo Almeida explicou: “Os produtos analisados pelo Dieese ainda não dão autonomia para o DF na sua produção, portanto há acréscimo de frete e isso encarece os custos”. Segundo o especialista, apesar do mais recente aumento do salário mínimo, Brasília ainda tem a necessidade de um tempo maior de trabalho, pois o custo de vida ainda compromete o comportamento dos preços dos produtos da cesta. “O alto preço da cesta básica não é positivo, pois significa que o cidadão brasiliense está tendo dificuldade em abastecer sua família.

À reportagem, Riezo destacou que isso indica que a maioria dos gastos do fluxo da renda do cidadão está sendo direcionado para alimentação, e os impactos socioeconômicos disso são evidenciados com o maior endividamento da população do DF. Mesmo com a desvantagem, os dados mostram que o DF teve uma queda de 1,91% no preço da cesta, sendo a maior redução entre as capitais. “Este percentual pode ser explicado pela sazonalidade dos produtos. Os dados coletados são de maio, e apesar de poucos dias, tivemos chuva naquele mês. Abril também não foi tão seco como em anos anteriores, isso ajuda na produção de tomate e banana, por exemplo”, contou o economista.

Como contou o economista, a inflação no DF está recuando, então a cidade pode sentir os reflexos disso nas próximas pesquisas, mas a tendência é que os preços dos alimentos não cresçam tanto. A cesta básica inclui 13 produtos: açúcar refinado, arroz agulhinha, banana, batata, café em pó, carne bovina, farinha de trigo, feijão carioca, leite integral, manteiga, óleo de soja, pão francês e tomate. O conjunto deve sustentar o cidadão adulto por um mês, incluso um salário mínimo que “deve ser suficiente para suprir as despesas de um trabalhador e da família dele com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdencia”, como explica o Dieese.

Contudo, os analistas ressaltaram que, em maio de 2023, o salário mínimo necessário para a manutenção de uma família brasileira de quatro pessoas deveria ter sido de mais de R$6,6 mil, que é 5,04 vezes maior que o atual. “Entre abril e maio, o valor do conjunto dos alimentos básicos diminuiu em 11 das 17 capitais onde o Dieese realiza mensalmente a Pesquisa da Cesta Básica de Alimentos”, explicou o departamento em nota à imprensa. De acordo com o levantamento, São Paulo é a capital com o maior custo dos alimentos (R$791,82), seguida de Porto Alegre (R$781,56), Florianópolis (R$765,13) e Rio de Janeiro (R$749,76).

Na comparação entre 2022 e 2023, 14 capitais tiveram aumento no preço. Conforme detalha a análise de comparação dos preços, realizada pelo Dieese, o preço do óleo de soja baixou em todas as capitais. “Em 12 meses, o movimento foi de queda em todas as cidades, com destaque para Belo Horizonte (-39,90%), Campo Grande (-36,01%) e Rio de Janeiro (-35,74%). A demanda enfraquecida no mercado interno influenciou a diminuição dos preços praticados no varejao”, argumenta o departamento. Os especialistas do mercado agora aguardam pelas próximas reuniões do Copom, no Banco Central, para tomar decisões com base na taxa de juros.

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