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Brasília

Bate-boca marca terceiro dia de julgamento do Crime da 113 Sul

Frases como “aqui não tem trouxa” e “tem que tomar o remedinho” foram ditas em discussão entre assistente de acusação e advogado de defesa

Willian Matos

25/09/2019 10h24

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

Vítor Mendonça e Willian Matos
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Começou nesta quarta-feira (25) o terceiro dia de julgamento em Júri Popular de Adriana Villela, acusada de matar os pais e a empregada do casal em 2009. A arquiteta chegou ao local por volta das 9h15 e, sorridente, cumprimentou um dos amigos, que está comemorando o aniversário. Acompanhada do assessor do caso, a suspeita se dirigiu à audiência e, juntamente com a defesa, se prepara para pelo menos mais oito horas de depoimentos.

Pouco antes das 10h, um bate-boca tomou conta do julgamento: de um lado, o assistente de acusação do caso, Pedro Calmon, e um advogado de defesa, Marcelo Turbay.

Durante conversa, Turbay fala sobre o caso e comenta, perguntando: “Por que ninguém nunca fez a datação da impressão digital?”. Calmon ouve e dá início à discussão.

“Meu filho, isso que você tá falando tá tudo errado. Você está atrapalhando com essas mentiras. Isso é mentira sua, rapaz. O processo está ali para você ver. Tudo isso é mentira, é pra absolver uma senhora [Adriana Villela] que mandou matar [os pais] e uma empregada”, esbraveja o assistente de acusação.

Em meio à declaração, Turbay ri e debocha, afirmando que Calmon “tem que tomar o remedinho”. O assistente, no entanto, não se cala e segue o ataque à defesa.

Turbay (à direita), tentou apaziguar Calmon (à esquerda) durante discussão. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

“A empregada [sofreu] 17 facadas para queimar o arquivo. Isso é uma coisa seríssima”, afirma Calmon. “Ela contratou sua grife por 15 milhões. Aqui não tem trouxa”, acusa. “O que a defesa tá dizendo é uma fantasia. O povo tem que tomar conhecimento dessas mentiras”, conclui o assistente de acusação.

O caso

A arquiteta Adriana Villela é acusada de contratar o ex-porteiro do casal Villela, Leonardo Campos Alves, para cometer o crime, em troca de dinheiro e joias. Leonardo teria combinado a execução com o sobrinho Paulo Cardoso Santana, e com Francisco Mairlon Barros Aguiar, que também seriam recompensados.

No dia 28 de agosto de 2009, os três foram até onde os Villela viviam, na SQS 113. Com base em informações supostamente passadas por Leonardo e Adriana, eles atacaram as vítimas com 73 facadas e, para simular um crime de latrocínio, eles levaram joias no valor de R$ 10 mil e US$ 70 mil em espécie.

A motivação, para a Promotoria de Justiça do Tribunal do Júri, seria um motivo torpe: Adriana queria se vingar dos pais pelos frequentes desentendimentos financeiros. Ela dependia economicamente deles e recebia mesada, mas considerava o valor baixo. O homicídio de Francisca ocorreu como queima de arquivo, pois ela poderia identificar os autores posteriormente.

Adriana Villela é pivô do Crime da 113 Sul, que, entre voltas e reviravoltas, já se arrasta há 10 anos. Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

A defesa de Adriana Villela afirma que o crime trata-se, sim, de um latrocínio praticado pelo porteiro do casal. Segundo eles, a arquiteta esteve fora durante toda a ação criminosa.

O irmão de Adriana, Augusto Villela, decidiu se pronunciar no último fim de semana — e com duras críticas à Polícia Civil do DF (PCDF). Ele acredita que os agentes foram “longe demais” nas “teses malucas criadas” e que voltar atrás seria responsabilizar alguém que teria apostado nas hipóteses trabalhadas pela corporação.

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