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Brasília

Autoridades lamentam golpes envolvendo Dulcina

Faculdade em São Paulo, conveniada com a Dulcina de Moraes, estaria emitindo diplomas falsos dizendo a alunos que possuía convênio com a instituição de Brasília

Willian Matos

10/08/2021 11h14

Foto: Vitor Mendonça/ Jornal de Brasília

O Jornal de Brasília trouxe nesta terça-feira (10) uma denúncia envolvendo a Faculdade de Artes Dulcina de Moraes. Sediada no Distrito Federal, a Dulcina estaria sendo vítima de golpes supostamente cometidos pelo Intermediação da Educação Cultural (Idec), com sede em Barueri-SP. Em contato com a reportagem após a veiculação da denúncia, políticos e pessoas ilustres da Cultura da capital lamentaram o ocorrido.

Para que se entenda o caso: o Idec estaria usando o nome da Dulcina para expedir diplomas falsos a alunos que cursavam Educação Artística no instituto paulista. A Dulcina é proibida pelo Ministério da Educação de ministrar aulas fora do Distrito Federal e sequer tem condições de promover ensino à distância.

Ocorre que Idec e Dulcina teriam fechado um acordo entre 2013 e 2017. À época, o Ministério Público (MPDFT) havia afastado toda a diretoria por ausência de prestação de contas e suspeitas de irregularidades na gestão da instituição e nomeado dois interventores, que passariam a atuar como administradores judiciais: Marco Antônio Schmitt e Luiz Francisco de Sousa.

Cada diploma emitido pela Dulcina/Idec precisa passar pela chancela da Universidade de Brasília (UnB). Ao ser informada pela administradora judicial, a universidade suspendeu imediatamente a homologação dos diplomas.

Em resposta às denúncias, o secretário de Cultura e Economia Criativa do DF, Bartolomeu Rodrigues, se mostrou triste com o problema. “Lamento o que está acontecendo e espero uma solução para preservar o importante legado de Dulcina de Moraes à Cultura de Brasília”, resumiu.

O deputado distrital Fábio Felix (PSol), que visitou o campus da Dulcina no ano passado para cobrar reformas e melhorias aos alunos, afirma que a instituição passa por problemas de gestão há anos. “Infelizmente há um abandono do poder público. A fundação é de direito privado, mas o poder público tem que assumir um papel, já que nós estamos falando de um patrimônio histórico do nosso país”, declarou.

Pensando em soluções que o Executivo pode gerar para a Dulcina, Felix sugere que a futura Universidade do Distrito Federal (UniDF), sancionada pelo governador Ibaneis Rocha no mês passado, incorpore a faculdade na instituição. “Incorporá-la dentro do projeto da faculdade da UniDF seria uma uma grande alternativa para já iniciar com muita estrutura os cursos de artes, por exemplo, entre outras alternativas possíveis de ajuda do poder público”.

Atual interventor se manifesta

O atual interventor da faculdade Dulcina de Moraes pelos próximos 90 dias, Gilberto Rios, disse ao JBr que tomou conhecimento do caso e vem sendo cobrado pelo corpo docente. “A gente não vai fugir de porta nenhuma. Temos o vestibular batendo na porta e estamos fazendo uma reformulação em todos os setores”, afirmou.

Ainda sobre o vestibular, as provas ocorrem neste fim de semana. Na visão de Rios, as denúncias não prejudicam o processo seletivo. Para o interventor, a reportagem mostra “o quanto a faculdade foi envolvida nesse escandaloso esquema de falsificação ou talvez venda de diplomas”. “Temos um caminho difícil para percorrer com o MEC e um diálogo difícil para travar com a UnB. A gente precisa retomar a via de mão dupla com as duas instituições.”

Sobre a sugestão do deputado Fábio Felix, Gilberto Rios acredita que a ideia é “simpática” e “salutar”. “Acho justo a reivindicação da sociedade em relação àquele equipamento aos cursos. Estamos abertos ao diálogo com todo mundo”, declarou. Rios, que assumiu o cargo na semana passada, disse que tem boas expectativas e que já recebeu contatos de pessoas dispostas a ajudar o Dulcina de Moraes.

“A gente precisa encontrar uma solução. Vamos ver se até o dia 28, quando ela [Dulcina de Moraes] completa 25 anos da passagem espiritual, a gente tenha, pelo menos, minimamente redesenhado um projeto para salvar aquele espaço. A Dulcina não merece isso”, finalizou Rios.

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