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Brasília

Após troca de corpos, idoso é cremado pela família

Arquivo Geral

11/06/2018 20h51

O corpo de Pedro Gabriel de Albuquerque, de 80 anos, foi levado por outra família. A troca ocorreu no necrotério do hospital. Foto: Reprodução

João Paulo Mariano
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Os últimos dias foram de tristeza e indignação para a família do senhor Pedro Gabriel de Albuquerque, 80 anos. Tudo porque o seu corpo foi trocado pelo de outro senhor na hora do reconhecimento e ele quase foi enterrado por pessoas que não eram de sua família. O caso foi denunciado à Polícia Civil e deve ser encaminhado à Justiça. A cremação do corpo correto foi feita nesta segunda (11) , por volta das 17h, em Formosa (GO).

A confusão foi percebida pela filha Hagda Albuquerque, 40 anos, no domingo, quando foi acompanhar o momento que a funerária fez a remoção do corpo do Hospital São Mateus, onde o homem estava internado desde o último dia 28 de maio, devido ao agravamento do Mal de Alzheimer e a dificuldade de se alimentar. Pedro morreu devido a complicações de uma pneumonia, por volta das 23h, de sexta (8).

“Percebi que não era meu pai, pois o homem era moreno, tinha a cabeça redonda e era mais forte que ele. Não tinha nada a ver”, lembra Hagda. Ela diz que estranhou quando entrou na sala e viu a gaveta onde o corpo estava. Segundo ela, na sexta o corpo do pai estava na primeira gaveta. Já nesta última vez, por volta das 13h do domingo, ele estava na segunda.

A partir daí, o desespero foi para saber onde o corpo estava. Hagda reclama que o funcionário do Hospital São Mateus não soube indicar onde estava o cadáver do pai. Como havia a liberação de um outro homem no livro de registro, ela ligou para o contato da família e refutou sobre a troca. A neta do outro homem atendeu e disse que não tinha percebido nada de diferente.

“Ela tinha até beijado a testa do meu pai, pensando que era seu avó, quando fez o reconhecimento. A desculpa foi que ela não abriu o saco direito”, afirma. O Hospital entrou em contato com a funerária responsável que trouxe o corpo de volta. Hagda fez questão de acompanhar todos os minutos desse novo momento para que não houvesse nenhum outro erro.

De acordo com Fernando Paulo, que se identificou como proprietário da funerária Boa Esperança, o erro foi da outra família que fez o reconhecimento. “O funcionário da funerária só entra no hospital acompanhado da família e só pega o cadáver depois que a família reconhece”, alega. Além disso, ele disse que assim que ficou sabendo do erro retornou com o corpo de Pedro para o hospital. “Coisa de dez minutos. Nem tocamos nele”, diz.

A família contesta essa versão: “O corpo do meu pai saiu por volta das 13h e voltou lá pelas 16h. Não foi tão rápido. E por que o hospital não teve a capacidade de olhar as identificações e ver que o nome estava errado?”, refuta Hagda.

Investigação

A família fez ocorrência na 5ª DP do Plano Piloto e vai processar o Hospital São Mateus e a funerária Boa Esperança pelo deslize, tido como grave por eles. Para a filha Hagda, o pai era um homem maravilhoso e que era benquisto por todos em Sobradinho, onde morava há mais de 40 anos. Apesar do Alzheimer, ele queria manter a cabeça ativa e, mesmo aposentado, cortava grama para a vizinhança. Só parou, quando a doença piorou e a família pediu para ele não continuar com essas atividades.

O Jornal de Brasília entrou em contato, por telefone, com o Hospital São Mateus por diversas vezes, mas a resposta de uma das atendentes foi que não havia assessoria de imprensa e o responsável pela unidade de saúde não estava em Brasília.

Saiba mais

Casos de erros em necrotérios de hospitais ou cemitérios não são tão incomuns. No mês passado, o JBr. mostrou o caso de Domingos Alves de Moraes, 58, que foi enterrado como indigente e sem a presença de nenhum familiar, no cemitério de Sobradinho. Na ocasião, o Governo de Brasília e a concessionária Campo da Esperança jogaram a culpa de um órgão par ao outro.

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