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Brasília

Homem é enterrado como indigente por engano, em Sobradinho

Arquivo Geral

14/05/2018 15h05

Foto: Arquivo pessoal

Marina Cardozo
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Um engano fez com que uma vítima de atropelamento fosse enterrada como indigente no Cemitério de Sobradinho. Os parentes de Domingos Alves de Moraes, 58 anos, denunciam que o corpo foi sepultado antes do horário previsto, na ausência dos familiares. O procedimento, providenciado pelo Serviço Social do governo, ocorreu na tarde da última sexta-feira (11). O Cemitério Campo da Esperança e o governo repassam a responsabilidade um ao outro.

Segundo o vigilante Luís Cleiton Rodrigues, um dos familiares da vítima, Domingos era andarilho. “Minha mulher e eu, que moramos em Sobradinho, nem sabíamos que ele estava no Distrito Federal. Só tivemos conhecimento da morte quando o Jornal de Brasília publicou uma nota sobre o corpo que estava no Instituto Médico Legal à espera da família”, relatou. A partir de então, eles afirmam que passaram a manter contato com o Instituto Médico Legal (IML), para acompanhar os trâmites do enterro.

Ao ter ciência do óbito, e após muito tempo sem notícias de Domingos, uma das irmãs dele, de 77 anos, percorreu mais de 1,6 mil quilômetros, do Piauí a Brasília. Ela tentou, em vão, se despedir do homem.

“Estava tudo combinado. Avisaram data e horário. Pediram para chegarmos às 15h, pois o enterro seria às 16h. Chegamos às 14h30 e já tinham enterrado sem a presença de nenhum familiar. Isso nos causou muita tristeza”, lamenta o vigilante. Os parentes, agora, querem saber o porquê e o responsável pelo transtorno.

O acidente
Domingos Alves de Moraes morreu após ser atropelado na DF-425. O acidente ocorreu  em 7 de abril deste ano, em Sobradinho, em frente ao Condomínio Fraternidade. O local é próximo à casa de Luís, que é casado com uma sobrinha da vítima. Mal sabiam eles da tragédia.

O motorista que atropelou Domingos estava embriagado. A constatação foi registrada em boletim de ocorrência na 13ª Delegacia de Polícia (Sobradinho).

No momento do acidente, a vítima foi socorrida pelo Corpo de Bombeiros e encaminhada ao Hospital Regional de Sobradinho. Ele estava com suspeita de traumatismo craniano, fratura na costela e ferimentos no braço direito e na perna esquerda. Domingos morreu no hospital.

Em 24 de abril, o Jornal de Brasília divulgou que a Polícia Civil buscava a família do homem. O corpo encontrava-se no Instituto Médico Legal (IML) desde 14 de abril e não havia sido reclamado até então. Por isso, após 15 dias do falecimento, o cadáver seria sepultado pelo serviço social do GDF.

A publicação do JBr. chegou até Oeiras (PI), terra natal de Domingos e onde vive a irmã dele. Assim começou a saga da família pela despedida digna do homem.

 

Foto: Arquivo pessoal

Envolvidos

Procurada pelo Jornal de Brasília, a empresa Campo da Esperança admitiu que o horário do sepultamento foi antecipado. “Os responsáveis do GDF informaram à equipe da Campo da Esperança que ele não possuía família”, declara a instituição, por meio de nota da assessoria de imprensa.

De acordo com a empresa, o corpo chegou à unidade de Sobradinho por volta das 13h30. A Campo da Esperança lamenta o ocorrido e reforça que o governo é responsável pelos corpos e por solicitar a um cartório de registro civil a emissão das guias de sepultamento gratuitos.

A reportagem procurou também a pasta responsável pelo serviço, a Secretaria do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos (Sedestmidh). Por telefone, a assessoria de imprensa da pasta atribuiu o erro ao IML.

A Sedestmidh “informa que oferta o Benefício Eventual Social por Morte aos cidadãos e às suas famílias que não têm condições de arcar por conta própria com o enfrentamento da situação. Para solicitar o benefício, o cidadão deve procurar as unidades da Assistência Social mais próxima da sua residência. Esse benefício é concedido de duas formas, conforme opção da família: por uma parcela única de R$ 415, ou a pasta realiza o sepultamento garantindo as despesas das taxas e da urna funerária. A oferta também pode ocorrer por meio do encaminhamento do IML ou do sistema de Justiça, quando a pessoa não tem identificação (indigente)”, diz a nota.

O Instituto Médico Legal (IML), por sua vez, explicou o que ocorreu a partir do momento em que a família entrou em contato. Segundo as informações da polícia, naquele momento os trâmites legais já haviam sido efetuados, com a lavratura da certidão de óbito, por haver expirado o prazo legal de 15 dias para a manifestação de familiares.

O IML relatou que a família concordou que fosse mantido o sepultamento social, pois não poderia arcar com as despesas.  “Foram realizados todos os procedimentos legais e informado aos familiares que os trâmites para sepultamento não são de competência do IML/PCDF. Portanto, deveriam ser tratados diretamente com o Necrópoles e o cemitério local”, diz a nota enviada ao JBr. pela Divisão de Comunicação da Polícia Civil.

“Ratificamos que todos os procedimentos legais de responsabilidade deste Instituto foram realizados com zelo e presteza”, conclui o texto.

Leia também: Cemitérios do Gama e de Taguatinga têm vida útil esgotada

 

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