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Brasília

Ambulantes do DF aproveitam as eleições para lucrar com toalhas de presidenciáveis

Mesmo sendo rivais, imagens de Lula (PT) e Bolsonaro (PL) ficam lado-a-lado nos varais dos ambulantes

Redação Jornal de Brasília

26/07/2022 18h11

Foto: Gabriel de Sousa

Gabriel de Sousa
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Os dois candidatos à presidência da República que estão mais bem colocados nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o presidente Jair Bolsonaro (PL), dividem a preferência dos brasileiros. Na última pesquisa do Ipespe, publicada nesta última segunda-feira (25), foi mostrado que 79% do eleitorado brasileiro pretende votar em algum deles, sendo que o petista tem 44% das intenções de voto, enquanto que o atual chefe do executivo pontua em 35%.

Além das pesquisas, essa divisão também pode ser vista pelas ruas da capital federal. Nas calçadas das lojas e em pontos comerciais, vendedores ambulantes aproveitam o período eleitoral para vender toalhas e itens dos dois candidatos, que ficam lado-a-lado, excluindo qualquer partidarismo.

As toalhas eleitorais vendidas pelos ambulantes se resumem às que contam com o rosto de Lula ou o de Jair Bolsonaro. Nas ruas, não há peças com a imagem dos outros presidenciáveis que também pontuaram na última pesquisa eleitoral do Ipespe, como Ciro Gomes (PDT); Simone Tebet (MDB); André Janones (Avante); Pablo Marçal (PROS) e Luiz Felipe D’Ávila (NOVO).

Os vendedores desejam que tanto os eleitores de Jair Bolsonaro quanto os do ex-presidente Lula aproveitem a visita às suas bancas levando alguma peça de roupa ou souvenir do seu candidato favorito, e torcem para que a polarização eleitoral se torne ainda mais lucrativa para as suas vendas com o caminhar da campanha presidencial.

Junto com as roupas, calçados e acessórios que eram vendidos normalmente antes do ano eleitoral, agora, os vendedores ambulantes levam diversos sacolões recheados de toalhas dos presidenciáveis. De acordo com eles, sempre há uma intensa procura pelas unidades, já que são vendidas com rapidez, sendo estocadas diariamente em diversas ocasiões.

Segundo o ambulante Joabson Almeida, que vende as peças dos dois candidatos no centro comercial de Planaltina, a utilidade das toalhas para secar o corpo é o que menos importa atualmente. Nestas eleições de 2022, ela se tornou uma espécie de bandeira partidária. “Quem chega aqui querendo comprar diz pra mim que nem é para usar e deixar no banheiro. Eles compram pra deixar na porta da casa, pra dar pra algum colega e pra mostrar para os outros em quem que eles são fã”, afirma o vendedor.

Bolsonaro ganha na Torre de TV

Assim como o cenário retratado pelas pesquisas de opinião, as vendas de toalhas de presidenciáveis nas ruas do DF também é bastante polarizada. Nesta terça-feira (26), a equipe de reportagem do Jornal de Brasília conversou com vendedores ambulantes em três pontos do Distrito Federal, a fim de saber qual dos candidatos vende mais peças e gera mais lucro. A resposta não foi unânime, sendo diferente em cada ponto consultado.

Em um ponto de vendas na Torre de TV, as toalhas dos presidenciáveis são vendidas por R$ 55. Além disso, os consumidores podem encontrar também canecas, chaveiros e camisetas dos dois presidenciáveis, a bandeira do Partido dos Trabalhadores e a bandeira do Brasil ficam lado-a-lado, a fim de ficar mais acessível para a vista dos consumidores.

A dona da loja, que preferiu não se identificar, disse que Jair Bolsonaro é o preferido da clientela, tendo que ter o estoque de peças com o seu rosto sendo reposto diariamente. “O que está mais saindo é o Bolsonaro. Tanto que hoje eu já recoloquei tudo, bandeiras, camisas… Tanto é que um senhor veio aqui agora, e já não tem mais, porque no final de semana já acabou tudo”, afirma.

A comerciante explica que as peças do ex-presidente Lula são vendidas com maior raridade “quando algumas minorias vêm até aqui”. A comerciante conta que a opinião política dos seus clientes não é importante, já que ambos são públicos distintos que podem fazer compras na sua loja.

No Setor Comercial Sul, Lula “rende mais”

A realidade é diferente a apenas um quilômetro de distância da banca da Torre de TV, onde por lá, Bolsonaro é o segundo colocado. No Setor Comercial Sul, a dupla de ambulantes Daniel Silva e Fábio Rocha alegam que a presença de sindicatos e de órgãos de esquerda que ficam próximos do local alavancam a venda de toalhas do ex-presidente Lula.

“Esse pessoal que vem para esses lances de sindicato, e que participa dessas coisas, eles sempre estão por aqui por perto. Também tem esse povo que vem fazer essas passeatas, os sem-terra, todos circulam por aqui. Então, acaba que vende mais a do Lula por conta do local”, afirma Rocha.

De acordo com Fábio, a aposta na venda das toalhas surgiu com o início do ano eleitoral. Com o caminhar das campanhas presidenciais, que começam no dia 16 de agosto, ele pretende aumentar a oferta de peças, a fim de atingir novos consumidores. “É nosso trabalho, né? Independentemente das eleições, a gente tem que vender uma toalha, tem que vender uma roupa, tem que vender alguma coisa”, observa o vendedor.

O vendedor Daniel Silva comenta que as toalhas dos presidenciáveis são mais baratas do que em outros lugares, sendo vendidas por R$ 35. De acordo com ele, na manhã de ontem ele conseguiu vender 100 toalhas de cada candidato para um consumidor. Muitos sindicatos também compram uma larga remessa de produtos com o rosto do candidato petista, o que colabora com os lucros dos vendedores: “Se você me perguntar quem é que me dá mais lucro nas vendas, é o Lula. Mas quem eu acho que tem mais voto aqui no DF, aí é o Bolsonaro”.

Em Planaltina, candidatos empatam nas vendas

Já em Planaltina, região administrativa que, em 2018, registrou uma vitória Jair Bolsonaro, então do Partido Social Liberal (PSL), em cima do petista Fernando Haddad por 68% a 32%. No centro comercial da cidade, o comércio das toalhas parece ter um “empate”, com nenhum dos dois candidatos se sobressaindo nas vendas.

É o que diz o ambulante Joabson Almeida, que diz atender diariamente o mesmo número de bolsonaristas e de petistas, vendendo as unidades por R$ 45. “No fim do dia, eu vejo que já vendi tanto as toalhas do Bolsonaro quanto as do Lula. Então, para mim, esse empate tá bom. Volto com nada pra casa e com dinheiro no bolso”, brinca.

Joabson diz que comercializa as toalhas desde o final de março, quando a peça com o rosto do candidato petista ao Planalto viralizou após ser erguida pela cantora Pabllo Vittar, durante um show do Lollapalooza: “Depois, para agradar todo mundo, comecei a vender a dos dois”.

Apesar de não perceber uma disparidade entre os dois presidenciáveis desde quando começou a vender as toalhas, Almeida afirma que no início desta semana, vendeu mais unidades do ex-presidente do que as do atual chefe do executivo. “De segunda pra cá foram mais as do Lula, as do Bolsonaro venderam pouco até agora. […] E eu não posso nem diminuir o preço, se eu deixar a do Lula cara e a do Bolsonaro barata, vai ter gente aqui me xingando e falando que eu sou bolsonarista”, relata o ambulante

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