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Brasília

DF é a unidade da federação com mais mulheres na Bolsa de Valores

Levantamento realizado pela XP investimentos mostra que o número de investidoras na capital federal é o maior do país

Redação Jornal de Brasília

26/07/2022 18h07

Foto: Divulgação

26,4%. Essa é a porcentagem de mulheres que investem na Bolsa de Valores na capital federal. O número, por sua vez, coloca o DF no topo do ranking das unidades da federação com o maior número de mulheres que investem na B3. Os números são do Relatório XP Monitor. A porcentagem está acima da média nacional, que é de 23,9%.

Segundo o levantamento, em junho, o número de investidoras, em todo o país, alcançou a marca de 1,2 milhão. Apesar da presença feminina se diferenciar muito da masculina, o crescimento entre 2020 e o último mês é de 46,1%.

Os fatores relacionados a isso podem ser inúmeros. Como, por exemplo, a diferença de renda entre homens e mulheres, que ainda é discrepante. Dados do Boletim da Mulher no Mercado de Trabalho do DF, divulgado pela Codeplan e Dieese em março, mostram que, em 2021, no Distrito Federal, enquanto as mulheres ganhavam, em média, R$ 3.264, os homens recebiam cerca de R$ 4.300.

As despesas em casa, por sua vez, também podem ser outro fator associado. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua), divulgada pelo IBGE nesta sexta-feira (22), aponta que 49,8% dos lares da capital federal são chefiados por mulheres.

Disposição feminina

Na avaliação de César Bergo, professor de mercado financeiro da Universidade de Brasília (UnB), as mulheres estão cada vez mais dispostas a aprender. “Nas minhas turmas, por exemplo, vejo cada vez mais mulheres, e uma característica muito forte delas é a vontade de aprender. Desta forma, esses números não me surpreendem”, comenta.

Tatiane Moreira é uma das candangas que, por influência do marido, decidiu, há mais ou menos 3 anos, investir. “Sempre tive vontade mas nunca tinha coragem. Via meu marido investindo e sempre me interessei, até que um dia ele me motivou e eu criei coragem”, relembra a empresária. “Comecei com bem pouquinho, com ações baratinhas. Depois fui ficando mais corajosa e hoje tenho um valor considerável aplicado”, comenta Tatiane.

Como acredita César Bergo, uma característica marcante das mulheres investidoras é a humildade e a disciplina, fatores esse que, como defende o professor, são muito importantes na hora de investir. “Cautela e confiança são fundamentais na atividade de investimento. As mulheres estão mais acessíveis ao conhecimento, estão mais dispostas a seguir com calma e prudência, além de serem muito organizadas. A arrogância é um erro muito comum, e vemos demais isso no público masculino”, argumenta o professor.

Tal cautela está presente no comportamento de Tatiane. A autônoma conta que, desde que começou a investir, aprendeu a ter paciência e entendeu que trata-se de uma atividade com frutos a longo prazo, desta forma, não vale a pena se desesperar. “Tem que ter coragem e entender que nem todos os dias você vai ganhar. Muito pelo contrário. O importante é não desanimar e entender que se trata de um investimento a longo prazo, e até chegarmos onde queremos o percurso será de altos e baixos”, menciona a investidora. De acordo com César Bergo, o prazo, geralmente, é de, no mínimo 5 anos, e quanto maior o tempo maior o retorno.

Por essa razão, segundo o especialista em economia, o número de mulheres na B3 tende a subir cada vez mais. “A tendência é um equilíbrio entre o número de homens e de mulheres na bolsa. As mulheres estão participando das finanças e isso é algo importantíssimo. Na medida em que elas participam mais, mais elas estarão aptas a terem mais autonomia. É um movimento que, acredito eu, não tem volta”, defende o economista.

Perfil do investidor brasileiro

Ainda segundo o relatório, em maio deste ano, a Bolsa de Valores brasileira tinha mais de 5,1 milhões de investidores pessoa física. Em relação a abril, 49.654 novos investidores se cadastraram na B3.

A maioria dos investidores está na faixa etária dos 26 a 35 anos. São cerca de 1,7 milhão de contas ativas, que representam 33,4% de CPFs cadastrados. Em seguida, estão aqueles de 36 a 45 anos, com 1,4 milhão de contas, equivalente a 28,1%, de acordo com o levantamento realizado pela empresa.

O que e? e como funciona?

Conforme explica outro economista, Renan Silva, a bolsa de valores e? um ambiente de negociac?a?o onde e? possi?vel comprar a ac?a?o de uma empresa de capital aberto. “Ela comec?ou como uma organizac?a?o, uma sociedade civil, entre corretores, e hoje e? uma empresa responsa?vel pela normatizac?a?o, regulac?a?o e organizac?a?o dos mercados para que haja um ambiente seguro de negociac?a?o dessas ac?o?es”, ressalta. Ela, desta forma, representa a democratizac?a?o do capital, visto que e? possi?vel comprar uma ac?a?o e ter participac?a?o em uma empresa promissora que pode vir a gerar lucros e dividendos como retorno.
O mais popular ativo e? a famosa “ac?a?o”, ou seja, uma pequena parte de uma empresa. Ao compra?-las, e? possi?vel se tornar um acionista, um pequeno so?cio do nego?cio. Desta forma, a bolsa de valores funciona como um ponto de encontro entre os investidores que querem vender e aqueles que pretendem comprar os ativos financeiros daquele empreendimento. A bolsa, como explica o profissional de economia, oferece ao investidor o ganho de capital, estes, advindos do crescimento e lucros dessa empresa. “Ale?m disso, ela e? um canal importante de captac?a?o de recursos das empresas, que abrem seu capital buscando recursos de investidores para produzir projetos de alto potencial, e isso e? uma mola propulsora de desenvolvimento para os pai?ses”, completou Renan. A bolsa de valores tem ainda a func?a?o de estabelecer as regras de negociac?o?es com o objetivo de tornar o ambiente transparente e seguro para todas as partes envolvidas, isso pois, um indivi?duo so? pode investir em ac?o?es atrave?s de uma corretora de valores.

Os nu?meros que influenciam esse nego?cio sa?o os da macroeconomia, como o juros, o ca?mbio, a inflac?a?o, as commodities. “Por exemplo, em um regime de juros altos, a bolsa pode ser afetada e cair, pois as pessoas vendem suas ac?o?es para comprar ti?tulos do governo, e isso prejudica o empreendedorismo. Pode tambe?m acontecer o inverso. Com uma poli?tica de juros baixos, as pessoas acabam ficando mais aptas a correr risco na renda varia?vel. Mas em geral esse balanc?o vem das poli?ticas contidas na macroeconomia”, exemplifica Renan Silva.

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