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Brasília

74% das mulheres em Brasília já sofreram violência no deslocamento

A pesquisa realizada em setembro pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, ouviu mais de 4.000 brasileiras que utilizam diferentes formas de transporte no seu cotidiano

Redação Jornal de Brasília

16/09/2024 20h35

onibus cheio

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Por Camila Coimbra

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74% das mulheres em Brasília já sofreram violência no deslocamento e 9 em cada 10 acham que a segurança das mulheres deve ser prioridade nas eleições municipais. De acordo com a pesquisa, a maioria das mulheres querem mais policiamento e iluminação, e apoio de políticas públicas que contribuam para aumentar sua sensação de segurança quando se movimentam pela cidade de Brasília.

A pesquisa realizada em setembro pelos Institutos Patrícia Galvão e Locomotiva, com apoio da Uber, ouviu mais de 4.000 brasileiras que utilizam diferentes formas de transporte no seu cotidiano. O estudo, de abrangência nacional, também destaca resultados de nove capitais: Belém, Belo Horizonte, Brasília, Fortaleza, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Os resultados evidenciam a permanência de um padrão preocupante: a maioria das entrevistadas relatou ter enfrentado situações de violência, como importunação, assédio sexual e até estupro, durante seus deslocamentos pelas cidades.

Júlia Reinheimer Brito, 20 anos, estudante, relata o assédio que sofreu quando era menor de idade: “Quando eu tinha 17 anos, tentaram tirar uma foto da minha bunda debaixo do vestido no ônibus aqui em Brasília. Tinha eu e mais umas 8/10 pessoas em pé eu estava pegando transporte para ir ver uma exposição no Museu Nacional”

“Estava usando um vestido acima do joelho e, como o ônibus estava meio lotado, tive que ficar em pé. Fiquei em frente a um homem que estava sentado em um dos bancos mais baixos, mexendo no celular. Em um determinado momento, ele fingiu que derrubou o celular no chão. Quando se abaixou para pegar, tentou tirar uma foto por baixo do meu vestido. . Peguei o celular dele, devolvi e perguntei: ‘É isso que você quer?’ Ele ficou em silêncio, apertou o botão de parada e desceu do ônibus. Provavelmente, ele sabia que qualquer palavra poderia gerar uma discussão, então foi melhor ter saído. Ele claramente sabia que estava errado, e quando percebeu que eu notei o que estava acontecendo, desceu sem dizer nada.”, complementa a estudante.

Cláudia Lustosa, 55 anos, conta da vez que um homem aproveitou da situação da lotação e de estar sentada para esfregar as partes íntimas em seu ombro “Muita gente no ônibus, o cara que estava um pouco atrás ficou esfregando o pênis duro de propósito no meu ombro, na época, essas ações eram normalizadas mas aquilo me incomodou muito, eu pedi para ele se afastar ele negou e eu decidi descer o mais rápido possível!”.

Ainda referente aos dados da pesquisa, 82% das mulheres em Brasília sentem muito medo de sofrer violência quando se deslocam pela cidade. Enquanto 56% das moradoras de Brasília dizem ter muito medo de sofrer importunação ou assédio sexual.

Na percepção das entrevistadas da pesquisa, os canais de denúncia e acolhimento, e campanhas de conscientização são as políticas públicas mais disponibilizadas em suas cidades. Por outro lado, uma menor parcela de mulheres declara que suas cidades contam com desembarque autorizado fora do ponto e vagões exclusivos em trens e metrôs. A maioria das mulheres brasileiras é favorável às políticas existentes ou acredita que elas deveriam ser implementadas em suas cidades.

7 em cada 10 consideram que iniciativas voltadas para transporte e infraestrutura, como a melhoria da iluminação pública, revitalização de espaços abandonados (praças, prédios, terrenos baldios, etc.) e correção de falhas no transporte público, podem contribuir significativamente para aumentar a segurança nos deslocamentos urbanos.

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