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Gastronomia

Brasileiros deixam sua marca no mundo do vinho europeu

Conheça as histórias inspiradoras de três profissionais que deixaram o Brasil para se dedicarem ao universo da enologia.

Cynthia Malacarne

10/05/2024 5h33

Julyana Fiorin, Pedro Ramos e Luma Monteiro, da direita para a esquerda.

Julyana Fiorin, Pedro Ramos e Luma Monteiro, da direita para a esquerda.

Trabalhar no mercado do vinho vai muito além de degustar uma taça. É uma jornada que exige estudo, dedicação e uma profunda imersão nessa cultura. Por isso, na coluna de hoje, vou compartilhar com vocês as histórias inspiradoras de três brasileiros que decidiram trilhar esse caminho na Europa, cada uma com seus desafios únicos.

Nascida em Curitiba, no Paraná, Julyana Fiorin mora, atualmente, em Udine, no coração da região vinícola do Friuli, na Itália. Sua paixão pelo vinho veio das raízes familiares italianas. Ao lado do pai, ela fundou a Vinoz –– uma importadora e e-commerce de vinhos, mergulhando de cabeça nesse universo.

Sua experiência ganhou ainda mais profundidade quando foi selecionada para um programa de desenvolvimento econômico do governo italiano, onde montou um plano de exportação para uma vinícola local. Esse mergulho nos bastidores do vinho despertou em Julyana o desejo de aprimorar seus conhecimentos., levando-a à formação em sommelière na renomada Associação Italiana de Sommelier (AIS).

Sommelière Julyana Fiorin, Vinoz. Crédito: Divulgação
Sommelière Julyana Fiorin, Vinoz. Crédito: Divulgação

A jorna de Julyna revela a importância de compreender a cultura e os processos locais para se destacar neste mercado. Como conselho para quem deseja trilhar esse caminho, la destaca o quanto é essencial conhecer não somente a cultura, mas também o idioma do país para onde se deseja mudar. E ressalta que, quando possível, ter cidadania europeia facilita muito o processo de adaptação. Além disso, enfatiza a necessidade de entrar em contato com pessoas que já seguiram o mesmo percurso para entender os desafios e custos envolvidos.

Sommelière Julyana Fiorin, Vinoz. Crédito: Divulgação
Sommelière Julyana Fiorin, Vinoz. Crédito: Divulgação

Pedro Ramos, embora seja natural de Belo Horizonte, em Minas Gerais, considera-se um carioca de coração por ter ido para o Rio de Janeiro ainda bebê. Devido ao trabalho de seu pai, essa mudança foi seguida por várias outras e para diferentes países, rotina que marcou sua infância, em razão seguida de constantes. Após atuar na área de marketing e no mercado financeiro, seguiu sua paixão pelo vinho e decidiu investir nesse universo.

Sommelier Pedro Ramos. Crédito: Divulgação.
Sommelier Pedro Ramos. Crédito: Divulgação.

Com cidadania portuguesa, mudou-se para Lisboa com a esposa Liana, em busca de estudos e novas oportunidades. Lá, iniciou sua formação como sommelier por meio do curso WSET e logo ingressou no mercado de trabalho em uma loja de vinhos. Sua determinação e busca constante por conhecimento o levaram a desempenhar papéis de destaque em restaurantes renomados, como o Alma, duas estrelas Michelin, onde atuou como head sommelier.

Atualmente, ele é embaixador da importadora brasileira Clarets em Portugal e professor no curso WSET. Como conselho para quem está começando nesse ramo, ele reforça a necessidade de ter humildade e se cercar de pessoas que possuam bons conhecimentos para absorver mais informações. Ele também destaca que, caso a pessoa possua cidadania europeia, isso pode facilitar bastante o processo de adaptação e inserção no mercado.

No exterior, é preciso saber que a condição de estrangeiro poderá colocá-lo em algumas situações desafiadoras. “Uma vez, um cliente de um restaurante que eu trabalhava me indagou: –– O que um brasileiro entende de vinho português? Com toda paciência e humildade, atendi o freguês, que indicou o estilo do vinho que desejava. O vinho que eu servi a ele agradou muito e, ao final, recebi um agradecimento e pedido de desculpas”, recorda-se Pedro.

Sommelière e comunicadora de vinhos Luma Monteiro. Crédito: Divulgação
Sommelière e comunicadora de vinhos Luma Monteiro. Crédito: Divulgação

Luma Monteiro, natural do Rio de Janeiro, deixou sua cidade natal aos 27 anos de idade. Com sólida carreira de uma década na Vale do Rio Doce como gerente de compras sênior, decidiu buscar novos horizontes após concluir seu mestrado em negócios internacionais. Há oito anos no Reino Unido, hoje exerce a função de Gerente de Marketing no Davy’s Wine Merchants. Além disso, é uma respeitada comunicadora de vinhos, compartilhando sua paixão por meio do perfil @wineriaofficial no Instagram, e atua como jurada em prestigiosos concursos de vinhos, como o IWSC (International Wine and Spirits Competition), Decanter e Mundus Vini.

Sommelière e comunicadora de vinhos Luma Monteiro. Crédito: Divulgação
Sommelière e comunicadora de vinhos Luma Monteiro. Crédito: Divulgação

Sua jornada como sommelier começou em uma renomada rede de hotéis cinco estrelas, onde buscou aprimoramento e concluiu o WSET 3. Posteriormente, transitou para uma distribuidora de vinhos antes de se juntar a sua atual empresa. Luma também conquistou o Diploma WSET, uma especialização altamente exigente com índices de aprovação rigorosos. Além disso, foi selecionada para participar do exclusivo curso Champagne Academy, reservado para apenas dezesseis profissionais do ramo.

Seus esforços e conhecimento renderam prêmios prestigiosos, incluindo o troféu de IWSC Emerging Talent in Wine Communication. Inspirada por figuras como Jacis Robson e Sarah Jane Evans, Luma enfrentou os desafios de um mercado ainda predominantemente masculino e com pouca representatividade racial. Como conselho para aqueles que aspiram seguir esse caminho, enfatiza a necessidade de investir no aprendizado do idioma e cultura do país de destino, bem como na busca por orientação e apoio de profissionais estabelecidos na área, além de uma sólida organização financeira, tendo em vista o elevado custo dos cursos.

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