Não é novidade que a qualidade do vinho brasileiro vem alcançando reconhecimento em âmbitos nacional e internacional. Hoje, quem mora no Brasil possui uma ampla gama de vinhos elaborados em nosso território para explorar e provar.
Há algum tempo, a geografia do vinho brasileiro mudou a sua configuração. É incrível ver a ascensão e diversificação da produção da bebida no Brasil, particularmente com a exploração de novas regiões e técnicas de cultivo inovadoras. A vitivinicultura brasileira, que antes era predominantemente associada ao Sul do país, agora se estende por diferentes estados e climas, resultando em vinhos de alta qualidade.
A técnica de dupla poda e a realização da vindima no inverno têm permitido a produção de vinhos em regiões que antes não eram consideradas tradicionais para esse fim, como Brasília, por exemplo. Isso tem proporcionado uma nova gama de sabores, aromas e estilos, refletindo a diversidade do nosso país.
Podemos presenciar toda essa diversidade na 31ª Avaliação Nacional de Vinhos – Safra 2023, realizada em Bento Gonçalves-RS, onde foram recebidas 503 amostras inscritas por 74 vinícolas de sete estados (Bahia, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo), além do Distrito Federal. Do total de amostras, 157 foram reveladas, representando os 30% de melhor pontuação. Ao final, foram selecionadas 16 amostras para representar as diferentes categorias a serem degustadas pelo público.
Dos 16 vinhos, 15 eram de vinícolas gaúchas, das cidades de Alto Feliz, Bento Gonçalves, Farroupilha, Flores da Cunha, Garibaldi, Pinto Bandeira e Santana do Livramento, e uma foi de Brasília, mostrando que a produção avança em novas regiões produtoras com qualidade. O presidente da Associação Brasileira de Enologia (ABE), enólogo Ricardo Morari, reverencia o trabalho de toda a cadeia produtiva da uva e do vinho, responsável pelos avanços significativos dos últimos anos, que têm posicionado o Brasil como um dos principais produtores mundiais.
“A diversidade que só o Brasil possui tem nos levado à mesa de consumidores do mundo todo. Além de vermos novas regiões produtoras surgirem no país, acompanhamos projetos incríveis de alta qualidade em todas as partes. É lindo de ver nosso país, tão diverso, avançando na cultura do vinho. A prova é a Safra 2023, que nos apresentou vinhos excelentes, com características próprias e um futuro sem volta: o reconhecimento aqui e lá fora”, comemora. Morari destaca ainda a identificação cada vez maior de diferentes castas entre as amostras, bem como técnicas de produção inovadoras como a dupla poda, por exemplo.
A Avaliação Nacional de Vinhos foi transmitida ao vivo no YouTube. Pessoas espalhadas por várias regiões do país receberam o kit com as 16 amostras e provaram junto aos degustadores técnicos. Em Brasília, no restaurante Teta Cheese, um grupo se reuniu para acompanhar este evento, e eu estava presente.
Sem a menor dúvida, o momento mais emocionante da avaliação nacional de vinhos foi a amostra n. 15, da variedade de uva syrah, da Vinícola Brasília. O reconhecimento do vinho Syrah Monumental (1960) da Vinícola Brasília na Avaliação Nacional de Vinhos é um marco importante, não apenas para a vinícola, mas também para a região em desenvolvimento na produção de vinho. O fato de ser um vinho de dupla poda, com colheita no outono/inverno, destaca a singularidade desse vinho e a influência do terroir específico do Distrito Federal, caracterizado por altitude, amplitudes térmicas e condições especiais de solo e microclima.
A limitação da pré-venda a 1960 garrafas, em homenagem ao ano de inauguração de Brasília, adiciona um elemento exclusivo e histórico ao vinho, tornando-o ainda mais especial para colecionadores e apreciadores.
Esse reconhecimento não apenas enaltece a vinícola, mas também destaca a crescente qualidade e diversidade da produção de vinho no Brasil, mostrando que o país está ganhando destaque no cenário mundial de vinho, além de estimular a apreciação e o interesse pelo vinho brasileiro.