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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

Você sexualiza e objetifica as mulheres?

Muitas mulheres e homens ainda não percebem o quanto podem ser cruéis numa relação de amor. Perceba se você faz parte desse grupo e saia dele

Lu Miranda

13/03/2024 16h30

Na coluna anterior, compartilhei a experiência da Vanessa e como ela se sentiu objetificada e sexualizada em um encontro. As repercussões foram inúmeras repercussões e interessantes, algumas demonstraram empatia, enquanto outras revelaram certa ignorância. Por isso, gostaria de aproveitar este espaço hoje para explorar por que é tão difícil para as pessoas perceberem que estão objetificando e/ou sexualizando uma mulher.

Primeiro considero importante destacar que, apesar das enormes revoluções feministas, a sociedade, muitas vezes, ainda enxerga o papel da mulher como inferior ao do homem, e isso pode ser percebido, claramente, em diversos contextos do cotidiano.

“Mas isso é coisa de mulher mesmo, cuidar da casa, da família, do marido…” E nenhum problema até aí, entretanto, quem cuida dela? Em quais braços ela pode encontrar afeto e acolhimento? Muitos de vocês podem pensar que a parceria seria a pessoa ideal para ocupar esse papel, todavia, historicamente, e principalmente em relações hetero cis normativas, existe um lugar de poder masculino (patriarcado) que recai diretamente no poder que a mulher exerce sobre ela mesma, afetando sua sexualidade.

Logo, dedicar um tempo de qualidade para olhar para si, sendo mulher em uma sociedade machista, parece ser mais desafiador que aparenta. Isso também acontece porque, durante muitos anos na história da civilização, as mulheres foram vistas mães e\ou tidas como objeto de desejo, ou ainda como tentações ao masculino. Sendo assim, o desejo de serem vistas como seres humanos dignos é coisa antiga, entende?

E na vida íntima, isso se torna ainda mais evidente. Digo isso porque uma das demandas mais comuns que tenho no consultório é a de mulheres que se sentem objetificadas e sexualizadas pelos parceiros. Por qual motivo? Porque, muitas das vezes, só existe demonstração de afeto e amor quando há vontade, por parte deles, de transar, principalmente em relações de longo prazo. Isso cria uma associação entre “ser fofo ou querer agradar” a sexo. Percebendo que existe essa correlação, ainda que não consciente, elas passam a se sentir desvalorizadas, não apreciadas e desaplaudidas pelas parcerias.

Devido à falta de reciprocidade afetiva, ansiedades, inseguranças e angústias passam a tomar conta. Muitos homens, por sua vez, por não terem o sexo em casa, procuram-o fora. Crença ouvida por muitas de nós durante a vida, não é mesmo?

O que fazer então, Lu?

Primeiro, é preciso entender e aceitar que existe, sim, uma desigualdade de poder que afeta as relações humanas. Dito isso, é importante reconhecer o quanto comportamentos machistas que diminuem o poder feminino são recorrentes no nosso contexto e, a partir daí, trazê-los à consciência e trabalhar para mudá-los.

Parece fácil, né?! Só que não!

Apesar das estatísticas alarmantes de feminicídios diários, muitas mulheres e homens ainda não percebem o quanto podem ser cruéis numa relação de amor. Além disso, ainda existe muita educação sexual pela indústria pornográfica, o que em nada ajuda na visão machista em relação à mulher.

Sendo assim e diante tudo que foi dito, deixo vocês com um leve questionamento: como seria um mundo onde as mulheres fossem tratadas com respeito, dignidade e empoderamento?

Quero muito saber sua opinião!

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Dicas de filme e séries: Pobres criaturas; O conto de Aya; Bom dia, Verônica

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