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Muito Prazer, Luisa Miranda
Muito Prazer, Luisa Miranda

O Brasil não ajuda no tesão da brasileira: um desenrolar de como o contexto afeta o tesão das mulheres em suas relações afetivas

Se queremos tesão, precisamos de união. União, respeito, comunicação, luta, vulnerabilidade, voz e lugar de fala

Lu Miranda

20/09/2023 16h57

Arte: Lu Miranda

Nesta semana — assim como em todas as outras — nós, mulheres, fomos novamente apresentadas e expostas a situações em que nos sentimos violentadas, humilhadas, desrespeitadas e que brincam e riem dos nossos lugares do mundo. O caso dos estudantes de medicina que fizeram um ‘punhetaço’ durante um jogo de vôlei feminino em uma universidade de Santo Amaro-SP foi apenas um dos inúmeros que temos sobre isso no Brasil diariamente.

Feminicídios incontáveis, importunações sexuais, abusos em todas as suas formas (emocional, físico, sexual, financeiro), estupros, inclusive dentro dos casamentos, violências e todos os outros comportamentos danosos que fomos nos habituando com o tempo. Vítimas e abusadores, ambos com suas histórias traumáticas e passados cheios de carência e amor, fantasiados de qualquer outra coisa que não amor — pelo menos não um amor saudável, né?!

Relações amorosas baseadas em padrões patriarcais que colocam a mulher em um papel inferior ao do homem, quase sempre submisso e subserviente.

Daí, eu pergunto para vocês: como uma mulher pode ter e manter o tesão diante desse contexto?

Em outros textos, eu comentei sobre o tesão ser responsivo, ou seja, ele responde a estímulos que podem ser visuais, táteis, olfativos, gustativos e auditivos. Inclusive, já dei dicas de como utilizá-los melhor no nosso dia a dia. Porém, eles seriam muito mais funcionais e teriam melhores resultados se outros estímulos nos ajudassem nesse processo: os estímulos sociais e culturais.

Mas o que realmente acontece é que, todos os dias, aos ouvirmos as notícias, assistirmos às novelas e rolarmos os feeds das redes sociais, percebemos que muitas e muitas mulheres ainda sofrem em suas casas com seus cônjuges e familiares, naqueles mesmos locais onde deveriam ser respeitadas, vistas, admiradas e amadas. Mas não. Na verdade, atualmente, nem é mais necessário estar ligado à tecnologia para saber de tais fatos. Basta observarmos ao redor, nossos amigos, pais, avós, instituições para notarmos o que sempre esteve diante dos nossos olhos: a ilusão de que nós, mulheres, somos empoderadas e respeitadas.

Para nos ajudar nessa reflexão, gostaria de utilizar a pirâmide de Maslow. Lembram-se dela?

A Pirâmide de Maslow tem como foco entender as necessidades dos seres humanos e estudar como eles são impactados no ambiente onde estão. Abraham Maslow foi um psicólogo norte-americano que buscou estudar e demonstrar a relação entre o comportamento motivacional das pessoas e um conjunto de necessidades humanas, ponto de partida para a criação do seu estudo mais conhecido, a Pirâmide de Maslow.

A base da Pirâmide é formada pelas necessidades fisiológicas dos seres humanos. São as prioridades básicas relativas à sobrevivência e às necessidades do organismo, como respirar, se alimentar, ter um abrigo, controlar a temperatura corporal, etc. Na segunda camada hierárquica, estão as estabilidades básicas, como segurança de saúde, segurança da família, segurança física em casos de violência — tudo vinculado à autopreservação.

Já a terceira camada faz relação direta com nossos vínculos sociais, amizades, família, amor e demais ambientes de sociabilidade e pertencimento. A quarta camada é referente à estima, ou seja, a pessoa precisa receber retornos positivos e incentivos, desenvolvendo sua estima e sendo valorizada, seja no ambiente pessoal, seja no ambiente profissional. E a quinta e última camada (topo) nível de autorrealização focado em superação de desafios: desenvolver autonomia decisória, ter flexibilidade, atuar com aquilo que deseja, etc.

Após breve resumo e análise das camadas da Pirâmide de Maslow, podemos perceber, sem muita profundidade, o quanto mulheres são privadas de muitas e muitas condições que deveriam ser básicas para a dignidade humana e o quanto ainda precisamos lutar por um contexto mais justo, amoroso, gentil e respeitoso para todos aqueles que aqui lutam e vivem. Não só por nós mulheres, mas por todos os seres que desejam ser mais livres e mais libertos de toda uma amarra que mata e agride.

Falar de tesão e sexo parece fácil diante da dificuldade que é reconhecer o lugar de privilégio e conforto para que o outro ganhe espaço e poder. Mas se queremos tesão, precisamos de união. União, respeito, comunicação, luta, vulnerabilidade, voz e lugar de fala.

Que, diante desse lugar de fala, sejamos ouvidas como verdadeiramente merecemos. Por nós, por eles, por todos.

E você aí, o que pode fazer na prática para que as mulheres do seu contexto se sintam mais empoderadas e respeitadas? Me conta lá no meu perfil do Instagram.

Até semana que vem!

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