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Histórias da Bola
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Popó: o ídolo da Irmã Dulce

O Estádio da Graça nasceu com arquibancadas de madeira, recebendo homens e mulheres da elite baiana, elegantemente vestidos

Gustavo Mariani

30/07/2022 10h08

Atualizada 31/07/2022 6h57

Foto: Reprodução

No dia 19 de dezembro de 1920, Salvador, a capital baiana, ganhava o seu primeiro “monumento” dedicado ao futebol, o “elegante stadium” construído no bairro da Graça, pelo engenheiro Arthur de Moraes (fora zagueiro do Esporte Clube Vitória) dentro dos padrões ingleses.

O Estádio da Graça, como ficou sendo chamado, nasceu com arquibancadas de madeira e de ferro, recebendo homens e mulheres da elite baiana, elegantemente vestidos.

Um dos presentes aos domingos futebolísticos no Estádio da Graça era a jovem Maria Rita Pontes, que vivia jogando bola no meio da rua onde morava junto com os meninos. Ela se tornara fã do Apolinário Santna, o Popó, e pedia ao seu pai, o dentista Augusto Pontes, para leva-la aos jogos do Ypiranga, time formado por estivadores e trabalhadores de ganho, por sinal, o primeiro campeão no Estádio da Graça, vencendo a elitista Associação Atlética da Bahia, por 1 x 0.

Enquanto vibrava aos domingos com as jogadas do Popó, a garota Maria Rita nem imaginava que ela, futuramente, se tornaria a futura primeira santa do Brasil. Em 1930, o seu Ypiranga mandou a maior goleada da história do Campeonato Baianos de Futebol: 16 x 0 Democrata. Antes disso, em 15 de abril de 1923, ela já tivera uma outra grande alegria, com Ypiranga 5 x 4 Fluminense-RJ, no Estádio Graça (evidentemente), com todos os cinco gols marcados por Popó, considerado o primeiro craque do futebol baiano.

Depois da futura Irmã Dulce, o Ypiranga ganhou a torcida do escritor Jorge Amado, que se declara “canário” – o time é amarelo e preto – pelo livro Bahia de Todos os Santos, publicado em 1946. Nesta mesma temporada, o Esporte Clube Bahia ganhou o apelido de Tricolor de Aço, por vencer o São Paulo, por 7 x 2. O apelido foi cunhado pelo jornalista Aristóteles Góes, escrevendo no jornal A Tarde.

Nove anos depois, o ídolo maior do Ypiranga, Popó, morreria na miséria, pedindo esmolas em frente ao novo estádio da Fonte Nova, construído para ser usado na Copa do Mundo de 1950, mas que só fica pronto no ano seguinte. Com a chegada do novo estádio, o Ypiranga da Irmã Dulce perde, gradualmente, o posto de time de massas para o Bahia. Pelos inícios da década-1970, a Federação Baiana de Futebol vende o terreno do Campo da Graça para construtoras fazerem no local prédios imponentes, onde a Irmã Dulce ira torcer por Popó, que teve as suas histórias contadas por Aloildo Gomes Pires, colunista do jornal “A Tarde”.

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