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Fala, Torcida
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Reclamar é mais fácil

No próximo sábado (28), teremos Palmeiras x Flamengo no Mané Garrincha. Mais cedo, haverá a estreia do Candangão 2023, curiosamente em terras goianas. O abismo entre os dois eventos é gigante. Mas o que os dirigentes estão fazendo para mudar o cenário?

Thiago Henrique de Morais

27/01/2023 5h00

Atualizada 26/01/2023 19h44

Foto: Marcelo Cortes

Brasília será o centro das atenções do futebol nacional neste sábado. Sede da Supercopa do Brasil pela terceira vez em quatro edições, o Mané Garrincha recebe o duelo entre Palmeiras, atual campeão Brasileiro, e Flamengo, detentor da Copa do Brasil. A partida será às 16h30, com mais de 50 mil ingressos já vendidos. Por outro lado, mais cedo, começa o Campeonato Candango, às 10h30, no duelo entre Santa Maria e Paranoá, curiosamente com a partida inaugural do torneio do Distrito Federal sendo disputada em Luziânia-GO – ainda que a equipe da cidade do Entorno não esteja na disputa do evento desse ano. E provavelmente com um público que não chegará a 1% da finalíssima no Mané Garrincha, ainda com ingressos podendo ser comercializados por R$ 1.

O campeonato local começa com as suas peculiaridades. Uma delas é que um dos principais estádios da capital federal sequer receberá uma partida nesse ano. O Bezerrão, no Gama, passa por mais uma reforma em seu gramado. Quem acompanha de perto a competição já perdeu as contas de quantas vezes o local precisou de reparos. A última aconteceu em 2019, antes do Mundial Sub-17, no qual o estádio foi um dos palcos da edição, vencida pelo Brasil. Com a pandemia, o campo passou a ser um hospital de campanha. Após a sua desmontagem, ficou entregue ao léu. Relatos são de que até uma muda de árvore estava crescendo no centro do gramado. Lamentável.

Não basta o futebol brasiliense estar há 10 anos sem chegar sequer na Série C – a conta aumenta para 13 se citarmos a Série B e 18, a Série A, temos que ver os estádios em péssimas condições de uso e pouco aproveitados. O desporto local não é valorizado pelos próprios dirigentes, que só gostam de reclamar que não recebem incentivos de alto padrão, sendo que o espetáculo apresentado é de baixo nível. Bradam em alto e bom tom sobre os jogos de times de outros estados na cidade, sendo que eles não fazem o mínimo para deixar o torneio local um pouco decente. Até porque reclamar é muito mais fácil do que fazer. Pior para o público local, que fica cada vez mais carente.

É triste ver que a capital do país não possui um time sequer nas três primeiras divisões. Por mais dinheiro que possua, o Brasiliense parece não vingar na Série D. Mesmo com uma folha salarial que dá inveja a alguns times da Série B, a equipe sempre tem caído na segunda fase da competição, bem distante de um acesso. O Gama hoje só sobrevive graças ao seu maior patrimônio, a torcida – a única capaz de colocar 20 mil espectadores em um estádio. Agora sob uma nova gestão, a esperança é que volte a trilhar os bons caminhos e almejar títulos novamente, ainda que não tenha o Bezerrão para os seus mandos de campo nesta temporada.

Triste também ver que os demais clubes da cidade não se ajudam. O Ceilândia não engata, sempre há algum problema na administração que inviabiliza uma possibilidade de acesso. O Real Brasília até tem dinheiro, mas não possui uma torcida e, ainda assim, quer mostrar que é rival de Gama e Brasiliense sem ao menos ter chegado a uma final até hoje. Uma soberba sem fim. Com algum fundo de esperança, hoje, o tradicional Brasília até montou uma equipe que almeja voos maiores, assim como o Capital, que bateu na trave em anos anteriores e que agora tem um estádio para chamar de seu, o JK, no Paranoá, fruto de uma reforma feita pelo clube em parceira com o GDF através do programa ‘Adote uma Praça’. Mas não sabemos até que ponto poderão chegar. Será que são capazes de levar o futebol brasiliense a outro patamar? Se não entrarem na onda daqueles que só procuram arrumar desculpas, talvez. Caso contrário, manteremos o padrão Candangão de ser.

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