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Do Alto da Torre
Do Alto da Torre

Pesquisa mostra que governo ainda divide

A percepção majoritária vai de encontro à mensagem que o Planalto propaga em sua nova campanha publicitária, que tem como slogan “Um Brasil e um só povo”

Eduardo Brito

20/12/2023 18h47

Foto: Canal Gov

Embora o presidente Lula tenha acenado na campanha com um governo de frente ampla, contemplando todos os setores que o apoiaram contra Bolsonaro e suas aspirações antidemocráticas, não é o que o brasileiro percebe, passado um ano de sua posse.

Pesquisa Genial/Quaest encomendada pela dobradinha O Globo-ValorEconômico mostra que a maioria da população (58%) avalia que o governo de Lula ajudou a dividir o país, enquanto só 35% dizem que o Executivo federal atua pela união dos brasileiros. Outros 8% não souberam ou não responderam.

A percepção majoritária vai de encontro à mensagem que o Planalto propaga em sua nova campanha publicitária, que tem como slogan “Um Brasil e um só povo”. É justamente o que esperava o ex-governador e ex-senador Cristovam Buarque: na sua avaliação, o público sempre percebeu que o governo em nada combatia a polarização e, ao contrário, apostava nela.

Por isso mesmo Cristovam sempre considerou a campanha mero desperdício de recursos, pois o público não se convence com publicidade caso constate que os fatos os desmentem. E o governo Lula faz isso, diz ele, na medida em que nunca fez acenos aos que não votaram nele. “Afinal, entre o centro político e o bolsonarismo raiz existe um amplo espectro que poderia merecer atenção”. Isso não ocorre e até antigos aliados são hoje tratados como inimigos apenas porque apoiaram o impeachment de Dilma Rousseff.

Percepção existe também dentro do PT 

Essa percepção existe inclusive dentro do PT. O ex-deputado brasiliense e ex-secretário Geraldo Magela (foto), hoje conduzindo uma campanha para fortalecer o partido na capital, acredita que a comunicação do governo deveria apostar em um esforço para mostrar essa afirmação.

Magela nota que já é possível notar esse esforço quando se fala nos evangélicos, mas é preciso ir muito além disso. Cita como exemplos os pequenos e microempresários, que frequentemente adotam posturas conservadoras. “O PT precisa escutar esses e outros segmentos”, avisa.

O diagnóstico é o mesmo: se a eleição de 2018 foi polarizada, como Haddad não permaneceu na arena política, esse clima se atenuou, mas só para retornar com força total em 2022, não só porque o resultado foi próximo – 50,9% a 49,1% – mas também porque Bolsonaro ficou ainda no jogo, e da pior forma possível.

Em função disso, diz, nem o governo, nem os partidos que apoiam Lula conseguiram dialogar com os setores que não votaram nele. “Quem votou em Bolsonaro, mesmo não sendo radical, não se vê aceito”, registra Magela. Cabe portanto ao governo se esforçar por uma abertura, como cabe também ao PT furar sua bolha.

Talvez tenha sido esse o mote do presidente, quando dirigiu uma advertência aos petistas para a campanha. Tudo isso representaria um esforço para romper a polarização que, para Magela, interessa apenas aos oposicionistas.

Aprovação tem leve queda

Só para registrar, a nova rodada da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira, 20, indica também que a aprovação dos brasileiros ao governo Lula voltou a ter variação negativa. São 36% os que aprovam a administração do petista, percentual que era de 38% em outubro — oscilação dentro da margem de erro estimada para o levantamento, de 2,2 pontos percentuais para mais ou menos.

Outros 29% desaprovam a gestão federal (mesma taxa verificada na pesquisa anterior) e 32% classificam o trabalho do governo como regular (contra 29% que faziam essa avaliação há dois meses). Caiu de 35% para 29% o percentual dos que consideram o atual governo melhor que os dois mandatos anteriores de Lula na Presidência.

A parcela dos que acham que as gestões são iguais subiu de 24% para 32% desde junho (última vez em que a pergunta havia sido feita). Os que veem piora no mandato atual do petista passaram de 33% para 36%.

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