Em termos da grande estratégia eleitoral, nada mais parecido com Jair Bolsonaro do que Luiz Inácio Lula da Silva. Essa constatação foi feita tempos atrás por um expert, teórico e prático, da política brasileira, o então senador José Antonio Reguffe, do Distrito Federal.
E foi inteiramente confirmada pelo desempenho de cada um nas eleições presidenciais do ano passado. Dizia Reguffe que, como fez Lula em suas campanhas presidenciais, Jair Bolsonaro apostou todo o tempo em um núcleo duro de seguidores fieis, mesmo que representassem 30% do eleitorado ou até menos do que isso.
Acreditava que seriam suficientes para colocá-lo no segundo turno e os apoios restantes, que viriam durante a campanha, chegariam a tempo de lhe dar a vitória. É, segundo Reguffe, o mesmo que fez Lula em outras campanhas – e repetiu no ano passado.
Durante todo tempo, Lula falou principalmente para convertidos. Especialistas diziam que não havia “a menor necessidade de cortejar a turma do ‘todes’ porque já votariam seguramente nele. No entanto, foi o que Lula fez, garantindo o seu terço religioso de votos.
Mais tarde, até cultivou forças de fora, mas apenas falando em democracia, sem jamais se comprometer com uma agenda de frente político-partidária. Ganhou pela gravidade. Fica a observação de que, para isso, é necessária a polarização que se solidificou nos últimos anos. Mas para isso, tanto Lula contava com Bolsonaro como Bolsonaro contava com Lula.