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Nascar anuncia o fim da bandeira confederada

Ao proibir a bandeira em seus circuitos, a Nascar se posiciona a favor de um presente que não mais permite no automobilismo, e em nenhum outro lugar, o uso de símbolos que possam fazer qualquer tipo de apologia ao racismo e à escravidão.

Aurélio Araújo

23/06/2020 15h43

Bandeira confederada na arquibancada da Nascar. Foto: Divulgação.

Há algumas semanas, falei sobre o posicionamento contundente de Lewis Hamilton sobre os protestos que se desencadearam nos Estados Unidos e no mundo após a morte de George Floyd por asfixia causada pelo ex-policial Derek Chauvin, em Minneapolis, EUA. Após seu posicionamento, outros pilotos também o seguiram e a própria Fórmula 1 iniciou uma campanha nas redes sociais de combate ao racismo e outras categorias também seguiram o exemplo. Uma delas foi a Nascar.

Já falei também de Nascar por aqui, logo no início da pandemia, quando o tema eram as competições virtuais ao longo da paralisação da temporada. Mas, dessa vez, a categoria deu um passo firme no combate ao racismo nos Estados Unidos ao abolir a bandeira confederada dos seus circuitos. Segundo os próprios organizadores, “a presença da bandeira confederada contraria nosso compromisso de oferecer um ambiente acolhedor e inclusivo para todos os fãs, nossos competidores e nossa indústria. Portanto, a exibição da bandeira confederada será proibida em todos os eventos e propriedades da Nascar “.

A bandeira confedera é considerada por muitos um símbolo de um Sul escravocrata nos EUA. Foto: Divulgação.

A bandeira confederada é símbolo de um sul escravocrata derrotado pelo norte progressista na Guerra de Secessão norte-americana. Em diversos momentos da história foi utilizada como símbolo de uma suposta supremacia branca, inclusive pela racista Ku Klux Klan. Nos anos 60, ao longo das lutas pelos direitos por igualdade, manifestantes a favor da separação racial utilizavam a bandeira confederada. Por mais que alguns digam o contrário, a bandeira simboliza uma era de discriminações perpetuada por um sul escravocrata que, no fundo, nunca aceitou sua derrota e a derrota do seu modelo de nação.

Assim como Lewis Hamilton na Fórmula 1, Bubba Wallace é o único piloto negro da Nascar. Ele foi um dos grandes mobilizadores pelo fim da bandeira confederada na categoria. Após a proibição, o piloto encontrou sobre o seu carro, no circuito de Talladega, uma corda semelhante às que eram utilizadas para enforcar negros em tempos mais sombrios. 

“O ato deplorável de racismo e ódio desta noite me deixa muito triste, e serve como um doloroso lembrete do quanto ainda precisamos andar como sociedade, e o quão persistente precisamos ser na luta contra o racismo”, Bubba Wallace

Bubba Wallace, único piloto negro no grid da Nascar é símbolo da lutar contra o racismo no esporte a motor. Foto: AP/Divulgação.

Por isso, ao proibir a bandeira em seus circuitos, a Nascar se posiciona a favor de um presente que não mais permite no automobilismo (e em nenhum outro lugar) o uso de símbolos que possam fazer qualquer tipo de apologia ao racismo e à escravidão. O esporte a motor influencia milhares de espectadores ao redor do mundo e, mais do que entreter, ele pode e deve levar o público à reflexão sobre o contexto social em que está inserido. As manifestações da tradicional Nascar e da, até então, inerte Fórmula 1 mostram que os acontecimentos sociais que estamos testemunhando terão impacto no nosso cotidiano e que não só a COVID-19 será responsável pelo surgimento de um novo normal.

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