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Comer Rezando
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Desejos gastronômicos para 2024

Mais restaurantes fora do Plano Piloto e novas opções de culinária estão na lista de desejos para este ano que se inicia

Max Cajé

05/01/2024 8h43

A gente até tenta, mas é bem difícil ignorar aquela coceirinha chamada expectativa com a chegada de um novo ano. Comigo não foi diferente. Não chego ao ponto de criar metas, uma “to-do list” para dar check assim que o dia 01 de janeiro chega, mas não escapo de elaborar mentalmente o que me faria feliz se acaso eu esbarrasse ao longo dos próximos 12 meses em diferentes áreas, incluindo a gastronomia. Então aqui vai uma pequena lista de desejos gastronômicos para 2024.

Começando por um contexto macro, gostaria que finalmente vencêssemos a febre de “restaurantes italianos” que tomou conta da cidade nos últimos anos. Não quero, de forma alguma, que as operações em vigor fechem as portas ou que nunca mais abra uma nova casa dedicada à nonna. Mas seria interessante ver mais qualidade ao invés de quantidade. Atualmente, vários endereços com filé com risoto e duas massas no cardápio se autointitulam “italianos” sem genuinamente se dedicar às receitas mais criativas, bem executadas, ingredientes de qualidade e preocupação em fazer jus à identidade dessa cozinha tão rica, mas que quase sempre é explorada apenas na superfície por aqui.

Isso nos leva também a outro ponto: a variedade e proporção. Temos alguns ótimos representantes de culinárias estrangeiras, como o cubano Bodega de la Habana, na Vila Planalto, o Taypá, com cardápio fusion peruano, o Izakaya Sakeyo como bar japonês, mas perceba que, na maioria dos casos, há um ou no máximo dois representantes, enquanto temos quase um italiano por quadra no Plano Piloto.

Óbvio que isso está diretamente ligado ao paladar e à demanda do brasiliense, que pouco se arrisca e mal aventura fora das Asas Sul e Norte. E assim tenho mais um desejo: que os consumidores abram um pouco mais a mente na hora de sair para comer e deem oportunidade para empreendimentos que buscam autenticidade. Nem tudo vai ser 100% todas às vezes, mas isso já vale também para os conhecidos.

Outro calo que carregamos e sempre tenho a esperança de melhorar é o atendimento. Claro, há exceções, mas, em maior número, tenho sentido uma queda na qualidade da recepção por parte de equipes de salão com pouco ou nenhum conhecimento a respeito do cardápio e sem preparo para lidar com casa cheia. Como solucionar? Essa é a pergunta de 1 milhão de dólares. Já vi empresários custearem cursos para garçons que trocam de casa posteriormente por poucos reais a mais no salário, assim como profissionais esforçados que não têm apoio dos chefes para adquirir treinamento.

Já no âmbito pessoal, bem meu mesmo, anseio pela institucionalização do anti-couvert. Quero simplesmente ter a oportunidade de pagar para não ter um Villa Mix particular ao pé do ouvido enquanto como. Chega a ser insalubre a experiência de tentar estabelecer uma conversa descontraída em Happy Hour ou jantar com amigos enquanto as músicas mais altas do Cabaré do Gustavo Lima estão estourando pelo salão do restaurante no maior volume possível. Me sinto pessoalmente atacado ao ser impossibilitado de pôr em prática o ato de compartilhar a mesa. “Ah, mas é só escolher um lugar que não tenha música”. Sim, tentei esse desafio há duas semanas, num sábado à noite. Listei nada menos que seis opções de bares para ir com amiga pôr o papo em dia e TODOS tinham programação musical, sem contar os que já me cobravam o tal do couvert só para entrar no ambiente. Bacana. Pessoal da cultura vai me desculpando, mas com exceção à Casa Baco e Ticiana Werner, não encontrei ainda outro lugar onde os cantores entendam que estão em um restaurante e não no Nilson Nelson.

Para finalizar, quero bater mais pontos nas satélites para prestigiar as receitas que estão fazendo sucesso fora do circuito do Plano. Para minha lista particular, quero voltar ao Rebu, no centro de Taguatinga, à Confraria do Padim, na M Norte, quebrar o jejum do Acorde 27, em Sobradinho, e dar uma nova chance ao Alecrim, no Guará (em dia sem pagode dessa vez – e eu amo pagode -).

No fim, acabei fazendo uma lista de visitas, mas nunca prometi coerência, apenas honestidade nessa coluna. Pode entrar, 2024!

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