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Cinema com ela
Cinema com ela

Greta Gerwig é original ao criar comédia política em “Barbie” estrelado por Margot Robbie

Crítica sobre os papéis de gênero e crise existencial fazem parte do enredo de um dos filmes mais aguardados desta temporada

Tamires Rodrigues

20/07/2023 8h00

Margot Robbie vive a boneca mais famosa do mundo em “Barbie” (2023), dirigido por Greta Gerwig — Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

A boneca mais famosa do mundo, foi por décadas uma figura inatingível em vários aspectos, promovendo um padrão de beleza e ideais consumistas de feminilidade que dificilmente poderia chegar a qualquer mulher real. Seios volumosos, curvas impossíveis, pernas longas e sempre sendo retratada como uma jovem loira. Como ela poderia se tornar um ícone feminista? Depois de tantas críticas e uma baixa significativa nas vendas nos últimos anos, a empresa Mattel, detentora dos direitos da boneca, optou por diversificar a sua linha mais conhecida, para conseguir alcançar todos os públicos de forma mais justa.  

Sendo assim, essa é a dúvida central em “Barbie” de Greta Gerwig, vivida por Margot Robbie que protagoniza uma versão da boneca que tenta fugir desse estereótipo. Um dos longas mais esperados desta temporada, chega aos cinemas nesta quinta-feira (20), com muitos questionamentos, um grande fluxo de referências em tons mais cômicos sem esquecer dos dramas e questões políticas.

Barbieland – o mundo mágico das Barbies, onde todas as versões da boneca vivem em completa harmonia e suas únicas preocupações são encontrar as melhores roupas para passear com as amigas e curtir intermináveis festas. Porém, uma das versões da boneca (interpretada por Margot Robbie) começa a perceber que talvez sua vida não seja tão perfeita assim, questionando-se sobre o sentido de sua existência e alarmando suas companheiras. Logo, sua vida no mundo cor-de-rosa começa a mudar e, eventualmente, ela sai de Barbieland. Forçada a viver no mundo real, Barbie precisa lutar com as dificuldades de não ser mais apenas uma boneca – pelo menos ela está acompanhada de seu fiel e amado Ken (Ryan Gosling), que parece cada vez mais fascinado pela vida no novo mundo. Enquanto isso, Barbie tem dificuldades para se ajustar, e precisa enfrentar vários momentos nada coloridos até descobrir que a verdadeira beleza está no interior de cada um.

Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Convenhamos que não é uma tarefa fácil criar um filme relacionado com empresas reais, principalmente pelo fato da possibilidade de se tornar um grande marketing. Greta Gerwig conhecida pelo encantador “Lady Bird: A Hora de Voar” (2017) e “Adoráveis Mulheres” (2019), além de dirigir o longa também assina o roteiro ao lado do seu parceiro Noah Baumbach, a cineasta consegue se destacar, independente de questões corporativas ligadas a Mattel, que sim está presente no longa, porém em nenhum momento se sobrepõe.

Gerwig tem total controle de tela, ela dá o toque para o filme, com um roteiro certeiro com muitas reflexões, logo na cena de abertura, ela desenvolve com maestria como era a relação das meninas com as bonecas antes do surgimento da Barbie, eram bebês e essas meninas se enxergavam somente com mães não que isso seja algo ruim no filme, mas existem muitas outras possibilidades. Essa Barbieland apresentada mostra uma realidade onde as mulheres são as líderes, médica, presidente, ganhadora do Nobel, enfim e esse mundo fictício é completamente fora da normalidade. Assim que a Barbie vem para o mundo real, ela vê como é o machismo, assédio, tristeza e por aí vai. São dois tempos diferentes, antes da personagem central começar com sua crise existencial e depois entendendo que nada é perfeito e está tudo bem e o que se pode fazer para melhorar. Gerwig e Baumbach transitam com sabedoria para colocar toda a metalinguagem presente em “Barbie”.

Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

Margot Robbie além de viver a eterna boneca também encara a produção do filme, ela é logo apresentada como a “Barbie Estereotipada”, ou seja a primeira versão do brinquedo, antes de todos os questionamentos do público e está excepcional. Desde a apresentação da personagem até quando tudo cai por terra e ela começa a ver como na verdade não é um ícone feminista que ajudou as mulheres a se encontrarem e procurarem se qualificar em diferentes profissões, pelo contrario e vista sem nenhum conteúdo que só ajuda no consumismo e na dismorfia corporal.

Ryan Gosling vive Ken, ele só é o namorado da Barbie, não tem casa, carro, emprego, ele definitivamente é um apetrecho dela. O ator  está magnífico no personagem, com muitas piadas, solos musicais e encanta sem dúvida nenhuma. São muitas participações com vários atores, nem todos tem o tempo de tela esperado, porém são boas menções que claramente vão agradar o espectador.

Foto: Divulgação/Warner Bros. Pictures

O filme é um prato cheio de referências da história da boneca, desde roupas, a casa e é claro outros bonecos que pararam de serem fabricados como por exemplo a Midge (Emerald Fennell) – (Barbie gravida, que parou de ser vendida, por que era estranho ver uma versão da mesma nesta situação) ou o Alan interpretado pelo Michael Cera, o único amigo do Ken que também está ótimo no filme.

Destaque para a ambientação dos cenários que transmitiram basicamente tudo que se espera do universo da Barbie, se ela toma banho não tem água, não come, não toca no chão, não desce as escadas assim como a boneca é na realidade. Outro ponto fortíssimo é a trilha sonora embalada por grandes artistas como: Dua Lipa que tem uma pequena participação no longa, Billie Eilish, Lizzo entre outras. 

Conclusão

Greta Gerwig cria ao lado de Margot Robbie uma comédia necessária para Hollywood, com momentos certos de drama, questões sobre o empoderamento e a sororidade entre mulheres. “Barbie” vai muito além da história da boneca mais famosa do mundo, bate nos pontos mais falados dos últimos anos sobre como uma mulher é vista e como ela se vê.

Confira o trailer:

Ficha técnica:

Direção: Greta Gerwig;

Roteiro: Greta Gerwig e Noah Baubach;

Elenco: Margot Robbie, Ryan Gosling, Will Ferrell, Simu Liu, America Ferrera, Ariana Greenblatt, Ncuti Gatwa, Emma Mackey, Alexandra Shipp, Michael Cera, Issa Rae, Kingsley Ben-Adir, Rhea Perlman, Kate McKinnon; 

Gênero: Comédia;

Distribuição: Warner Bros. Pictures;

Duração: 100 minutos;

Classificação Indicativa: 12 anos;

Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço/Z

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