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Cinema com ela
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“Babilônia”, de Damien Chazelle, é provocativo e traz referências soltas sobre o cinema

Longa “Babilônia”, de Damien Chazelle, estreia nesta quinta (19) e retrata a transição do cinema mudo para produções sonoras

Tamires Rodrigues

19/01/2023 8h00

Foto: Paramount Pictures/Divulgação

De tempos em tempos são lançadas produções sobre a história do cinema, seja sobre um novo olhar, como em “Era uma Vez em… Hollywood” (2019), ou abordando a história, tal qual em “O Artista” (2011) e “Cantando na Chuva” (1952).

Agora é a vez de “Babilônia”, onde o diretor Damien Chazelle faz uma nova adaptação sobre a transição do cinema mudo para as produções sonoras. Chazelle se tornou mundialmente conhecido por  “Whiplash: Em Busca da Perfeição” (2014) e logo conseguiu o status de grande visionário, recebendo orçamentos gigantes para produzir longas como “La La Land: Cantando Estações” (2016) e “O Primeiro Homem” (2018). Seu mais novo filme, contudo, não entrega o que promete. As mais de três horas de duração traz referências vazias e não explora as histórias intrigantes dos personagens. 

No final da década de 1920, Hollywood passa por um período de grande mudança, com a transição do cinema mudo para os filmes falados. No meio desse caos está Nellie LeRoy (Margot Robbie), uma jovem irresponsável que sonha em se tornar uma grande estrela, e Manny (Diego Calva), imigrante mexicano que trabalha como faz-tudo para um produtor de cinema. Ele também deseja trabalhar na indústria cinematografica, mas, diferente de Nellie, Manny que ficar por trás das câmeras. Mas como nem tudo no mundo de Hollywood são flores, Jack Conrad (Brad Pitt), um dos maiores atores das produções mudas, começa uma crise existencial após o advento do som.

Margot Robbie como Nellie LeRoy em Babilônia. Foto: Paramount Pictures/Divulgação
Um roteiro que não consegue focar em nada

Mesmo que “Babilônia” tenha uma das fotografias mais bonitas desta temporada, com figurinos deslumbrantes e uma fotografia de arte que se empenha ao máximo para recriar os anos 1920, Damien Chazelle entrega um dos piores roteiros de 2022, com falhas óbvias que não concretizam nenhuma premissa básica. Os primeiros 20 minutos desta grande apresentação, que deveriam revelar como funcionava a indústria à época (com muitas festas regadas a drogas e bebidas), são substituídos por uma verdadeira orgia, deixando a cena muito bagunçada.

Outro grande erro de Chazelle são os personagens, que não têm suas histórias desenvolvidas. Por mais que não sejam enredos originais, poderiam, sim, se tornar mais interessantes. Vira e mexe, o trio de protagonistas vividos por Brad Pitt, Margot Robbie e Diego Calva se encontram e se perdem; são levados para a comédia e, ao mesmo tempo, para o drama. O foco principal dessa mudança da indústria seria, por si só, algo grande a ser explorado, pois muitos atores não conseguiram acompanhar essa mudança do cinema muda para o falado. Isso até é representado pelo personagem de Pitt, mas acaba sendo esquecido no meio de tantas referências. 

O filme é uma crítica à indústria?
Brad Pitt é Jack Conrad e Diego Calva é Manny. Foto: Paramount Pictures/Divulgação

Ao que parece, Damien Chazelle quis criar uma espécie de crítica sobre como a indústria cinematográfica era antigamente, abordando o uso excessivo de álcool e drogas, (talvez por isso a escolha da gravação em sequência no começo do longa). Ou talvez o diretor tenha tentado mostrar que uma única atriz seria a protagonista de todos os filmes — em ‘Babilônia’, o exemplo fica com a personagem de Margot Robbie, que depois de descoberta se torna uma it girl da época (ironicamente também na vida real). Ou ainda o objetivo tenha sido falar como os diretores homens conseguiram por décadas orçamentos grandiosos para fazerem filmes sem criar algo que realmente seja significativo para assistir. Será mesmo que a indústria mudou? 

Conclusão

“Babilônia” tem ótimas atuações, com todas as menções para Margot Robbie, que está fascinante em cena, com aspectos técnicos invejáveis. Mas os elogios param por aí. O longa tem um roteiro bagunçado, com referências soltas e cenas que poderiam facilmente ser descartadas. Um dos maiores fracassos da temporada.

Confira o trailer: 

Ficha técnica:

Direção: Damien Chazelle;

Roteiro: Damien Chazelle;

??Elenco: Brad Pitt, Margot Robbie, Diego Calva, Jean Smart, Jovan Adepo e Li Jun Li;

Gênero: Comédia dramática;

Distribuição: Paramount Pictures; 

Duração: 189 minutos;

 Classificação Indicativa: 18 anos;

Assistiu à pré-estreia a convite da Espaço/Z

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