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Cinema com ela
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‘Armageddon Time’ explora as memórias do diretor James Gray

Longa que estreia nesta quinta-feira (10) aborda temas como racismo e desigualdades sociais nos anos 1980

Tamires Rodrigues

10/11/2022 5h00

Atualizada 09/11/2022 16h54

Foto: Divulgação/Universal Pictures

Filmes sobre o passado de diretores e roteiristas estão em alta. Temos como exmplo o aclamado “Belfast” (2021), inspirado na vida do cineasta Kenneth Branagh, e o aguardado “The Fabelmans” (2022), que traz a infância do premiado diretor Steven Spielberg. “Armageddon Time”, que estreia nas telonas nesta quinta-feira (10), segue a mesma linha, explorando os primeiros anos de vida do diretor James Gray.

Na Nova York dos anos 1980, durante as eleições que levaram Ronald Reagan à presidência dos Estados Unidos, a família Graff vive no Queens e precisa lidar com muitos processos pessoais. Paul (Michael Banks Repeta), um autorretrato do diretor James Gray, sua mãe Esther (Anne Hathaway), seu pai Irving (Jeremy Strong), seu irmão mais velho Ted (Ryan Sell) e seu avô Aaron (Anthony Hopkins) lidam com diferentes traços de amadurecimento, em um período onde o racismo e a desigualdade social estavam extremamente presentes. Paul, um jovem criativo, arrogante e sonhador, vê em seu avô uma figura com quem sempre pode contar. O garoto precisa ainda lidar com a sua moral e covardia, principalmente por conta do seu amigo Johnny (Jaylin Webb), um garoto negro sem perspectiva de um futuro.

Roteiro e direção
Foto: Divulgação/Universal Pictures

O longa traz relações familiares de uma forma muito subjetiva, as atitudes tomadas pelos personagens podem ser compreendidas ao decorrer do filme, mesmo que possam gerar certo incômodo. “Armageddon Time” fala sobre como a inocência de uma criança é perdida. Fica claro que Gray quis mostrar como a vida passa e você precisa lidar com as dificuldades. Os dois pontos do filme são sobre esse o personagem central Paul, uma criança que está se descobrindo, fazendo novas amizades e tendo de planejar o futuro rodeado por uma sociedade racista que dita como uma família tradicional deve viver sem pensar nas minorias.  

O filme ainda aborda o processo de adaptação dos imigrantes judeus nos Estados Unidos. Talvez um grande problema seja justamente colocar o personagem do Paul como centro de todos esses questionamentos e deixar de lado Johnny, que é representado por essas indagações mesmo quando está fora de cena.

Atuações

Mesmo com o drama racial sendo palco central para o desenvolvimento do longa, existe uma linda relação entre o protagonista e seu avô, vivido por Anthony Hopkins, que atua muito bem, mas está visivelmente debilitado pela idade. O personagem de Hopkins é uma fuga para Paul, que também o ajuda em questões sobre como se tornar uma boa pessoa. Sendo o único personagem que mostra incômodo sobre como a sociedade, o avô vê esse problemas e não faz nada.

Já Paul, interpretado pelo Michael Banks Repeta, cativa desde o primeiro momento: um menino rebelde e arrogante, que respeita somente o avô e destrata os pais. Paul faz ótimos questionamentos sobre o certo e errado e brilha de forma grandiosa, mesmo quando está em cena com o restante do elenco. Suas cenas com Hopkins renderam uma química sem igual que vai fazer o público refletir em muitos momentos.

O longa ainda conta com Anne Hathaway e Jeremy Strong, que se destacam enquanto bons pais que querem o melhor para os seus filhos, mesmo se contradizendo para alcançar esse objetivo.

Foto: Divulgação/Universal Pictures
Fotografia

Já que a história se passa durante os anos 1980, o longa parece ter saído de um álbum de fotos antigas, quase que em um tom de sépia, trazendo essa nostalgia de filmes antigos. Isso é um ponto alto, com certeza.

Conclusão

“Armageddon Time” tem alguns problemas, como por exemplo a questão de lugar de fala. Um diretor branco e judeu que cresceu dispondo de recursos financeiros não seria a melhor pessoa para falar sobre o racismo estrutural. Outro ponto é o elenco: os atores escolhidos não têm origem judaica, algo que foi questionado durante a produção. É um filme bonito, com ótimas atuações, que faz questionamentos importantes e traz essa visão da criança, mas que pode gerar algumas controvérsias.

Confira o trailer: 

Ficha técnica:

Direção: James Gray;

Roteiro: James Gray;

??Elenco: Banks Repeta, Anne Hathaway, Jeremy Strong, Anthony Hopkins, Jaylin Webb, Andrew Polk, Tovah Feldshuh, Ryan Sell, Marcia Haufrecht, Teddy Coluca, Jessica Chastain;

Gênero: Drama;

Distribuição: Universal Pictures;

Duração: 115 minutos;

 Classificação Indicativa: 16 anos;

Assistiu à pré-estreia a convite da Espaço/Z

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