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Além do Quadradinho
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Flavio Delli lança “Mandarim”, faixa de seu álbum solo

A recém lançada “Mandarim”, com autoria do compositor e músico, “surgiu de forma bem humorada sobre a desilusão amorosa” e ganhou clipe, que será lançado nesta quarta (28)

Thaty Nardelli

26/06/2023 15h02

Foto: Divulgação

Músico e produtor cultural, Flavio Delli (@flaviodelli), ex-integrante da banda Apráticos, segue carreira solo. Este ano, lança o álbum “O Amor é um Pequeno Intervalo Entre Duas Saudades”, com oito faixas autorais. A recém lançada Mandarim, “surgiu de forma bem humorada sobre a desilusão amorosa” e ganhou clipe.

Conheça mais sobre o artista na Além do Quadradinho desta segunda-feira (26). 

Pode ser impressão, mas me parece que desde criança você teve essa veia artística?

Nasci em Brasília e tive uma infância típica de uma brasiliense dos anos 90: 90% vivida embaixo do bloco. Com cinco anos, meu avô lia um livro de artes visuais pra mim e comentava com a família que eu conversava melhor sobre arte do que muito adulto (risos). Acho que aquilo me plantou uma semente de que eu tinha alguma sensibilidade diferente para a arte. Mas o que me pegou pra ser artista foi quando aos 15 anos peguei por acaso na biblioteca da escola o livro “Só as mães são felizes”, que a mãe do Cazuza escreveu sobre ele. Aquele livro virou minha cabeça, principalmente pela possibilidade que o Cazuza pregava muito de que era possível viver uma vida diferente do que a que era imposta. Passei a gostar de poesia ali…

Depois de uma longa trajetória no teatro e com a banda Apráticos, você lança este  lança “O Amor é um Pequeno Intervalo Entre Duas Saudades”, com todas as faixas de sua autoria. Como foi o processo de construção do álbum?

A minha ex-banda Apráticos acabou no fim de 2021, naquelas mudanças de ciclo que chegaram pra muita gente pós-pandemia. O que foi um baque no início, mas me tirou da zona de conforto e passei a estudar violão e compor muito — na banda eu compunha mais as letras e agora passei a criar também as melodias e harmonias. 

Surgiu uma música bem humorada sobre a desilusão amorosa, Mandarim, que acabei de lançar. Depois uma música sobre um relacionamento que havia acabado há anos e o quão estranha era aquela distância toda, a Pedacinho. Depois, uma outra sobre a distância marcante daquele início de paixão do tempo entre sair da casa da pessoa de manhã e voltar para casa dela à noite. Fui percebendo que as composições estavam tratando do mesmo tema: o amor não é pleno e às vezes existe, ganha significado e se faz presente mais na ausência do que na presença. Então, compus o poema e a música instrumental que dá nome ao disco, e vi que eu tinha um fio pra compor um álbum completo sobre o tema da saudade. 

Porque lançar  “O Amor é um Pequeno Intervalo Entre Duas Saudades” aos poucos, com intervalos entre uma faixa e outra?

Quando lancei meu primeiro EP, a gente fez um esforço grande para produzir o disco e pouco esforço para divulgá-lo. Isso porque, nosso combustível (dinheiro) tinha acabado todo na produção. O resultado foi que muita gente ouviu a primeira música do disco e pouca gente ouviu as outras. Dessa vez, vou lançar faixa a faixa pra dar uma atenção especial a cada uma delas, um clipe pra cada uma das cinco primeiras e uma divulgação focada. É a lógica das redes sociais, as pessoas não param pra ouvir um álbum inteiro, você tem que estar sempre chamando a atenção. 

Na faixa Mandarim, você mostra a saga de personagem da canção: “ateu, indo de religião em religião, de mandinga em mandinga, dando uma última chance pro amor”. O amor, inclusive, está forte neste álbum. De onde partiram suas inspirações?

Eu sempre me senti muito refém das minhas próprias vivências para escrever. Eu achava isso uma limitação, porque eu não tenho tantas vivências assim a ponto de saciar minha criatividade (risos). Olhava para o Chico Buarque, por exemplo, que se multiplica em mil pra escrever sobre tudo, e almejava isso. Nesse disco consegui desenvolver esse processo criativo mais autônomo.

Mandarim  partiu da inspiração de um amigo ateu não praticante. Contrariado, é uma música sobre algo que não estou vivendo, uma paixão naquele fogo inicial, e mesmo assim canalizei aquela situação que todo mundo já passou. Eu acabei de pensar em uma teoria para ter superado essa limitação: como comecei a escrever melodias com mais frequência, muitas vezes a melodia sugere o tema da canção, vai me dando as palavras que mais combinam, o que deixa o processo menos racional e por isso com mais capacidade de canalizar outras vivências.



O videoclipe será lançado nesta quarta-feira (28). Veja um teaser do que vem por aí: 

Uma coisa que surpreende também, são as ilustrações do Gabriel Strauss. O que faz a gente observar e sentir, não apenas na letra, mas o registro do momento… 

Eu sou fã demais do Gabriel Strauss. Acho ele genial. Ele desenha personagens que parecem que existem e são complexos. Tudo isso em um quadro. A gente fez uma parceria e ele me presenteou com um desenho pra cada música. Ficou tão bonito que virou o encarte do disco e a capa de Mandarim, por exemplo. 

E como foi a gravação do clipe? 

Eu sou formado em cinema, então essa parte do audiovisual para a música é muito importante para mim. Também adoro misturar as artes, por ter transitado por algumas delas. Então na gravação trabalhei com um diretor que admiro, Kleber Macedo, e algumas coisas que quis deixar no ar com o clipe. Como o que a gente tem que procurar nas religiões, independentemente delas, é o amor. Que esse é o ponto em comum que une as crenças religiosas (o que traz uma mensagem de união e não de rivalidade).  Mas a brincadeira mais legal é que o personagem principal acha o amor não nas religiões, mas no Carnaval, que é a festa mais pagã de todas (risos). É justamente quando a música vira de um sambinha mais melancólico para um axé moderno.  

Por fim, deixe um recado para os leitores, tanto com incentivo a quem está começando, como é para você, que movimenta a cena cultural do DF…

Leiam o livro “Só as Mães São felizes”.  A vida na cultura é árdua, mas a vida fazendo o que não gosta é muito mais. Então, meu recado é: existem caminhos pra você viver da sua arte, leis, incentivos, cursos voltados para produção. Acho essa parte hoje importante para qualquer artista. Às vezes, as coisas demoram um pouco pra acontecer, mas se você quer ser artista, não desista, não se distraia e se divirta durante o caminho.

Siga Flávio Delli nas redes sociais e conheça mais sobre o trabalho do artista:

Instagram: instagram.com/flaviodelli
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