Manuela Rolim
A combinação entre fortes chuvas e árvores antigas causa prejuízos. Nos últimos dias, vários troncos caíram sobre carros e casas, além de bloquearem vias. Por sorte, até agora, ninguém ficou ferido, mas o perigo continua. Isso porque, segundo a Novacap, há 700 árvores com risco de quedas.
Ainda que o Guará tenha sido uma das regiões mais castigadas no último temporal, no início da semana, o foco da companhia é no Plano Piloto, ressalta o chefe do Departamento de Parques e Jardins, Rômulo Ervilha. “A maior preocupação são as quadras das asas Sul e Norte, assim como os eixos, pois concentram grande quantidade de vegetação antiga”, alerta.
De acordo com Rômulo, por ano, a Novacap recebe, em média, dez mil solicitações apenas para cortes, o que resulta em torno de 200 mil árvores a menos nas ruas. “Às vezes, em uma única solicitação, cortamos árvores de uma quadra inteira”, explica, destacando que, desde o início do ano, houve 62 mil intervenções, entre cortes e podas.
Atenção aos sintomas
Dentre as espécies que merecem maior atenção, destacam-se as paineiras e as mongubas. “Elas são atacadas por larvas que se alimentam da madeira, deixando o tronco fraco. Nos últimos quatro anos, retiramos cinco mil mongubas”, explica.
Além disso, árvores como a angico, cambuí e guapuruvu oferecem risco. Segundo Rômulo, elas foram plantadas na capital há muitos anos, além de serem altas. “O ideal é que a população fique de olho nos sintomas. Quando ela começa a inclinar, levantar a raiz ou apresentar cogumelos e rachaduras, é hora de ligar para a Novacap”, completa.
Prejuízo para os moradores
Os prejuízos materiais só aumentam. Na madrugada de ontem, por volta das 4h30, o Corpo de Bombeiros retirou uma árvore que caiu sobre três carros. O incidente ocorreu na 405 Norte. Segundo a corporação, os veículos estavam vazios no momento. Um deles ficou com o teto todo amassado.
A técnica de enfermagem Vilma Guedes, 52 anos, que mora na QE 19 do Guará II, também teve prejuízo depois que um tronco caiu em sua casa na terça-feira. Segundo ela, a cerca elétrica e o muro precisarão ser substituídos. Vilma tinha informado a administração sobre o risco, mas não teve resposta. Agora, ela está preocupada com outra árvore.
“Se na próxima chuva ela cair, o estrago será maior, pois vai acabar com os carros”, diz, ressaltando que é apaixonada por plantas. “Não queria que essas árvores fossem cortadas, apenas podadas. A administração informou que o jamelão não corre risco de cair, mas eu não quero pagar para ver”, completa.
Na 706 Sul, o atleta e instrutor de futevôlei Paulo Marcelo Gigli, 54 anos, admite que a preocupação é comum: “A área verde é muito grande. Nunca caiu árvore na minha casa, mas a minha vizinha já passou por isso. O pior é que quem arca com o prejuízo é o morador”.
Saiba mais
Rômulo Ervilha, da Novacap, lamenta o fato de haver um número de funcionários aquém da demanda e, com a greve, o cenário é ainda pior. Atualmente, a companhia opera com oito equipes terceirizadas. As outras seis do órgão estão paralisadas. Ele diz serem necessárias, no mínimo, 50 equipes.