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Justiça tira guarda de criança após supostos maus-tratos da mãe no candomblé

Cirurgiã dentista negou as acusações feitas pelo pai da criança

Redação Jornal de Brasília

22/10/2020 9h18

Uma pedagoga, de 32 anos, perdeu a guarda da filha, de 9 anos, após o pai da menina denunciar um suposto crime de maus-tratos no Conselho Tutelar. No processo, o pai alega que a menina estava com os dentes infestados de larvas por beber sangue de animais durante as cerimônias da religião de matriz africana. O Portal Universa apurou o caso.

Após a denúncia, a criança passou a morar com o pai. A mãe afirma que a menina está sofrendo com a situação, por nunca ter ficado muito tempo longe dela.

“Ela nunca ficou longe de mim por mais de três dias. Eu tento me controlar, fico buscando forças. Tenho que buscar forças do além para me manter firme e tentar reverter isso de alguma forma na Justiça”, diz a mãe.

Ela afirma ainda que a denúncia foi motivada por intolerância religiosa.

“Eu estive com a minha filha e ela chorou a tarde todinha pedindo para eu não levar ela de volta [para o pai]. Ela está sofrendo psicologicamente, disse que a madrasta fica esculachando e falando coisa feia. Fala coisa feia dos orixás, chamou Oxalá de ‘porra’. Isso é um crime notório de intolerância religiosa”, relatou ao Portal Universa.

Há quatro anos, a pedagoga e a filha começaram a frequentar um terreiro de candomblé. Ela informou que o pai da criança e a família dele nunca aceitaram a prática religiosa. Além disso, o casal, separado há oito anos, tem uma relação conturbada.

No final de agosto, quando a mãe foi buscar a filha na casa do pai, ele afirmou que devolveria a criança apenas sob ordem judicial. Em seguida, a mãe tentou fazer um boletim de ocorrência, mas foi impedida.

“Onde eu chegava, escutava a mesma coisa: ‘Ele é o pai e tem direito'”, afirmou a pedagoga. Além disso, por nunca ter oficializado os termos da guarda oficialmente, os policiais interpretaram que ambos tinham o direito de ficar com a criança.

Por fim, ela foi até o Conselho Tutelar, onde teve conhecimento sobre o processo que corria contra ela. No órgão, o pai da menina havia feito duas denúncias de maus tratos, por telefone e presencialmente.

Uma audiência estava marcada para ocorrer em quatro dias, onde seria requisitada a presença da mãe. Como a pedagoga já estava no local, a audiência foi antecipada.

Após a reunião, a pedagoga foi orientada a aguardar em casa a decisão do conselho, que visitaria a casa do pai para averiguar o estado da criança. Três dias depois, as conselheiras do caso informaram que a criança estava muito bem e que o pai já detinha a guarda unilateral provisória da criança.

No processo, o pai anexou a avaliação de uma cirurgiã dentista, para afirmar que a mãe negligenciava a criança, fazendo-a beber sangue de animais nas cerimônias religiosas. Além disso, ele enfatiza o aparecimento de larvas na boca da criança e denunciou que a menina teria perdido um dente permanente.

Após conseguir acessar o documento, a mãe pediu para que a dentista consultada pelo homem se manifestasse. Em seguida, a profissional negou todas as acusações e informou que os procedimentos odontológicos realizados na menina não tinham nada de incomum. Além disso, o dente extraído pela dentista era de leite.

O Ministério Público afirma que o caso está sendo acompanhado pela 1º Promotoria de Justiça de Defesa da Cidadania de Olinda. A titular do caso está de férias, e promotora substituta não se pronunciou. O pai da menina e sua irmã, que atua como advogada dele no caso, optaram por não se pronunciarem.

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