Camilla Sanches
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O patrono do teatro brasileiro, Paulo Autran, é o homenageado nesta quarta-feira (21), na segunda edição do projeto Mitos do Teatro Brasileiro. Amanhã a noite, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) recebe os atores J. Abreu e Silvana de Faveri para reverenciar o artista. Em maio do ano passado, na primeira edição, projeto prestou homenagem à grande dama do tablado nacional, Dulcina de Moraes.
“Paulo Autran é considerado um dos maiores mitos do nosso teatro. Estudou advocacia, chegou a trabalhar como advogado e foi, inclusive, bem-sucedido no início da carreira. Mas tinha muita vontade de ser artista”, comenta o ator J. Abreu, um dos idealizadores do evento. Esta paixão pelas artes levou Autran a abandonar o Direito e a seguir a carreira cênica, com genialidade e maestria, diga-se de passagem.
Parte de todo este talento poderá ser observado e posto à prova logo mais à noite, quando os atores encenarem no palco do CCBB cenas inéditas, escritas e dirigidas pelo jornalista e dramaturgo Sérgio Maggio. Segundo Abreu, o ator dividia a sua trajetória em três fases: o início, em que pegava qualquer papel; a segunda, quando fazia reverências aos grandes textos; e a terceira e última, época em que passou a compreender o teatro como uma função social. “Ele entendia que a plateia tinha de sair do espetáculo e refletir sobre o tema tratado na peça”, observa ele. Foi neste momento que, para o autor, diretor, ator e dramaturgo o teatro passou a ser visto como um movimento político.
Outros convidados
Além de Abreu e Silvana, participam do Mitos do Teatro Brasileiro a ex-mulher do protagonista da vez e, também, atriz Karin Rodrigues e o ator Elias Andreato. Os dois entram em cena numa parte em que a vida ao lado do “senhor dos palcos” é relatada por estes, que estiveram a seu lado em muitos momentos. A primeira, enquanto casada e, ainda, em cena nos espetáculos Pato com Laranja e Vestir o Pai, ambos de Paulo Autran. Já Andreato foi o responsável por dirigi-lo em Visitando Sr. Green, que celebrou os 50 anos de carreira dele, em 2000. “A vida dele é uma aula de teatro”, diz J. Abreu.
Num formato de teatro-documentário, no qual se constrói ao vivo a biografia cênica do homenageado, a partir da junção de esquetes, depoimentos e vídeos, o projeto tem como objetivo manter viva a memória da cultura brasileira. Também serão homenageadas no palco do CCBB as atrizes Tônia Carreiro e Bibi Ferreira, contemporâneas de Autran. A Tônia participaria deste encontro, mas, em virtude da saúde debilitada, não pode aceitar o convite.
Mitos do Teatro Brasileiro – Paulo Autran – Amanhã (21), às 20h, no Centro Cultural Banco do Brasil (Setor de Clubes Sul, trecho 2, ao lado da Ponte JK). Entrada franca Classificação indicativa livre.