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Torcida

Torcedores do Operário-MT protestam contra contratação do goleiro Bruno

O ato ocorreu na entrada do Estádio Municipal Dito Souza,na região metropolitana de Cuiabá, antes e durante a realização do jogo do Operário contra o Poconé

Redação Jornal de Brasília

22/01/2020 8h52

Bruno Fernandes, 32, is presented as the new BOA Esporte goalkeeper in a press conference at the club’s headquarters in the city of Varginha, Minas Gerais, southeast Brazil on March 14, 2017. Boa Esporte signed Fernandez, a former goalkeeper of Atletico MG and Flamengo, who was in prison since 2010, accused of involvement in the murder of his girlfriend Eliza Samudio and sentenced in 2013 to 22 years. He was released from prison last month after an appeal to the Supreme Court. / AFP PHOTO / CRISTIANE MATTOS

Mulheres e homens realizaram na noite desta terça-feira manifestação contra a possível contratação do ex-goleiro Bruno Fernandes, de 35 anos, pelo Operário-MT, confirmada na última segunda. Bruno foi condenado na Justiça mineira a mais de 20 anos pelo sequestro, assassinato e ocultação de cadáver da ex-namorada e modelo Eliza Samúdio.

O ato ocorreu na entrada do Estádio Municipal Dito Souza, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, antes e durante a realização do jogo do Operário contra o Poconé no Campeonato Mato-Grossense de 2020. Ao som de tambores e com cartazes, os manifestantes gritavam “quem contrata um feminicida apoia o feminicídio”. Enquanto isso, um carro de som dava suporte para os manifestantes e circulava lentamente ao redor do estádio.

A procuradora do Estado e presidente do Conselho Estadual da Mulher, Glaucia Amaral, disse que o ato não era contra a ressocialização de Bruno, mas “contra o retorno dele à condição de ídolo”. Segundo Glaucia, as manifestações contra a contratação do goleiro não acabam com o ato em frente do estádio em Várzea Grande. “Faremos outras intervenções”, antecipou. O conselho pediu reunião com os dirigentes do clube, mas ainda não obteve resposta.

Já o vice-presidente da torcida organizada da Força Jovem do Operário, Lonerado Castro, afirmou que não iriam se manifestar sobre a contratação de Bruno, mas “apoiar o time, independentemente de quem vista a camisa do clube”. Segundo ele, a “história do clube é linda e não será prejudicada pois o Operário é maior que o jogador”.

Campanha nas redes sociais contra a contratação de Bruno já começou a apresentar seus primeiros efeitos com patrocinadores do Campeonato Mato-Grossense. Dois deles, a cooperativa de crédito Sicredi e a Eletromóveis Martinello, desautorizaram o uso de suas marcas nos uniforme do clube.

A Sicredi, apesar de informar em nota que não comenta as contratações de jogadores feitas pelos clubes, justificou que a “exposição da marca nas camisetas do clube Operário não ocorre em função da nossa estratégia de marca”.

Também em nota, a Martinello esclareceu que não é seu papel ou direito intervir nas decisões administrativas das equipes participantes do campeonato, mas que não permitirá, “ainda que por força de medidas judiciais, que a equipe operário Futebol Clube seja vinculada à nossa empresa utilizando uniformes que contenham a nossa marca ou que conceda entrevistas em frente ao painel com a nossa marca, enquanto mantiver a decisão de integrar ao seu quadro o ex-atleta em questão”.

O Conselho Estadual dos Direitos da Mulher de Mato Grosso repudiou, em nota, a contratação do goleiro. Segundo o comunicado, “trata-se de alguém que demonstrou profundo ódio e total desrespeito às mulheres ao tratar dessa forma cruel e bárbara aquela que seria a mãe do seu filho”.

O Núcleo Feminino da Força Jovem Operário também se manifestou. Em nota, disse que “aceitar a contratação dele de forma tranquila é naturalizar e ser conivente com as opressões que lutamos. No Brasil, uma mulher é morta a cada duas horas vítima de violência”.

Estadão Conteúdo

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