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Renato Gaúcho, de aposta de risco a técnico histórico no Grêmio

Renato Portaluppi tem seu nome cravado na memória dos tricolores gaúchos como o herói da conquista do Mundial de 1983 e agora como técnico

Redação Jornal de Brasília

08/03/2021 5h50

Seria uma aposta de risco por três meses. Se transformou em parceria de sucesso, vitoriosa e a mais longeva da atualidade na elite do futebol brasileiro. Desesperado para salvar um fim da temporada de 2016 que caminhava para ser trágico, o Grêmio resolveu investir em algo que já havia dado certo outras duas vezes: fechar com Renato Gaúcho para tentar vaga na Libertadores. O então técnico, em interminável período sabático, resolveu abandonar a vida de mais de dois anos de desempregado e o futvôlei nas praias cariocas para se tornar um dos nomes mais vencedores à beira do campo no clube gaúcho.

Uma passagem foi boa, duas melhor ainda, a terceira, então… Renato Portaluppi tem seu nome cravado na memória dos tricolores gaúchos como o herói da conquista do Mundial de 1983. Foi dele os gols no 2 a 1 sobre o alemão Hamburgo. Não precisava fazer nada mais pelo clube, que jamais seria esquecido.

Porém, o polêmico e irreverente jogador e treinador, dono de frases de efeito e que costuma não queimar a língua, jamais foi de fugir de desafios. E, se tem o nome do Grêmio envolvido, lá está ele pronto para atender.

Foi assim em 2010 quando assumiu o clube pela primeira vez. Seu feito? Vaga na Libertadores. No retorno em 2013 o roteiro era semelhante. O que conseguiu? Vaga na Libertadores. Se era “especialista” em levar o Tricolor dos Pampas à tão cobiçada competição Sul-Americana, por que não salvá-lo no Brasileirão de 2016?

O time de Roger Machado vinha de seis derrotas seguidas e queda na tabela do Brasileirão. No 8° lugar, flertava com o vexame. Com eleição pela frente, o acordo seria de 90 dias e o famoso “vai lá e resolve”. Conseguiu fechar a competição em 9°. Ou seja, piorou. Fracasso? Pelo contrário, Renato levou o desacreditado time à conquista da Copa do Brasil. Carimbou vaga na Libertadores da melhor forma possível: com seu primeiro título no clube como técnico.

Romildo Bolzan Júnior, o presidente da “aposta” em Renato, foi reeleito e, ainda no discurso da comemoração pela vitória nas urnas, fez seu primeiro e mais certeiro investimento. Quem será o técnico para 2017? “Será o Renato. Temos uma comissão técnica permanente e o Renato é o líder disso tudo. Nenhum treinador viria para ficar só três meses e o Renato veio. Renato é o nosso treinador para 2017, sem dúvida nenhuma. Temos um trabalho que o Roger deixou, e o Renato melhorou o time. Vamos seguir com este trabalho de longo prazo.”

Tiro certeiro. O campeão da competição Sul-Americana como jogador teria a chance de repetir a dose na direção do Grêmio. E o fez com maestria na final diante do argentino Lanús. Com Luan, hoje encostado no Corinthians, sendo o “rei” da campanha, o Grêmio ergueu o tricampeonato da Libertadores e somaria ao menos uma conquista sob o comando de um de seus grandes treinadores da história, ao lado de Valdir Espinosa e Vanderlei, também campeões da América, nos últimos anos.

O Grêmio de Renato Gaúcho é tricampeão estadual gaúcho (2018, 2019 e 2020) e ainda deu a volta olímpica na Recopa Sul-Americana em 2018 e na Recopa Gaúcha em 2019. Apesar das conquistas, o treinador é sempre cobrado para findar o jejum de títulos no Brasileirão, que dura desde 1995, competição que todo ano “deixa de lado” para se dedicar à Libertadores ou Copa do Brasil, por exemplo. Será que em 2021 o treinador dará uma atenção a mais no Nacional para melhorar o vitorioso e recordista currículo? Ganhar um Nacional está em suas ambições.

De certo é que Renato pode ficar eternizado com muitas marcas no Sul. Há pouco mais de três meses, o menino de Guaporé se tornou o treinador com mais número de jogos à frente do Grêmio. Superou Oswaldo Rolla, o Foguinho, ao alcançar a marca de 384 partidas. O recordista anterior tinha dirigido os gaúchos em 383 partidas em seis passagens.

Provocar rivais, colocar seu time como o melhor, não importa a situação, e apostar em falas controversas e frases de efeito marcam o dia a dia do treinador ao longo desses quase cinco anos de clube. Sobre a equipe tirar o pé após abrir vantagem, mandou um “culpa do nana, neném”. Garantiu que era “mais fácil o mar secar” que o Grêmio ser rebaixado no Gaúcho.

Quando seu time atacou muito e fez poucos gols, apelou ao ” tem dia que é noite”. Já chamou o operador do VAR de “Stevie Wonder”, acusando-o de ter deficiência visual a exemplo do cantor. Já chamou rivais de “cavalos paraguaios”, prometeu e cumpriu “decolar” no último Brasileirão, chegando entre os melhores, mas já usou sua artilharia pesada contra o setor defensivo ao baixar o nível para “até mulher grávida faz gol no Grêmio.”

O que o faz ser querido no grupo, contudo, é esse estilo de dificilmente rebaixar sua equipe. Ela pode estar mal ou em desvantagem em pontos corridos ou mata-mata e ele sempre exaltará os comandados como responsáveis pelo “melhor futebol do Brasil”. Exagera por vezes, mas cativa e tem seus elencos na mão. E com conquistas de títulos todo ano, não tem nem como ser contestado.

Estadão Conteúdo

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