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Paulo Wanderley rebate críticas e diz ter falhado em comunicar realizações no COB

Favorito no pleito, o dirigente de 70 anos diz, em entrevista ao Estadão, que sua gestão foi marcada pela excelência e valoriza os resultados esportivos obtidos pelo Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019

Redação Jornal de Brasília

06/10/2020 18h54

(Tomaz Silva/Agência Brasil)

Em busca da reeleição no Comitê Olímpico do Brasil (COB), Paulo Wanderley Teixeira rebate as críticas feitas pelos rivais e diz que sua maior falha na atual gestão foi na comunicação do que realizou na entidade desde que assumiu a presidência, em 2017, após a renúncia e prisão de Carlos Arthur Nuzman.

Favorito no pleito, o dirigente de 70 anos diz, em entrevista ao Estadão, que sua gestão foi marcada pela excelência e valoriza os resultados esportivos obtidos pelo Brasil nos Jogos Pan-Americanos de Lima, em 2019. Ao mesmo tempo, cita as dificuldades enfrentadas ao assumir a presidência, devido às denúncias envolvendo seu antecessor.

A eleição do COB está marcada para a manhã desta quarta-feira, no Rio de Janeiro. O dirigente, com longa passagem pela presidência da Confederação Brasileira de Judô, enfrentará Rafael Westrupp, presidente da Confederação Brasileira de Tênis (CBT), e Hélio Meirelles Cardoso, presidente da Confederação Brasileira de Pentatlo Moderno.

Confira abaixo os principais trechos da entrevista:

O senhor é considerado favorito à reeleição. Como avalia suas chances no pleito marcado para quarta?

Vivemos um momento de plena democracia do Comitê Olímpico do Brasil e ele é fruto das mudanças drásticas que implementei logo nos primeiros dias da minha gestão, em 2017. Foi a reforma estatutária que propiciou essa diversidade de candidatos e de propostas para o COB. A mesma reforma que ampliou de um para 12 os atletas com direito a voto na Assembleia e, com maturidade e independência, ajudarão a decidir os rumos do COB nessas eleições. Em resumo, foi a reforma estatutária que fiz em 2017 que tirou as amarras que travavam a democracia do Movimento Olímpico Brasileiro. Nesse sentido, as últimas semanas têm sido de muitas entrevistas, debates e reuniões. Sou candidato à eleição ao lado de Marco La Porta para avançarmos e aprimorarmos o trabalho que foi feito até aqui.

Qual é a sua principal plataforma de campanha?

Buscamos o crescimento sustentável de cada uma das 35 Confederações Olímpicas e melhores condições de desempenho para os atletas que sonham com a vitória diariamente. Um dos destaques do nosso plano de gestão é o Programa Mulher no Esporte Olímpico, uma área dedicada a gerir projetos ligados ao desenvolvimento de iniciativas inclusivas de mulheres no esporte, uma continuação de nosso trabalho de igualdade de gêneros, que foi premiado pelo COI. Falamos também de Transparência, Austeridade e Meritocracia. Trazemos agora mais dois pilares para a gestão: Competência e Excelência. O objetivo é ampliar os mecanismos de Governança, Transparência e Conformidade e ajustar o tão bem-sucedido programa Gestão, Ética e Transparência – o GET – para que possamos ter uma gestão genuinamente esportiva. As confederações, que já fazem parte do dia a dia do COB, estarão cada vez mais envolvidas com processos que lhes dizem respeito. Teremos uma Central de Serviços Compartilhados às Confederações e rediscutiremos os critérios e políticas de distribuição da Lei das Loterias. Também daremos ainda mais apoio à Comissão de Atletas do COB, que contará com ainda mais apoio jurídico, financeiro e de comunicação, bem como orçamento próprio.

Como avalia sua gestão no COB?

Foi um momento intenso, em que foi preciso “trocar a roda com o carro andando”, como se diz popularmente. Enfrentamos muitos desafios seja no que diz respeito à imagem do COB, a pendências judiciais, ao cenário político econômico do Brasil e até ao adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio por força da pandemia. Modernizamos o estatuto do COB introduzindo mecanismos de gestão e governança, trouxemos os atletas para a tomada de decisão COB e nos aproximamos da sociedade ao abordar temas como igualdade de gênero, sustentabilidade, enfrentamento ao racismo e combate ao assédio moral e sexual. Isso tudo sem perder de vista o esporte: em 2019, tivemos nossa melhor participação na história de Jogos Pan-Americanos. Isso tudo me faz ter certeza de que fizemos uma gestão de excelência até aqui.

Qual foi seu maior acerto em sua gestão até agora?

Esportivamente falando foi resultado no Pan de Lima, para o qual o COB, Confederações e atletas trabalharam em conjunto, provando que a união é a nossa grande força. Além disso, poder contribuir com a evolução de esporte brasileiro de forma efetiva, democratizando o COB e estendendo o processo decisório aos atletas, talvez seja a minha maior alegria na área de Governança Graças à reforma estatutária realizada em nossa gestão, vivemos pela primeira vez em 40 anos uma eleição. E com a participação efetiva dos atletas, que somam 12 dos 49 votos da assembleia. Diferentemente do que insistem, esse aumento não se deu por força de lei e sim, pelo fato de acreditar que esse é o caminho certo a ser seguido.

E o seu maior erro?

Mostramos pouco o excelente trabalho que vem sendo realizado. No entanto, foi proposital, era importante que o COB se reorganizasse internamente antes de voltar à tona. Tenho plena consciência de que há espaço para avanços no COB, mas me orgulho do que conseguimos entregar nos nossos primeiros três anos de gestão.

Seus rivais na eleição afirmaram que houve falta de transparência em sua gestão, principalmente em referência à Assembleia-Geral extraordinária, em novembro, que tinha proposta de fazer alterações no Conselho de Ética. Como o senhor responde a estas críticas?

A Assembleia Geral de novembro de 2019 foi convocada dentro do prazo e procedimentos legais. A revisão do Estatuto estava prevista desde 2017 e, no meio de 2019, todos os poderes do COB foram convidados a contribuir com sugestões. As propostas foram feitas pelo Conselho de Administração, tendo sido ratificadas ou não pela Assembleia, como ocorre em ambientes transparentes e democráticos.

Houve críticas por faltar ousadia e profissionalismo na gestão. O maior problema apontado por eles está na denúncia de supostas irregularidades na contratação de serviços de TI. Como o senhor avalia estas críticas?

Ao receber denúncias anônimas que apontavam para possíveis irregularidades em contratos de TI, solicitei a contratação de uma empresa para investigação independente. Tomamos, de maneira espontânea, medidas administrativas imediatamente, incluindo o desligamento dos nomes acusados. E seguimos todas as recomendações advindas do relatório de investigação.

Para alguns dirigentes, o COB vem funcionando há anos como um “pronto-socorro” das demais confederações. Como tornar as confederações, principalmente as menores, menos dependentes do COB?

Através do programa Gestão, Ética e Transparência (GET), o COB atua diretamente no aprimoramento da gestão e governança das entidades. É feito um diagnóstico de cada uma delas, onde o grau de maturidade é aferido e as lacunas são identificadas. Em cima dessas lacunas o Instituto Olímpico Brasileiro atua através de cursos de capacitação. A pontuação obtida no GET é, inclusive, um dos 12 fatores que impactam no recebimento de recursos descentralizados da Lei das Loterias. Com mais maturidade administrativa, entendemos que as entidades poderão ganhar independência também.

Quatro anos após os Jogos Olímpicos do Rio-2016, o COB segue sem um patrocinador master. Por que é tão difícil obter um apoio deste porte?

Desde 2018 temos quatro novas empresas patrocinadoras – Havaianas, Ajinomoto, Max Recovery e Wollner – além de termos ampliado nosso programa de licenciamento e buscado alianças relevantes para fortalecimento da marca, como o caso da Turma da Mônica. No total, mesmo com o cenário desafiador que encontramos em 2017 tanto interna quanto externamente, trouxemos novos recursos privados na ordem de R$ 11 milhões. É um valor bastante significativo. Muito se fala em “patrocinador master” mas, afora um ou outro clube de futebol qual modalidade trouxe um grande parceiro comercial no Brasil após a Rio-2016?

Em sua gestão, faltou proximidade do COB com o governo federal?

Discordo que não tenhamos contato em Brasília. Visitei e o COB foi visitado por vários secretários. Mas o que houve de mudança na administração do esporte na esfera do governo federal é impressionante.

O senhor mantém contato ou relação de amizade com Carlos Arthur Nuzman?

Não temos qualquer tipo de relação, não nos falamos desde o seu afastamento do COB.

Estadão Conteúdo

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