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Paratleta vende trufas na rua para manter sonho de ir a Jogos de Paris

Nesta sexta (22), é Dia Nacional do Paratleta. A trajetória do jovem Vyctor ilustra vontade e dificuldades de quem busca ser esportista

Redação Jornal de Brasília

22/09/2023 13h14

Foto: Arquivo pessoal

Marcello Hendricks
Jornal de Brasília/Agência de Notícias CEUB

“Trufas a R$ 3,50!” Com a bicicleta, Vyctor Matias dos Anjos, de 20 anos de idade, anuncia e carrega dentro do isopor mais do que chocolate, mas sonhos de verdade. Ele, que é paratleta, tira o sustento com as trufas recheadas para fazer valer o que mais deseja. E não é pedalar, mas sim correr. E muito…

Nesta sexta (22), é Dia Nacional do Paratleta. A trajetória do jovem Vyctor ilustra vontade e dificuldades de quem busca ser esportista na capital e no Brasil.

Vyctor é um paratleta brasiliense, que disputa nas categorias de 100 metros, 200 metros e 400 metros rasos. Recebe da Bolsa Atleta cerca de R$ 900, o que não paga nem o custo da sapatilha que ele usa. Ele não tem parte da mão direita. Ele treina de segunda a sexta, de manhã e de tarde.

O maior sonho dele é participar das Paralimpíadas de Paris, no ano que vem. Para concorrer, será necessário baixar os tempos que tem feito nas provas oficiais. Nos 400 metros, por exemplo, ele já conseguiu reduzir de 56” (segundos) para 52” segundos. “Estou em quarto no ranking do DF. Eu tenho que fazer 49” ou 48”. Não é impossível. Eu estou treinando muito para isso”.

“Maratona”

Mas quem pensa que, de noite, após um dia de treinamentos, ele vai descansar, então, não é bem assim. Quando o sol vai embora e a lua chega, Vyctor pega a sua bicicleta e começa a vender trufas pelo bairro do Mangueiral, em São Sebastião, para completar sua renda. A jornada que se inicia antes das 8 horas da manhã termina só após as 11 horas da noite e alguns chocolates vendidos.

Participação em duas etapas nacionais das Paralímpiadas Escolares, Brasileiro sub-20 e Brasileiro adulto, além de convocação para seleção brasileira e o quarto lugar do ranking, tudo isso com 20 anos.

Começo da corrida

Mesmo com a limitação desde que nasceu, Vyctor nunca ficou longe dos esportes. Com quatro anos, ele já jogava futebol em uma escolinha e era aquilo que ele queria para a vida.

Ele tentou ser jogador de futebol até um dia em que uma professora o convidou a fazer alguns testes para modalidades paralímpicas, e ele passou em todos, mas preferiu escolher apenas o atletismo.

Ao mesmo tempo que iniciava a sua trajetória em um novo esporte, Vyctor continuava a jogar futebol pelo Brasília. Porém, depois da pandemia, deixou o futebol de lado e começou a se dedicar ao atletismo.

“Determinado”

Treinadora de Vyctor, a professora Cristine Oliveira Conrado dos Santos destaca que o rapaz é muito determinado e confiante em tudo o que faz. “Os resultados dele não me surpreendem. Ele sempre se esforçou e procura estar evoluindo”, afirma.

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