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Torcida

Nadando rumo à França

Atleta paralímpico de Brasília poderá compor a equipe dos Jogos Paralímpicos da França

Mayra Dias

01/02/2022 15h09

Foto: Arquivo pessoal

“Desde a primeira competição, já me identifiquei e sabia que meu sonho estava nas águas”, afirma Élcio Cunha Pimenta Junior, de 18 anos que, após perder a visão aos 11 anos de idade, compõe a equipe de alto rendimento e tem a possibilidade de competir na próxima edição dos jogos Paralímpicos, na França, em 2024. “A melhor decisão da minha vida foi ter iniciado na natação”, comenta o jovem que conheceu o movimento paralímpico através de um amigo.

Como recorda o rapaz, nadar sempre foi uma atividade que lhe proporcionou prazer. “Eu sempre amei nadar. Desde os três meses de idade meus pais me fizeram ter contato com a piscina e, até os 11 anos, eu nadava por hobby”, conta. Hoje, Élcio nada, principalmente, a prova dos 50m livre, mas também entra na piscina nos 100m livre e 400m livre e está em fase de desenvolvimento para competir, em breve, os 200m medley e 100m peito. “Ganhar minha primeira bolsa pelo programa Bolsa Atleta foi o que me trouxe a realidade profissional. Depois dos resultados do escolar, isso me incentivou a buscar mais e mais conquistas”, relembra o nadador.

A trajetória do esportista começou com participações em competições de nível regional, escolar e festivais de natação, até conseguir índice para participar do campeonato brasileiro e, inclusive, ser convocado para compor a seleção brasileira de jovens. “Em 2021, busquei o índice para participar das Paralimpíadas de Tokyo 2020, e tive a oportunidade de competir na seletiva classificatória para a referida competição”, relembra. “Sem dúvida, essa foi a maior conquista da minha carreira, embora não tenha conseguido a marca necessária para estar nos jogos. Isso me motivou ainda mais para me preparar para estar pronto em Paris 2024. Afinal, é junto dos melhores que a gente aprende e se desenvolve”, continuou Élcio Junior.

O trabalho, desenvolvido com o técnico Marcus Lima, tem como meta os ciclos para os Jogos de Paris, de Los Angeles (2028) e de Brisbane (2032). “A gente estabelece sonhos e objetivos; até lá, a gente vai subindo degrau a degrau”, afirma o competidor. “Depois de Tokyo, meus objetivos imediatos são conquistar uma vaga para participar do mundial de natação de 2022, que ocorrerá na ilha da Madeira em Portugal, do panamericano de Santiago 2023 e Paris 2024”, completou o jovem.

Apoio fundamental

O nadador brasiliense é beneficiário de dois programas do Governo do DF, o Bolsa Atleta, desde 2017, e o Compete Brasília, iniciativa que oferece aos atletas a oportunidade de disputar torneios em qualquer parte do Brasil e do mundo com ajuda financeira. “Depois que comecei a nadar, fui verdadeiramente feliz”, expõe Élcio. “Meus melhores amigos e maiores experiências de vida, ganhei na natação. Além de maturidade, responsabilidade, disciplina, foco e tudo o que o esporte pode proporcionar para alguém que se priva de muito por algo maior ainda”, pontuou. No ano passado, 238 esportistas da capital, entre olímpicos e paralímpicos, foram contemplados com o Bolsa Atleta, o que totalizou um investimento de R$ 2,2 milhões.

Foi através do seu técnico, Marcus Lima, que o esportista teve seu primeiro contato com os programas do GDF. “Ele sempre buscou as melhores condições para me desenvolver e alcançar minhas metas. Com os benefícios, tive a oportunidade de participar de diversas competições que não seriam possíveis sem o auxílio do compete Brasília, e jamais teria materiais de treino, trajes de competição, acompanhamento nutricional e psicológico, fisioterapia e massoterapia sem o programa bolsa atleta”, reconhece. Na avaliação do nadador, tais apoios são essenciais para quem sonha em seguir carreira no esporte, pois fomenta o desenvolvimento do esporte na capital, além de ser uma forma de incentivo aos jovens com menos oportunidades. “Até nos cantos mais remotos, o programa [Compete Brasília] traz essa possibilidade. É o apoio que muita gente não tem, justamente porque é muito caro e complicado investir em passagens aéreas com dinheiro do próprio bolso”, argumenta.

O Programa Compete Brasília incentiva a participação dos esportistas, de diversas modalidades, do Distrito Federal em competições nacionais e internacionais, ao conceder as passagens aéreas ou terrestres. Para que todos esses atletas possam representar a capital federal nas mais diversas competições pelo Brasil e pelo mundo, foram investidos mais de R$ 3.3 milhões em 2021. “Muitas vezes, o atleta está apto fisicamente, na sua melhor forma, e não tem condições de arcar com os custos financeiros de um torneio que ocorre fora de sua cidade. Estamos aqui para apoiá-lo. Em 2022 vamos repetir e melhorar o sucesso da última edição, que já foi um ano vitorioso na volta das competições”, reforça a secretária de Esporte e Lazer, Giselle Ferreira.

Se tratando do Bolsa Atleta, programa de patrocínio individual de atletas e paratletas de alto rendimento que obtêm bons resultados em competições nacionais e internacionais, oportuniza esportistas que possuem residência fixa no DF há pelo menos três anos (ou dois para pessoas com deficiência), tem no mínimo 12 anos de idade e já participado de competição esportiva nacional ou no exterior no ano anterior àquele em que tiver sido pleiteado o Bolsa Atleta. Este, por sua vez, é importante para manter o atleta de ponta no Distrito Federal, visto que muitos brasilienses, que se destacam no cenário nacional e internacional, são convidados para treinar em clubes grandes do Sudeste e Sul do país.

Um futuro cada vez mais próximo

Atualmente, Élcio segue uma rotina pesada com treinamentos na piscina, na academia, massagens, fisioterapia preventiva e o curso de direito e isso, como ele faz questão de enfatizar, não seria possível sem o suporte ofertado pelos programas. “Realmente os benefícios auxiliam nos gastos com materiais, suplementação, acompanhamento médico. Só pude comprar melhores trajes e materiais, além do acompanhamento nutricional e equipe técnica, por conta do programa”, salienta.

Neste 2022, o nadador, que nasceu em Valparaíso (GO), deve participar das etapas do World Series, conjunto de competições internacionais que prepara os atletas para embates maiores, como o mundial, as Paralimpíadas e os Jogos Parapan-Americanos.

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