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Fifa está em alerta para interferências políticas na gestão da CBF

O estatuto da entidade que comanda o futebol proíbe a interferência externa nas atividades de qualquer federação internacional

Redação Jornal de Brasília

09/06/2021 11h50

A Fifa observa com atenção uma eventual influência política do Governo Federal na gestão da CBF. O estatuto da entidade que comanda o futebol proíbe a interferência externa nas atividades de qualquer federação internacional, ou seja, governos não podem influenciar na gestão do futebol de seus países.

Fontes ligadas ao comando da entidade acompanham, em estado de alerta, a crise sobre a realização na Copa América no Brasil, mas ainda não há sinais da abertura de uma investigação. Caso fique provada uma ingerência, as punições podem ir de suspensão até a exclusão das confederações de torneios organizados pela Fifa.

Questionada pelo Estadão, a Fifa ainda não se pronunciou oficialmente. Mas o sinal amarelo foi aceso nos escritórios de Zurique, na Suíça, diante da possibilidade de o presidente da República, Jair Bolsonaro, ter pedido a demissão de Tite do cargo de treinador da seleção brasileira ao então presidente da CBF, Rogério Caboclo. “A minha participação na Copa América é abrir o Brasil para que ela fosse realizada aqui. Já tem os quatro estados acertados, tudo certinho. No tocante a jogador, técnico, estou fora dessa. Não tenho nada a ver com isso aí”, afirmou Bolsonaro. Caboclo também afirmou que não pensou em demitir o treinador em entrevista à ESPN Brasil.

Outros episódios também estão no radar dos dirigentes da entidade internacional. No dia 31 de maio, após a desistência da Argentina, a Conmebol se preparava para anunciar o cancelamento do torneio quando o presidente da entidade, Alejandro Domínguez, sugeriu o Brasil como nova sede. O torneio só foi transferido para cá depois do aval do Governo Federal. Depois da confirmação, Dominguez agradeceu Bolsonaro. O “muito obrigado” se repetiu no anúncio das cidades-sede. Além disso, o presidente deve estar presente na abertura do torneio, domingo, no estádio Mané Garrincha, em Brasília.

Em 2019, na última edição da Copa América no Brasil, Bolsonaro foi chamado pelos atletas para ir ao campo para celebrar o título. O presidente tirou fotos com os atletas. A Conmebol evitou que o presidente da República entregasse o troféu para a seleção.

Embora o estatuto da Fifa traga a proibição expressa contra interferência externas, o ato de investigar em profundidade essas situações não é comum. Isso vem ocorrendo apenas ocorre em situações urgentes, quando uma ação governamental afasta o comando da administração da entidade. Isso já aconteceu duas vezes neste ano. A Fifa puniu o Chade e o Paquistão, inexpressivas no cenário internacional do futebol. No Chade, o governo local assumiu o comando da Confederação de Futebol. No Paquistão, manifestantes assumiram o controle da Federação. As duas foram suspensas.

REDES SOCIAIS – Os atritos entre Tite e o comando da CBF começaram na semana passada, quando o Governo Federal e a entidade aceitaram o pedido da Conmebol para que a Copa América fosse realizada no Brasil. Jogadores e a comissão técnica não foram consultados. Por isso, as entrevistas coletivas foram canceladas ao longo da semana. Internamente, os atletas também criticaram o fato de a própria CBF, organizadora do torneio, não ter se manifestado. Os atletas prometem falar sobre o torneio nesta terça-feira, diante do Paraguai. A Conmebol não deve reprimir manifestações sobre o torneio, desde que sigam as regras da Fifa.

Quando deixou clara sua oposição ao torneio no País, Tite foi alvo de manifestações de apoiadores do presidente nas redes sociais. A hashtag #ForaTite, movimento pedindo a saída do técnico, ganhou espaço nas redes sociais. Internautas chamaram o treinador de “esquerdopata” e “lacrador” por conta de um possível boicote ao torneio.

Estadão Conteúdo

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