RODRIGO MATTOS E THIAGO ARANTES
(UOL/FOLHAPRESS)
Foi só entrar na Arena Bercy, pouco depois de seus companheiros, que o pivô norte-americano Joel Embiid recebeu uma vaia do público. Quando seu nome foi anunciado, houve-se uma vaia sonora da torcida. Todos os outros jogadores foram aplaudidos.
Trata-se de uma constante nas Olimpíadas desde as partidas da primeira fase, em Lille. Durante a partida, a tendência continuava: era Embiid tocar na bola, que a torcida francesa voltava a vaiá-lo. Ele não sentiu a pressão: já no primeiro quarto, marcou 8 pontos e pegou 3 rebotes; no segundo, acertou uma bola de três e provocou a torcida francesa.
Embiid é um dos principais jogadores da NBA, sendo o líder do Philadelphia 76rs: foi eleito MVP (jogador mais valioso) na temporada de 2023 da liga norte-americana. Mas é sua origem que explica os apupos.
Ele é nascido em Yaoundé, em Camarões, ex-colônia da França. Aos 16 anos, foi descoberto jogando basquete pelo ex-jogador da NBA Luca Mbahh. Foi levado para estudar nos EUA: seguiu a carreira de jogador universitário e depois a liga profissional.
Em 2017, a seleção de Camarões de basquete chegou a convocar Embiid. Mas ele não quis representar o país africano.
Posteriormente, em 2021, Embiid mandou uma carta para o presidente francês Emmanuel Macron, pedindo para ter nacionalidade francesa. Sua intenção era representar a França no basquete. O desejo foi concedido pelo governo francês.
Mas, próximo das Olimpíadas de Paris-2024, Embiid foi convocado pela primeira vez pelos EUA. Mudou de ideia e decidiu representar a equipe norte-americana. Nem um pedido de Macron para mudar de ideia fez diferença.
Com isso, o público francês ficou com raiva de Embiid, o que explica as vaias a cada aparição. “Muitos vêem isso como ódio, mas eu vejo como amor e respeito”, disse Embiid, depois de um dos jogos em Paris-2024.
CASO DIEGO COSTA
A situação de Embiid sendo vaiado pelos franceses lembra muito a do brasileiro Diego Costa, na Copa do Mundo de 2014. O jogador, que fez carreira na Espanha e se destacou pelo Atlético de Madrid, optou por defender a seleção europeia em 2013, para disputar o Mundial.
Costa foi vaiado em todos os jogos da Espanha naquele Mundial. O time caiu na fase de grupos, depois de perder para Holanda e Chile. Na vitória contra a Austrália, o brasileiro ficou no banco, mas não escapou da ira da torcida.