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Após cirurgia, entenda o futuro do Neymar

Antes de machucar o joelho, Neymar já havia lesionado o tornozelo e feito diversas cirurgias, e a volta aos gramados é sempre uma preocupação

Camila Bairros

10/11/2023 5h00

Foto: Pablo Porciuncula/AFP

Na noite de 17 de outubro, os olhares dos amantes de futebol estavam voltados para a Seleção Brasileira, que enfrentava o Uruguai. Ao final dos 90 minutos, o resultado era para se esquecer – 2 a 0 para os adversários -, porém, o jogo ficou marcado pelo choro do camisa 10 da Canarinho. Já nos acréscimos do primeiro tempo, Neymar sofreu uma forte entrada e logo caiu no chão segurando o joelho. 

Chorando bastante, ele foi substituído, e então começou a espera pelo diagnóstico. No dia seguinte, veio a nota oficial da CBF: ruptura do ligamento cruzado anterior e do menisco do joelho esquerdo. O atacante, que recém havia se recuperado de uma lesão ligamentar no tornozelo, teria que passar por nova cirurgia. 

Nas redes sociais, o jogador do Al-Hilal, da Arábia Saudita, disse que esse é um “momento muito triste, o pior”. E depois de pouco mais de duas semanas, Neymar passou pela cirurgia para reconstrução do ligamento e do menisco. De acordo com o fisioterapeuta esportivo Fábio Marcelo, que já atendeu diversos clubes como Flamengo e Fluminense, essa espera pela cirurgia é normal. 

“Assim que ocorre a lesão, o joelho fica bem inchado. É necessário esperar um pouco para que ele desinche e o procedimento seja feito”, explicou ele. 

Fábio é uma figura importante do esporte brasileiro, tendo atendido nomes como o do Romário, Zico, Jorginho, Bebeto e outros. Ele chegou a acompanhar o Zico em sua trajetória pelo Japão, em 1994 e 1995. O fisioterapeuta foi pioneiro no Brasil, sendo o primeiro a integrar a equipe técnica de um clube.

Deco com o fisioterapeuta Fabio Marcelo no treino do Fluminense (Foto: Rafael Cavalieri)

Deco com o fisioterapeuta Fabio Marcelo no treino do Fluminense (Foto: Rafael Cavalieri)

O fisioterapeuta, que é também professor da área, hoje não atende em clubes, mas segue cuidando de atletas de forma individual. Na área já há 30 anos, ele explicou que esse tipo de lesão sofrida pelo Neymar está cada vez mais comum. 

“Esse tipo de lesão está ocorrendo com maior frequência do que acontecia nos últimos 20 anos, e isso acontece devido à modificação que passou o futebol. No passado, a velocidade que cada jogador atingia no sprint, ou seja, na arrancada, era de cerca de 25 km/h, o que já é rápido. Mas com o aprimoramento da tecnologia, descobertas da ciência e modificação nos treinamentos, hoje essa velocidade chega a 35 km/h, e a distância percorrida pelo atleta também quintuplicou”, disse ele.

Além do aumento da aceleração e da distância percorrida, o profissional ainda lembrou que os movimentos de um atleta não são contínuos, ou seja, eles aumentam a velocidade muito rápido, param bruscamente, precisam mudar de direção sempre, o que aumenta o risco de lesões. “A maioria dos jogadores muda de direção a cada seis segundos, em média. Um jogador como o Neymar, de altíssimo nível, faz essa mudança a cada três segundos, e quando isso acontece, o joelho, que é uma articulação muito importante na estabilidade do corpo, sente. Com isso, ainda tem a quantidade de faltas sofridas, causando rápidas alterações no centro de gravidade, o que faz com que ele eventualmente perca o equilíbrio”, revelou o fisioterapeuta. 

A recuperação

A cirurgia foi realizada no dia 2 de novembro, pelo médico da Seleção Brasileira, o Dr. Rodrigo Lasmar, em Belo Horizonte-MG. Agora, o atacante corre contra o tempo para se recuperar o mais rápido possível. Em casos como esse, é prevista a volta à campo entre 6 e 8 meses. 

Neymar posta foto após cirurgia — Foto: Reprodução/Instagram

De acordo Fábio Marcelo, a fisioterapia pode e deve ser iniciada de forma imediata, seja já através de exercícios mais físicos como por meio de aparelhos, como a eletroterapia, que serve para ativação muscular precoce. Nesta fase inicial, segundo ele, o objetivo é o ganho de mobilidade e o fortalecimento muscular. Além disso, é importante também o acompanhamento com o educador físico e o fisiologista, para que haja um melhor desempenho na fase final.

Futuro

Antes de machucar o joelho, Neymar já havia lesionado o tornozelo e feito diversas cirurgias, e a volta aos gramados é sempre uma preocupação. Porém, de acordo com Fábio, isso não precisa ser um problema. “Se ele conseguir atingir todos os objetivos no tratamento, e eu tenho certeza que vai, pois está em excelentes mãos com essa equipe médica, o risco de uma nova lesão não aumenta. É o mesmo que qualquer pessoa pode sofrer”, completou. 

Então, resta ao camisa 10 da Seleção Brasileira seguir com o fortalecimento muscular constante para dar sequência ao trabalho. 

Contratado pelo Al-Hilal como principal reforço do clube na temporada, Neymar disputou cinco jogos pelo clube árabe, tendo marcado apenas um gol – justamente na última partida antes de se apresentar para as Eliminatórias Sul-Americanas.

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