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A importância da mente no futebol

Lulinha Tavares trabalha como personal mind, para ajudar o jogador a entender as emoções e controlar os sentimentos

Camila Bairros

10/11/2023 5h01

Foto: Arquivo pessoal

Quem acompanha futebol, sabe que arrancadas rumo ao título ou para fugir da temida zona de rebaixamento são frequentes nos campeonatos. Para isso, é necessário ter, além de qualidade e repertório em campo, um bom psicológico, dentro e fora das quatro linhas. 

E foi pensando na importância da mente no esporte de alto rendimento que Lulinha Tavares se tornou um personal mind, ou preparador mental de atletas, como ele se descreve pelo Instagram. Na infância, ele jogava futebol e tinha o sonho de se tornar profissional. “Acabei perdendo para mim mesmo, eu era muito fraco mentalmente”, revelou. 

O sonho de ser jogador acabou indo por água abaixo. Lulinha então decidiu cursar Educação Física, para seguir perto do esporte. Aquela pontada de preocupação com o psicológico continuou existindo. Sabendo disso, um colega o chamou para ajudar uma pessoa que sofria com a dependência química, e essa pessoa tinha contato com PC Gusmão, ex-goleiro e treinador de futebol. 

“Fui convidado a fazer uma palestra no Fluminense em 2008 e revivi tudo aquilo que senti lá atrás, quando queria me tornar jogador profissional. Na semana seguinte, falei com o Cleiton Xavier, foi o meu primeiro atendimento, e fui tomando gosto por isso. No ano seguinte, já fiz uma pós em psicologia esportiva”, disse o personal mind

De acordo com Lulinha, sua função é ajudar o jogador entender as emoções e controlar os sentimentos. Depois de ter feito a pós-graduação, ele também fez um curso de coach. “Naquela época, ninguém sabia o que era um coach. Quando entrei na sala e vi o que estavam falando, percebi que eu já fazia aquilo. Uni as ferramentas da psicologia esportiva ao coach, criei meu método e me capacitei”, continuou ele. 

Já exercendo a atividade, Lulinha passou a ser chamado pelos clubes, como Atlético Goianiense e Figueirense, e foi em 2009 que seu nome estourou no meio esportivo. Ele estava trabalhando nas Laranjeiras na arrancada do Fluminense, que chegou a ter 99% de chance de cair para a Série B, mas conseguiu se salvar após uma arrancada milagrosa. 

Desde então, já trabalhou em mais de 44 clubes e com mais de 1,3 mil jogadores, em momentos bons e ruins. 

O trabalho nos clubes era feito de maneira conjunta e também individual. “Ao longo do tempo, os atletas foram gostando cada vez mais do meu trabalho, e a demanda foi aumentando. Hoje, trabalho mais com o atleta sozinho”, explicou Lulinha, que em 2014 chegou a lançar um livro explicando mais sobre o seu trabalho. 

E sua função como preparador mental começa desde a base, com atletas que assinam o primeiro contrato com clubes e patrocinadores, até o profissional com jogadores já famosos, como é o caso de Everton Cebolinha, por exemplo, eleito o melhor jogador da final da Copa América de 2019, e que hoje joga no Flamengo.

Andreas Pereira, que hoje joga a Premier League pelo Fulham, também é um cliente de Lulinha, assim como Matheus Cunha, do Wolverhampton, Patrick de Paula, do Botafogo, Matheus França, do Flamengo, entre tantos outros. 

“A questão não é apenas falta de conhecimento próprio. Hoje o mundo esportivo clama por uma melhora no psicológico, seja no futebol ou em outros esportes, como é o caso de Simone Biles, da ginástica, e Gabriel Medina, do surf. Todos precisam de atendimento, mas ainda há uma resistência histórica. Até hoje não tem um profissional que esteja voltado exclusivamente para a parte mental dos atletas na Seleção Brasileira”, completou ele.

Redes sociais

Para Lulinha, as redes sociais potencializam os problemas dos jogadores. “Eles precisam entender que quando o contrato de prestação de serviços é assinado, ele está atrelado à imagem do grupo”. 

Assim, se no campo é necessário treinar o físico, fora dele é preciso treinar a emoção. “Se o jogador treina para ir para o jogo, com a mente não pode ser diferente. Tem que treinar a emoção antes de ter problema, para saber como dar a volta por cima. Quanto mais a gente treina o cérebro, mais forte ele fica”, continuou o preparador mental. 

Com essa mentalidade, ele percebeu que a clientela tem mudado um pouco. Se antes ele era procurado apenas em momentos de crise, hoje já buscam sua ajuda antes, ainda na preparação para a temporada.

O trabalho

Hoje em dia, os jogadores profissionais são acompanhados por métricas, com GPS para medir distâncias percorridas, sistema de monitoramento de sono, preparador físico, nutrólogo, e por aí vai. Assim, o trabalho do preparador mental é integrado, e não precisa ser feito fisicamente ao lado do atleta. Mesmo assim, sempre que pode, Lulinha acompanha seus atletas. 

“A parte mental nem sempre é a mais importante, mas é um dos pilares, e interfere diretamente nas outras”, finalizou o personal mind.

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