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Saúde

Novembro: mês de alerta para o diabetes

Fator de risco no combate ao novo coronavírus, o diabetes também pode afetar de forma grave a saúde ocular

Redação Jornal de Brasília

10/11/2020 17h29

Fotos: Breno Esaki/Saúde-DF

Além do cuidado com a saúde masculina, o mês de novembro também alerta para a luta contra um inimigo comum a ambos os sexos: o diabetes. Celebrado em 14 de novembro, o Dia Mundial de Combate ao Diabetes chama atenção para esse mal, que atinge quase 7% da população no Brasil, de acordo com a Sociedade Brasileira do Diabetes, e pode ser um fator de risco no enfrentamento à covid-19.

Quem tem diabetes não corre maior risco de se contaminar pelo coronavírus, mas possui maior possibilidade de complicações pela infecção. A baixa imunidade, ligada à elevação do açúcar no sangue, traz mais complexidade ao quadro do paciente. “Conscientizar a população para as sérias complicações associadas ao diabetes, que pode trazer consequências inclusive para a visão, é fundamental. O intuito é melhorar a qualidade de vida dos portadores dessa doença. A boa notícia é que com acompanhamento oftalmológico e a realização periódica de exames, como o de fundo de olho, por exemplo, é possível detectar a doença e manter os problemas sob controle”, comenta o Dr. Renato Braz Dias, especialista em retina e vítreo do Hospital de Olhos INOB, empresa do Grupo Opty em Brasília.

A concentração elevada de glicose no sangue predispõe a inchaço dos tecidos, má irrigação sanguínea e aumento do risco de infecções. Dessa maneira, algumas das alterações mais comuns encontradas nos olhos, decorrentes do controle inadequado do diabetes, são alterações na córnea (úlceras recorrentes e redução de sensibilidade), no nervo óptico, no cristalino (com desenvolvimento de catarata), na íris e até mesmo descolamento de retina em casos mais avançados. A doença também pode afetar a retina – parte dos olhos responsável pela captação de imagens, e seus vasos sanguíneos – sendo um fator para o desenvolvimento da Retinopatia Diabética, a maior causa de cegueira na população abaixo dos 60 anos, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS).

Em números

Pelo menos 425 milhões de pessoas no mundo têm diabetes. No entanto, cerca de 50% delas não sabem que têm o problema, embora cerca de 2 milhões de mortes todos os anos sejam atribuídas a complicações do diabetes. (Atlas IDF 2017).

De acordo com a publicação As Condições de Saúde Ocular no Brasil (2019), do Conselho Brasileiro de Oftalmologia, uma das consequências da diabetes, a retinopatia diabética, é responsável por 1,8 milhão de casos de cegueira devido a doenças oculares em todo o mundo. Depois de 20 anos de doença, estima-se que mais de 75% dos pacientes têm alguma forma de retinopatia diabética. Ainda segunda a publicação, há evidências de estudos conduzidos durante mais de 30 anos de que o tratamento pode reduzir o risco de perda visual em mais de 90% dos casos. Porém vale reforçar que, embora alguns tipos de retinopatia possam ser tratados, uma vez que a visão tenha sido perdida devido à essa causa, ela não pode ser totalmente recuperada.

Tratamentos possíveis

Quando a retinopatia diabética avança, existem algumas opções de tratamento que podem ser utilizadas, que devem ser avaliadas caso a caso. Entre elas estão:

  • A fotocoagulação da retina a laser, método que pode minimizar os prejuízos gerados por áreas doentes da retina ou até mesmo impedir o vazamento de líquido por microaneurismas retinianos.
  • A injeção de medicação dentro do olho, o chamado tratamento antiangiogênico, pode ser necessária, quando surge o inchaço de retina na região responsável pela visão central, a mácula. Essa medicação possibilita que o líquido que gera essa condição seja reabsorvido.
  • A cirurgia chamada de vitrectomia posterior pode ser imprescindível nos casos extremos, com o acometimento retiniano mais grave, quando há o descolamento de retina ou o sangramento vítreo.

Novidades

“Os avanços tecnológicos na Oftalmologia têm ocorrido a passos largos, e sempre surgem novidades nos tratamentos. A bola da vez são os sistemas de inteligência artificial, que, treinados para detectar as diferenças entre olhos saudáveis e não saudáveis, podem atender a essa demanda crescente de casos de retinopatia diabética, analisando as fotografias dos olhos em busca de sinais da doença”, conta o Dr. Renato Braz. “A Food and Drug Administration (FDA), órgão regulador norte-americano, já aprovou dois desses dispositivos de diagnóstico, que não demoram para também serem autorizados no Brasil”, comenta.

Para os pacientes com retinopatia diabética que fazem uso de injeções de medicação nos olhos para estabilizar ou melhorar a visão, também há notícias promissoras, de acordo com informações divulgadas pela Academia Americana de Oftalmologia. “Na maioria dos casos, essas aplicações oculares têm se mostrado eficazes para evitar o inchaço e a ruptura dos vasos sanguíneos da retina, que podem resultar de níveis elevados de açúcar no sangue, mas precisam ser injetadas nos olhos com frequência, às vezes mensalmente. Esses dois novos tratamentos em desenvolvimento, que usam terapia genética, seriam alternativas menos invasivas: um deles requer uma única injeção sob a retina”, conta o Dr. Renato Braz, sobre os aguardados estudos norte-americanos. Ambos os métodos estão em ensaios clínicos de fase 2, o que significa que pode levar dois ou mais anos para que sejam aprovados e se tornem disponíveis ao público.

Também para facilitar a aplicação da medicação, outro estudo em desenvolvimento comentado pela comunidade científica, já na fase três de testes clínicos, é de um sistema de liberação lenta, um pequeno dispositivo recarregável (do tamanho de um grão de arroz) que armazena os medicamentos. Uma cirurgia é necessária para sua implantação na “parede” do olho. Alguns pacientes podem não precisar repetir o tratamento por até nove meses.

Prevenção e controle

Enquanto novos progressos na medicina estão no horizonte, a prevenção e controle do diabetes são o melhor tratamento recomendado. “Para vencer o diabetes e a retinopatia diabética, é necessária uma abordagem multidisciplinar, com o acompanhamento de um endocrinologista e de um oftalmologista, reduzindo fatores de risco, como estresse, sobrepeso e tabagismo”, ressalta o Dr. Renato Braz.

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