Menu
Promoções

Cláudio Corrêa e Castro vai para o Retiro dos Artistas

Arquivo Geral

15/04/2003 0h00

Começar de novo pode ser um desafio saudável para muita gente – mas aos 75 anos de idade, convenhamos, trata-se de uma missão mais difícil de encarar. É o que está acontecendo na vida do ator Cláudio Corrêa e Castro. Recém-separado de sua mulher Míriam, com quem viveu 20 anos, ele precisou mudar-se para o Retiro dos Artistas, abrigo de atores veteranos construído em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

A separação, como se pode inferir, foi traumática. Cláudio precisou abandonar a luxuosa casa onde morava no bairro de São Francisco, Niterói, e deixar para trás os filhos, João Pedro, de 18 anos, e Gabriel, de 11. Doente e sem dinheiro, não teve escolha.

“Tive problemas pessoais graves e não tinha para onde ir”, conta o ator. “Precisava estar num lugar como o Retiro, onde eu não gastasse nada e cuidassem de mim.” Do tempo de casado, o que resta é a aliança na mão esquerda.

No Retiro dos Artistas, Cláudio Corrêa e Castro recebe atendimento médico e, na piscina, faz sessões de hidroterapia. Seis quilos mais magro, ele trata de uma hérnia de disco, que quase lhe tirou o movimento das pernas. O ator tinha dificuldade de andar e precisava do auxílio de uma bengala.

“É um equívoco pensar que só tem gente em estado terminal aqui”, ameniza. “Eu também tinha muito preconceito, mas vi que o Retiro não é um asilo. Vivemos com muito conforto.”

O mesmo bom humor ele demonstra quando se refere a essa separação que o deixou despojado de quase tudo que tinha na vida: “Deus não devia estar bem de cabeça quando inventou a mulher”.

Ainda é cedo para Cláudio saber quanto tempo vai morar na nova casa ou se ficará para sempre. A dor da distância dos filhos é aliviada por visitas e almoço na companhia dos meninos aos sábados.

Depois de 49 anos de carreira, ele atravessa sérias dificuldades financeiras. O salário de artista contratado da Rede Globo não tem sido suficiente. Ele conta mais:

“Sou péssimo administrador. Ganhei muito bem, mas não soube controlar meu dinheiro. Comprava tudo sem pensar. Nunca soube dizer não. As dívidas são as únicas coisas que me atormentam”.

A falta de convites para voltar à tevê também é uma preocupação. Seu último papel de destaque foi em Esperança, mas a participação durou poucos capítulos. E o papel nem era dele. Chico Anysio era o ator escolhido para viver o pintor Agostino, mas recusou o convite.

Recentemente, Cláudio Corrêa fez também uma ponta como um juiz em Malhação, o que lhe consumiu nada mais do que um dia de ocupação. Pouco para quem sempre esteve acostumado a emendar um trabalho no outro.

“Eu odeio não estar trabalhando”, desabafa o ator, que já fez 43 novelas. A solidariedade dos novos amigos do Retiro dos Artistas tem sido importante no novo caminho.

A cortina que faltava na casinha amarela de dois quartos foi confeccionada pela vizinha Valdecir, ex-dançarina de circo. O chuveiro elétrico foi reparado pelo palhaço Canetinha, ou melhor, Lourival Filho. O ex-palhaço Tuska virou companhia inseparável nos bate-papos.

“É impressionante a generosidade dessas pessoas”, diz o ator, emocionado. Lá dentro, provavelmente a solidariedade que ele encontrou no meio de gente sofrida é maior do que a de que tem podido desfrutar, nesses novos tempos difíceis.

    Você também pode gostar

    Cláudio Corrêa e Castro vai para o Retiro dos Artistas

    Arquivo Geral

    15/04/2003 0h00

    Começar de novo pode ser um desafio saudável para muita gente – mas aos 75 anos de idade, convenhamos, trata-se de uma missão mais difícil de encarar. É o que está acontecendo na vida do ator Cláudio Corrêa e Castro. Recém-separado de sua mulher Míriam, com quem viveu 20 anos, ele precisou mudar-se para o Retiro dos Artistas, abrigo de atores veteranos construído em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro.

    A separação, como se pode inferir, foi traumática. Cláudio precisou abandonar a luxuosa casa onde morava no bairro de São Francisco, Niterói, e deixar para trás os filhos, João Pedro, de 18 anos, e Gabriel, de 11. Doente e sem dinheiro, não teve escolha.

    “Tive problemas pessoais graves e não tinha para onde ir”, conta o ator. “Precisava estar num lugar como o Retiro, onde eu não gastasse nada e cuidassem de mim.” Do tempo de casado, o que resta é a aliança na mão esquerda.

    No Retiro dos Artistas, Cláudio Corrêa e Castro recebe atendimento médico e, na piscina, faz sessões de hidroterapia. Seis quilos mais magro, ele trata de uma hérnia de disco, que quase lhe tirou o movimento das pernas. O ator tinha dificuldade de andar e precisava do auxílio de uma bengala.

    “É um equívoco pensar que só tem gente em estado terminal aqui”, ameniza. “Eu também tinha muito preconceito, mas vi que o Retiro não é um asilo. Vivemos com muito conforto.”

    O mesmo bom humor ele demonstra quando se refere a essa separação que o deixou despojado de quase tudo que tinha na vida: “Deus não devia estar bem de cabeça quando inventou a mulher”.

    Ainda é cedo para Cláudio saber quanto tempo vai morar na nova casa ou se ficará para sempre. A dor da distância dos filhos é aliviada por visitas e almoço na companhia dos meninos aos sábados.

    Depois de 49 anos de carreira, ele atravessa sérias dificuldades financeiras. O salário de artista contratado da Rede Globo não tem sido suficiente. Ele conta mais:

    “Sou péssimo administrador. Ganhei muito bem, mas não soube controlar meu dinheiro. Comprava tudo sem pensar. Nunca soube dizer não. As dívidas são as únicas coisas que me atormentam”.

    A falta de convites para voltar à tevê também é uma preocupação. Seu último papel de destaque foi em Esperança, mas a participação durou poucos capítulos. E o papel nem era dele. Chico Anysio era o ator escolhido para viver o pintor Agostino, mas recusou o convite.

    Recentemente, Cláudio Corrêa fez também uma ponta como um juiz em Malhação, o que lhe consumiu nada mais do que um dia de ocupação. Pouco para quem sempre esteve acostumado a emendar um trabalho no outro.

    “Eu odeio não estar trabalhando”, desabafa o ator, que já fez 43 novelas. A solidariedade dos novos amigos do Retiro dos Artistas tem sido importante no novo caminho.

    A cortina que faltava na casinha amarela de dois quartos foi confeccionada pela vizinha Valdecir, ex-dançarina de circo. O chuveiro elétrico foi reparado pelo palhaço Canetinha, ou melhor, Lourival Filho. O ex-palhaço Tuska virou companhia inseparável nos bate-papos.

    “É impressionante a generosidade dessas pessoas”, diz o ator, emocionado. Lá dentro, provavelmente a solidariedade que ele encontrou no meio de gente sofrida é maior do que a de que tem podido desfrutar, nesses novos tempos difíceis.

      Você também pode gostar

      Assine nossa newsletter e
      mantenha-se bem informado