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Almodóvar quer que imposto que beneficia artistas continue na Europa

Arquivo Geral

18/10/2006 0h00

Os diretores de cinema Pedro Almodóvar e Bertrand Tavernier pediram à Comissão Européia para manter um imposto sobre aparelhos eletrônicos que, no ano passado, beneficiou artistas em US$ 702 milhões.

O braço executivo da União Européia vai decidir até o final do ano se a UE deve ou não aplicar mais rigidamente uma diretriz de 2001 relativa a direitos autorais, especialmente uma cláusula dela que permite que os governos cancelem, imediatamente ou de maneira gradativa, o imposto sobre produtos que vão desde iPods até scaners e copiadoras.

A indústria eletrônica alega que hoje, na era digital, o imposto, que foi introduzido na década de 60 sobre fitas virgens, já perdeu sua razão de ser. Os fabricantes e importadores repassam o custo do imposto aos consumidores, elevando os preços de seus produtos.

O imposto é recolhido e o dinheiro é distribuído diretamente aos artistas. Um quarto do total fica com os tesouros nacionais, que o utilizam para financiar atividades e produções culturais.

Almodóvar, cujo filme mais recente, Volver, é candidato ao Oscar, disse na quarta-feira: "Temo que as reformas propostas possam colocar em risco essa fonte de receita e também o financiamento de muitas atividades culturais que contribuem para a criação e promoção de obras européias". Ganhador do Oscar por Fale com Ela e Tudo Sobre Minha Mãe, Almodóvar acrescentou que os consumidores já se beneficiam do fato de dispor de mais maneiras de descarregar e copiar obras artísticas para seu uso particular.

A campanha Cultura em Primeiro Lugar, que tem o apoio do cineasta espanhol e também de muitos outros diretores, cantores e atores de destaque , incluindo Penélope Cruz e Axel Red, diz que o imposto é cobrado em 20 países da UE e no ano passado levantou cerca de 560 milhões de euros.

"A impressão que temos é que a Comissão Européia quer calar as pessoas que difundem um pouco de inteligência", disse em coletiva de imprensa Bertrand Tavernier, diretor de Por Volta da Meia-NoitePassaporte para a Vida, entre outros filmes. "Fiz filmes de sucesso, mas acho que sem o imposto sobre as cópias privadas eu não teria podido fazê-los", disse o cineasta, ganhador no passado do Urso de Ouro do Festival de Cinema de Berlim. "Nossa alma está sendo levada embora para beneficiar as multinacionais, e a Europa não pode permitir que isso aconteça", disse a cantora espanhola Paloma San Basilio.

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