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Política & Poder

Crise na Saúde: Rollemberg teria pedido a apuração para Controladoria, mas as investigações pararam

Arquivo Geral

18/07/2016 10h29

Rafaela Felicciano/Cedoc

Francisco Dutra
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Três meses após tomar conhecimento da denuncia apontando esquema de propina em contratos nas Secretarias de Saúde e Fazenda, só agora o governo Rollemberg resolveu desengavetar as investigações que antes estavam adormecidas na Controladoria-Geral do DF. O Executivo só mudou de atitude em função das cobranças de esclarecimentos disparadas, diante da gravidade do caso, por deputados distritais, federais e um senador .

Segundo o Controlador-Geral do DF, Henrique Ziller, o governo não foi omisso. As investigação teriam parado porque o suposto pivô do caso, citado pelo vice-governador, Renato Santana, não foi localizado. “Na verdade, esse servidor não foi identificado na pasta da Fazenda. Como essa era a única informação de que se dispunha naquele momento, não houve nenhum prosseguimento quanto à abertura de algum processo de fiscalização pela Controladoria-Geral do DF ou de investigação pela Polícia Civil”, argumentou. O Jornal de Brasília solicitou documentos sobre a investigação. Segundo o Palácio do Buriti, não existe registro oficial da apuração.

O nome do pivô do suposto esquema é mantido em sigilo. Mas em alguns trechos das polêmicas gravações, a presidente do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos de Serviços de Saúde de Brasília (SindSaúde-DF), Marli Rodrigues, cita a ingerência de dois nomes da Secretaria de Saúde. Segundo Marli, um deles seria o ex-subsecretário de Administração Geral da pasta e atual subsecretário de Logística e Infraestrutura, Marcello Nobrega. O segundo nome seria de ex-diretor executivo do Fundo de Saúde do DF, Ricardo Cardoso. Em junho deste ano, Cardoso foi exonerado.

Em nota, o GDF afiançou que investigará o caso até o fim, mobilizando a Controladoria-Geral e a Polícia Civil, prometendo também encaminhar o caso para o Ministério Público. O Executivo diz que exigirá que o vice-governador apresente todas as informações sobre a denúncia de maneira documentada e entrará com uma queixa-crime contra Marli Rodrigues, em função das palavras difamatórias divulgadas nos áudios.

Ponta do iceberg

Marli Rodrigues afirmou para o Jornal de Brasília que esta gravação é apenas a “ponta do iceberg” de uma grande investigação que está em curso. Em nota o vice-governador, repudiou ter sido alvo de gravação. Santana enfatizou que denunciou o suposto caso para Rollemberg tão logo teve conhecimento.

Saiba mais

A polêmica foi engatilhada pela gravação de uma conversa entre o vice-governador, Renato Santana (PSD) e a presidente do SindSaúde-DF, Marli Rodrigues. A gravação foi divulgada pela revista Isto É deste fim de semana.

No áudio, Santana declara ter conhecimento de um suposto esquema de propina dentro das secretarias. Empresários seriam obrigados a pagar uma taxa de 10% nos contratos.

Afirmando que não concordava com a situação, Santana garantiu que teria previamente alertado o próprio governador, informando o nome do servidor que seria o pivô do esquema.

Sem documento não há providência

“Se não existe um processo, se não existe um documento, me desculpe, mas o governo não tomou providências”, disparou o deputado distrital Wellingnton Luiz (PMDB). Segundo o parlamentar de oposição, apenas ofícios e documentos poderiam comprovar que o Executivo tinha realmente investigado o suposto esquema de propina.

Presidente da CPI da Saúde na Câmara Legislativa, Wellington afirmou que a comissão investiga pelo menos três supostos esquemas de corrupção dentro da pasta. Um deles apresenta muitas semelhanças com o escândalo detonado pela gravação do vice-governador.

Hoje a Câmara fará uma reunião extraordinária para definir qual será a conduta da Casa diante do caso.
Segundo a presidente da Câmara, deputada Celina Leão (PPS), existe a possibilidade que o recesso parlamentar seja suspenso para a apuração do caso. “Vamos nos pautar apenas pela materialidade, por provas”, afirmou.
reunião urgente

Rollemberg convocou ontem uma reunião sobre o caso com os deputados Julio Cesar (PRB), Rodrigo Delmasso (PTN), Sandra Faraj (SD), Telma Rufino (sem partido), Juarezão (PSB), e Roosevelt Vilela (PSB). Participaram também da conversa os secretários de Saúde, Humberto Lucena, o de Mobilidade, Marcos Dantas e membros da Casa Civil.

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