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Política & Poder

Bolsonaro reforça que não vai comprar vacina chinesa e deixa claro o embate com Doria

Presidente classificou Coronavac como “vacina chinesa de João Doria” e disse que o povo brasileiro “não será cobaia de ninguém”

Willian Matos

21/10/2020 10h57

O presidente Jair Bolsonaro voltou a falar que o governo federal não vai comprar doses da Coronavac, vacina chinesa em desenvolvimento contra a covid-19.

Pelo Twitter, nesta quarta-feira (21), Bolsonaro classificou a Coronavac como “a vacina chinesa de João Doria” e disse que qualquer vacina precisará ser comprovada cientificamente pelo Ministério da Saúde e certificada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “O povo brasileiro não será cobaia de ninguém”, declarou.

A fala vai contra a postura que Bolsonaro teve em relação à hidroxicloroquina e à azitromicina. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, o presidente fez inúmeras declarações públicas incentivando o uso dos medicamentos no combate à covid-19 mesmo sem haver comprovação da eficácia.

Bolsonaro disse também que “não se justifica um bilionário aporte financeiro num medicamento que sequer ultrapassou sua fase de testagem”. “Diante do exposto, minha decisão é a de não adquirir a referida vacina”, concluiu.

É a segunda declaração pública de Bolsonaro apenas nesta quarta (21) afirmando que não vai adquirir as doses da vacina. Mais cedo, pelo Facebook, o chefe do Executivo brasileiro respondeu um jovem que pediu para que a Coronavac não seja comprada:

Reprodução/Facebook

Bolsonaro x Doria

Ao classificar a vacina chinesa como “a vacina de João Doria”, Bolsonaro confirma que há um embate com o governador de São Paulo. Também na manhã desta quarta (21), em mensagem enviada a ministros, Bolsonaro afirmou: “Alerto que não compraremos vacina da China, bem como meu governo não mantém diálogo com João Doria sobre covid-19”, disse o presidente. A informação foi divulgada em primeira mão pelo site Poder360.

Na semana passada, o governador de São Paulo disse que todos os moradores do estado serão obrigados a tomar a vacina para conter a disseminação do novo coronavírus. O presidente rebateu por mais de uma vez, afirmando que não vai tornar obrigatória a vacinação.

Nesta quarta (21), mesmo diante do clima ruim com Bolsonaro, Doria vem a Brasília tentar viabilizar a compra das doses chinesas. O governador deve circular pelo Congresso Nacional e conversar com o presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres, entre outras autoridades.

Pazuello em saia justa

A declaração de Bolsonaro vem à tona horas após o Ministério da Saúde anunciar que compraria 46 milhões de doses da Coronavac. A vacina vem sendo desenvolvida pela farmacêutica Sinovac Biotech e, no Brasil, tem parceria com o instituto Butantan. As doses seriam entregues até dezembro deste ano.

A colocação do presidente deixa o ministro Eduardo Pazuello em situação complicada. Efetivado há pouco mais de um mês, Basicamente, Pazuello viu Bolsonaro passar por cima de sua decisão. A pressão aumenta ao lembrar que trata-se do terceiro chefe da Saúde do país durante a pandemia (Mandetta foi exonerado após embates com o presidente, e Teich pediu para sair pouco tempo depois de assumir a pasta).

Pazuello não se posicionou a respeito das declarações do presidente. O ministro está trabalhando de casa por suspeita de infecção pelo novo coronavírus.

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