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Economia

Taxas de juros disparam com exterior e riscos internos; liquidez é fraca sem NY

Os juros fecharam a sessão regular com alta expressiva em toda a extensão da curva e nas máximas nos principais contratos de DI

Redação Jornal de Brasília

30/05/2022 18h01

Foto: Reprodução

Os juros fecharam a sessão regular com alta expressiva em toda a extensão da curva e nas máximas nos principais contratos de Depósito Interfinanceiro (DI).

Com alta de 30 pontos-base, os vencimentos longos foram o destaque, refletindo a piora na percepção de risco externo, eleitoral e fiscal.

Os mercados fechados em Nova York em função do Memorial Day não só comprometeram a liquidez como deixaram os negócios por aqui vulneráveis a influências de várias ordens.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2023 subiu de 13,335% no ajuste de sexta-feira para 13,41% e a do DI para janeiro de 2024 voltou aos 13,00%, de 12,795%.

O DI para janeiro de 2025 encerrou com taxa de 12,385%, de 12,129%. A do DI para janeiro de 2027 voltou a rodar acima dos 12%, fechando em 12,23%, de 11,929% no último ajuste.

As taxas que mais subiram foram as longas num dia de pressão nos títulos de renda fixa na Europa e alta dos preços do petróleo, que voltou a mirar US$ 120 o barril.

“Sem as Treasuries, o bônus alemão ficou como referência”, afirmou Jefferson Lima, da Mesa de Reais da CM Capital.

A inflação ao consumidor na Alemanha, em termos anuais, subiu de 7,4% para 7,9% em maio, acima do esperado pelo mercado (7,5%), colocando pressão nos bunds.

Ao mesmo tempo, o ambiente interno também gera apreensão, com mapeamento do quadro eleitoral e a insegurança trazida pelas tentativas de intervenção de preços em Brasília, ajudando a nublar as expectativas do mercado.

Depois do Datafolha na quinta-feira, nesta segunda-feira mais uma pesquisa eleitoral indicou que o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva teria potencial para vencer já no primeiro turno.

Levantamento publicado pelo instituto FSB e encomendado pelo BTG/Pactual mostra que, sem João Doria (PSDB) na corrida presidencial, Lula ampliou a vantagem, no primeiro turno, sobre o presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL).

Em comparação com a pesquisa divulgada no final de abril, no cenário estimulado de primeiro turno, Lula sobe de 41% para 46% e Bolsonaro segue com 32%.

Caso a eleição fosse realizada hoje, descontados os voto brancos e nulos, o petista tem mais intenções de voto do que todos os outros adversários somados juntos.

“O discurso dele está ruim para o mercado”, disse um gestor. Sinalizações negativas com relação à política de preços da Petrobras e defesa da extinção do teto de gastos já externados pelo ex-presidente estão entre os pontos que o mercado julga preocupantes do ponto de vista fiscal.

Além disso, tentativas do governo como a de suspender a decisão da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) que autorizou aumentos nos planos de saúde ajudam a trazer insegurança.

O vice-líder do Governo na Câmara, Sanderson (PL-RS), apresentou nesta segunda um projeto de decreto legislativo para sustar o reajuste, alegando que seria o dobro da inflação prevista pelo Banco Central em 2022, na casa de 7,1%.

Em meio a tantos ruídos, as declarações de Bruno Serra, em evento online da Kinea, não conseguiram mudar a dinâmica das taxas, mesmo sendo consideradas na linha mais dovish.

Serra mostrou-se otimista sobre o impacto benigno da apreciação do câmbio na inflação via suavização do efeito das commodities.

Afirmou ainda que é preciso manter o hiato do produto aberto para que a inflação possa voltar à meta, mas que a Selic a 13% por si só não terá forte efeito negativo sobre crescimento da economia.

Segundo o diretor, após controlar a inflação, o juro deve convergir para o nível que o BC considera neutro hoje, de cerca de 7% (real em 3,5%).

Estadão Conteúdo

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