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Saúde

Testes clínicos mostram que primeira vacina contra a chikungunya pode estar próxima

A vacina foi considerada segura, com um perfil de eventos adversos semelhante ao de outras vacinas licenciadas e igualmente bem tolerada em adultos jovens e idosos

Redação Jornal de Brasília

13/06/2023 11h32

Foto: Fábio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

Testes clínicos indicam que pode estar próximo o desenvolvimento de uma vacina eficaz e segura contra a chikungunya, doença transmitida pelos mosquitos Aedes aegypti (vetor também da dengue) e Aedes albopictus (transmissor da febre amarela).

Artigo publicado pela revista científica Lancet com o resultado de um ensaio clínico de fase três da vacina identificada pela sigla VLA1553, desenvolvida pela empresa farmacêutica franco-austríaca Valneva, relata que o imunizante foi capaz de induzir a criação de anticorpos contra o vírus chikungunya. Existem outros ensaios dessa mesma fase ainda em curso – um deles com adolescentes no Brasil.

Este estudo de fase 3 foi realizado em 43 centros de testes de vacinas profissionais nos Estados Unidos. Os participantes eram voluntários saudáveis com 18 anos de idade ou mais. Segundo o artigo, de 17 de setembro de 2020 a 10 de abril de 2021, 6.100 pessoas se dispuseram a participar do teste e foram examinadas; 1.972 pessoas foram excluídas e 4.128 foram aprovados. Desses, 3 093 tomaram a vacina e 1.035 receberam placebo. Desistiram do teste antes do fim da pesquisa 358 pessoas vacinadas e 133 que receberam placebo.

O teste avaliou 362 participantes (266 que tomaram a vacina e 96 que receberam placebo). Após uma única dose, a VLA1553 induziu a criação de anticorpos contra o vírus chikungunya em 263 (98,9%) dos 266 vacinados, 28 dias após a imunização, independente da idade.

A vacina foi considerada segura, com um perfil de eventos adversos semelhante ao de outras vacinas licenciadas e igualmente bem tolerada em adultos jovens e idosos. Eventos adversos graves foram relatados em 46 (1,5%) dos participantes expostos ao VLA1553 e oito (0,8%) dos participantes que receberam placebo. Apenas dois eventos adversos graves foram considerados relacionados ao tratamento com VLA1553: uma mialgia leve e uma síndrome de secreção inapropriada de hormônio antidiurético. Os dois participantes se recuperaram totalmente.

“Ela poderia representar a primeira vacina contra o chikungunya para quem vive em regiões endêmicas, bem como para viajantes”, afirmou Martina Schneider, chefe de estratégia clínica da Valneva e principal autora do estudo.

O teste realizado no Brasil, com 750 voluntários adolescentes de 12 a 17 anos e duração de 15 meses, deve ser concluído em breve. Segundo a empresa, autoridades americanas podem aprovar a vacina a partir de agosto.

A doença

Identificada pela primeira vez na Tanzânia em 1952, a chikungunya chegou ao Brasil em 2013, mas se alastrou bastante. Desde então, mais de 250 mil pessoas contraíram a doença no País

Seus principais sintomas são febre acima de 38,5 graus, de início repentino, e dores intensas nas articulações de pés e mãos – dedos, tornozelos e pulsos. Podem ocorrer também dores de cabeça e nos músculos, além do surgimento de manchas vermelhas na pele. Cerca de 30% dos casos não chegam a desenvolver sintomas. O início dos sintomas pode demorar de dois a dez dias após a infecção (o chamado período de incubação).

A principal diferença entre a dengue e a chikungunya é a dor nas articulações, muito mais intensa na chikungunya, afetando principalmente pés e mãos, geralmente tornozelos e pulsos. Ao contrário do que acontece com a dengue, não existe uma forma hemorrágica da doença e é raro surgirem complicações graves, embora a artrite possa continuar ativa por muito tempo.

Estadão Conteúdo

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