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Saúde

Neuralgia pós-herpética é a principal complicação da herpes-zóster

A doença é motivo de atenção do poder público porque costuma incidir em uma população mais vulnerável: idosos

Redação Jornal de Brasília

17/10/2023 14h41

Foto: Divulgação

Dra. Amelie Falconi*

Nos últimos anos intensificaram-se as campanhas de vacinação, conscientização e prevenção da herpes-zóster, doença causada pela reativação do vírus varicela-zóster, o mesmo que provoca a catapora. Preocupação mais do que justificada, haja visto que os casos da doença cresceram 35% durante a pandemia de covid-19, segundo estudo realizado recentemente pela Universidade Estadual de Montes Claros (MG).

A doença é motivo de atenção do poder público porque costuma incidir em uma população mais vulnerável: idosos. Para se ter uma ideia, pessoas com 85 anos ou mais chegam a ter 50% de chances de desenvolvê-la. Além disso, os sintomas da herpes-zóster são muito duros. A doença, que atinge a pele, causa bolhas, eritemas e inflamação local.

Mas uma das principais complicações é a neuralgia pós-herpética (NPH), que se caracteriza por dor extremamente desagradável, sensibilidade ao toque, formigamento, coceira e queimação na área afetada. A condição surge logo após os primeiros sintomas da doença e varia de intensidade e duração, podendo inclusive se tornar crônica.

Embora seja de fácil diagnóstico, devido à sua apresentação clínica e associação com o episódio de herpes-zóster, o tratamento da NPH é, geralmente, desafiador. Isto porque, muitas vezes, o controle da dor não é satisfatório. Inclusive, estudos já demonstraram que menos da metade dos pacientes com a condição alcançam redução signficativa dos sintomas.

Adquire elevada importância, então, o controle adequado dos sintomas de NPH no início do quadro, visando, sobretudo, prevenir o agravamento da complicação e seu desdobramento em dor crônica. Nesse sentido, é fundamental o tratamento antiviral precoce, com a medicação correta e em doses adequadas, que seja iniciado, preferencialmente, em até 24h ou 48h após o aparecimento das lesões.

O tratamento específico da dor desde o início das lesões também é uma ótima ferramenta para evitar que a dor se torne permanente. Naqueles pacientes com maior risco de evoluirem para dor crônica, é importante considerar a possibilidade de procedimentos intervencionistas minimamente invasivos também no início da dor aguda.

No que se refere ao tratamento específico da dor, o consenso dos especialistas sugere que regimes de medicação multimodais e procedimentos intervencionsitas sejam provavelmente a melhor abordagem. Os tratamentos não invasivos tradicionais incluem medicamentos orais e tópicos, sendo que algumas sociedades recomendam antidepressivos, gabapentinoide (anticonvulsivantes) e o adesivo de lidocaína (anestésico) a 5% como primeira linha de tratamento. O uso de opióides para combater a NPH também pode ser necessário pela intensidade da dor.

Na abordagem em relação à herpes-zóster e seus desdobramentos é imprescindível ainda a adoção de instrumentos preventivos como a vacinação, que deve ser estimulada para pacientes com mais de 50 anos ou pacientes com menos que já tiveram zóster. Lembrando que a vacina está disponível apenas na rede particular, sendo administrada em duas doses.

A identificação da população em risco de contrair a doença é outro instrumento preventivo essencial. Entre os fatores de risco bem estabelecidos para um episódio de herpes-zóster que progride para NPH estão: idade, imunossupressão grave; presença de uma fase prodômica (que antecede o aparecimento de sintomas); dor intensa durante surto de zóster; alodinia (dor que não ocorreria em situaçõs normais); envolvimento oftálmico e diabetes mellitus.

Ainda no quesito prevenção é indicado que pessoas que estejam entre a população com maior risco de desenvolver a doença procurem manter um sistema imunológico saudável. Para isso, é recomendável adotar um estilo de vida saudável, com dieta equilibrada, prática regular de exercícios físicos e manejo do estresse. Caso o sistema imunológico já esteja comprometido, o orientação é evitar contato próximo com pessoas que tenham catapora.

*Dra. Amelie Falconi é médica intervencionista em dor e professora de medicina da dor no Eisntein d Faculdade Sinpain. Autora do Best-Seller “Existe Vida Além da Dor”.

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