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Saúde

Especialistas alertam sobre o uso de adoçantes em dietas; saiba os riscos

A recomendação é evitar o uso excessivo do produto e optar pelo consumo dos alimentos com sabor natural e o uso de frutas como opção para adoçar vitaminas, sucos e bolos

Redação Jornal de Brasília

11/03/2024 10h40

O adoçante, visto como uma uma alternativa saudável ao açúcar, não deve ser usado em dietas para emagrecimento. A orientação é da Organização Mundial da Saúde (OMS) (https://www.who.int/publications/i/item/9789240073616), que publicou, no ano passado, uma nova diretriz (https://www.who.int/publications/i/item/9789240073616) sugerindo que as substâncias não sejam utilizadas com a finalidade de controle de peso e/ou redução do risco de doenças crônicas como, por exemplo, o diabetes.

Para a Referência Técnica Distrital (RTD) de Endocrinologia da Secretaria de Saúde (SES-DF), Flávia Franca, a recomendação da OMS busca evitar o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e processados, que possuem alto índice de adoçantes, como o acesulfame, aspartame, ciclamatos, sacarina, sucralose, estévia e seus derivados, entre outros.

Ela reforça que o ideal é consumir os alimentos com seu sabor natural e utilizar frutas como uma forma de adoçar vitaminas, sucos e bolos, por exemplo. “Essa recomendação foi para reforçar a importância de uma vida mais saudável. De acordo com a nova diretriz, para evitar a obesidade e o diabetes, não se deve consumir alimentos processados, ultraprocessados e sim, na forma natural. O que não quer dizer que a pessoa deva substituir o adoçante por açúcar, que em excesso, realmente traz riscos à saúde”, destacou.

Risco de câncer

Outra questão também abordada pela Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD), em conjunto com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM) (https://www.endocrino.org.br/) e a Associação Brasileira do Estudo da Obesidade (Abeso) (https://abeso.org.br/) foi em relação ao risco de câncer, conforme explica a especialista.

“Em alguns estudos em animais, o aspartame teve relação com o aumento do risco de câncer. Isso mostra que os produtos não trazem benefício nutricional nenhum à saúde. A recomendação é que se evite o consumo”, reforçou França.

Apesar de existir uma recomendação segura aceitável, a médica da SES-DF observa que, com o uso regular dessas substâncias, há prejuízo de respostas glicêmicas, maior risco de doenças metabólicas e aumento do ganho de peso.

No entanto, a recomendação da OMS (https://www.who.int/publications/i/item/9789240073616) não abrange as pessoas com diabetes pré-existente, que se beneficiam do uso de adoçantes porque a ingestão de açúcar pode levar ao aumento da glicose no sangue.

Um estudo publicado no ano passado na revista científica Plos Medicine associou o constante consumo de aspartame, um dos adoçantes artificiais mais comuns e utilizados em bebidas zero ou diet, principalmente refrigerantes, com o aumento de 15% do risco de todos os tipos de cânceres. Outro prejuízo à saúde avaliado foi a maior incidência de tumores relacionados à obesidade.

Valor nutricional

A nutricionista da SES-DF e consultora na área de rotulagem de alimentos, Tatiane Cortes, explica que os adoçantes dietéticos são substâncias utilizadas para conferir sabor doce aos alimentos. No entanto, embora sejam geralmente considerados seguros quando consumidos dentro dos limites estabelecidos, um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) em parceria com o Instituto de Saúde (IS) de São Paulo sugere que o uso excessivo desses produtos pode gerar efeitos negativos à saúde.

 

 

 

“Essas substâncias são formuladas para pessoas que têm alguma restrição no consumo de açúcar, como no caso do diabetes mellitus. Atualmente, existem adoçantes artificiais e naturais, sendo que os últimos são vistos como menos nocivos por serem extraídos da natureza, como o stevia e o xilitol”, aponta.

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é responsável por regulamentar e autorizar a utilização dos adoçantes. Hoje, existem alguns tipos liberados no Brasil como o sorbitol, manitol isonaltitol, maltitol, sacarina, ciclamato, aspartame, estévia, acessulfame K, sucralose, neotame, taumatina, lactitol, xilitol e eritritol.

Cortes ressalta que, no Brasil, o crescimento da oferta dos adoçantes e de produtos diet e light, com os rótulos “zero caloria” e “zero açúcar”, deve-se a busca por opções de alimentos ditos “mais saudáveis”, por conta do aumento da população com sobrepeso, obesidade e diabetes, e pela conscientização sobre os efeitos negativos do consumo excessivo de açúcar.

Entretanto, algumas publicações internacionais (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/20140211/) citam potenciais malefícios associados ao consumo excessivo de adoçantes, tais como: a desregulação do apetite, alterações na microbiota intestinal, ganho de peso, intolerância gastrointestinal, desenvolvimento de preferência por sabores doces e possíveis efeitos na saúde metabólica.

“Em relação às alterações na microbiota intestinal, esses produtos podem afetar negativamente na composição e na função de nossa microbiota intestinal, causando um quadro de disbiose, o que pode causar diarreia, prisão de ventre, distensão abdominal, náuseas e azia”, elenca a nutricionista.

Uma alternativa, segundo a especialista, é a substituição dos adoçantes por mel, açúcar de coco, açúcar mascavo e melado de cana, desde que sejam consumidos em pequenas quantidades e sob orientação profissional.

“O melhor caminho para perder peso é a reeducação do paladar. Precisamos aprender a saborear o alimento, sem precisar adoçá-lo. Comece devagar, diminuindo aos poucos o consumo dos adoçantes e alimentos com essas substâncias. Dê ao seu corpo substratos naturais, frutas, desembalando menos e descascando mais”, afirma.

Mudança de hábitos

O servidor público Renato Santos relatou que em outubro de 2023, ao realizar exames de rotina, foi diagnosticado com um quadro de pré-diabetes. Com a notícia, resolveu optar por uma alimentação mais saudável, cortando açúcar e adoçantes.

”Fiquei bastante preocupado com o diagnóstico. Então, resolvi não comer mais açúcar e diminuir significativamente o consumo de alimentos derivados do trigo. No começo foi difícil, pois em minha rotina consumia chocolate e doces diariamente, após o almoço. Para tentar equilibrar, comecei a consumir muitos produtos industrializados com adoçantes, mas não me adaptei. Sentia que a comida ficava amargando e que, apesar de não comer mais açúcar, continuava ingerindo bastante produtos industrializados, com alto teor calórico”, relata.

Os novos hábitos alimentares já surgiram efeito. Ele pesava 137 kg e agora está com 123 kg. “Resolvi cortar os adoçantes, preparar todos os alimentos que consumo e adoçá-los com frutas. Hoje, produzo os bolos, doces que vou consumir e sempre utilizo frutas como banana e tâmara para adoçar. Foi necessário adaptar meu paladar para um nova rotina. Em três meses, perdi mais de 10 kg de gordura e minhas taxas melhoraram”. conclui.

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