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Saúde

Cigarros eletrônicos elevam risco para sistemas respiratório e cardiovascular, diz especialista

Os pods possuem diferentes sabores e aromas, e dependem do aquecimento de seu componente líquido para gerar vapor

Redação Jornal de Brasília

29/08/2023 16h55

Foto: Ministério da Saúde

Maria Eduarda Lima
[email protected]

Também conhecidos como “pods”, os cigarros eletrônicos, inicialmente desenvolvidos como uma opção ao cigarro convencional, podem levar à inflamação das vias aéreas e dos tecidos pulmonares, aumentando o risco de doenças respiratórias. No entanto, o que nem todo mundo sabe é que o perigo chega também para o sistema cardiovascular.

O diretor da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Circulação Vascular Regional São Paulo (SBACV-SP), Akash Prakasan destaca o prejuízo causado para a circulação. Segundo ele, o cigarro eletrônico tem sido cada vez mais presente na nossa sociedade.

“Um dos problemas é a iniciação dos jovens nesse hábito, uma vez que seu uso pode abrir portas para a dependência, inclusive com o uso da nicotina em muitas das essências utilizadas”, explica.

“Falsa bandeira”

O Dia Nacional de Combate ao Fumo é comemorado nesta terça-feira (29) e Akash destaca que a medicina corre atrasada em relação aos avanços da tecnologia.

“O consumo do cigarro eletrônico, sob uma falsa bandeira de ser mais saudável, aumenta o consumo de nicotina, já que a concentração é muito maior que num cigarro comum, variável, uma vez que a concentração varia de acordo com o fabricante (mínima, por volta, de seis e a máxima de 18 cigarros)”.

Aliás, ele identifica que houve quem defendeu o uso do medicamento como transição para parar de fumar, mas os trabalhos demonstram que isso não tem ocorrido. “Nem sempre os fabricantes descrevem todos os produtos utilizados em suas essências”.

Cheirinho

Os pods possuem diferentes sabores e aromas, e dependem do aquecimento de seu componente líquido para gerar vapor.

Dentre esses componentes existem o propilenoglicol (PG), a glicerina vegetal (VG), a essência/aromatizante e corante. Na maioria dos componentes químicos, a nicotina também é utilizada.

A nicotina é um estimulante do sistema nervoso central que provoca dependência química, física e psicológica, aumenta o débito cardíaco, a vasoconstrição e a frequência cardíaca. Além de causar um processo inflamatório crônico nos pacientes que usam.

Perigo

Os efeitos do cigarro eletrônico estão associados a diversas doenças, como fibrose das vias aéreas, aumento do índice de infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVC), trombose e até mesmo a necessidade de amputação de membros.

As alterações cardiovasculares ocupam lugar de destaque com a formação de placas gordurosas, cálcio e outras substâncias na superfície interna das paredes arteriais.

Com o passar do tempo, essas placas crescem e podem entupir ou romper as artérias e migrar por meio dos vasos. “O tabagismo é responsável por aproximadamente 11% das mortes em todo o mundo. Qualquer forma que estimule o seu uso é um problema de saúde pública”.

São proibidos
Mais coloridos, descartáveis ou recarregáveis, são também conhecidos como vaporizadores, pods, e-cigarettes, e-pipes, vapes, etc, são proibidos para venda no Brasil desde 2009, mas atraem cada vez mais o público jovem.

O relatório Covitel 2023 (Inquérito Telefônico de Fatores de Risco para Doenças Crônicas não Transmissíveis em Tempos de Pandemia) mostra que 23,9 % dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos já fizeram uso dos cigarros eletrônicos.

A estudante Ana Carolina Rubo, 19 anos, relata a sensação de relaxamento, mas reconhece o efeito de “ciclo vicioso” que a nicotina causa.

Aceitação

Ela conta que prefere o cigarro eletrônico ao normal por conta da aceitação social. “O cigarro eletrônico é bem mais tranquilo por conta do cheiro, o dispositivo não deixa cheiro nas roupas, na mão… dá pra fumar em qualquer lugar. Acredito que os sabores dos cigarros eletrônicos também são um fator essencial pro público jovem que é usuário”.

Com todos os efeitos negativos para a saúde, o público jovem ainda é muito atraído pelo dispositivo. “A facilidade de uso, imagem de ser mais saudável e tecnológico e a falta de controle dos produtos inalados (pela variabilidade de apresentações e concentrações existentes) tornam o cigarro eletrônico um vilão”, afirma Akash Prakasan

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