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Saúde

Cardiopatia congênita ainda é um desafio para pais e profissionais da área da saúde

A doença afeta mais de 29 mil crianças por ano no mundo, e 6% morrem antes de completar um ano de vida, segundo a OMS

Redação Jornal de Brasília

27/07/2023 11h30

Foto: Divulgação/Hospital Pequeno Príncipe

Uma em cada cem crianças nascidas no Brasil apresenta alguma má-formação no músculo cardíaco, o que faz os problemas do coração serem o defeito congênito mais comum nos recém nascidos. De acordo com o Ministério da Saúde (MS) cerca de 8% das mortes de bebês são causadas por esses problemas, sendo que 30% dos pacientes, casos mais graves, não sobrevivem ao sétimo dia. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que cerca de 130 milhões de crianças tenham algum tipo de cardiopatia congênita.

Recentemente, o caso envolvendo a filha do casal de atores Renato Góes e Thaila Ayala chamou a atenção para o tema. A bebê foi diagnosticada com Comunicação Interventricular (CIV) que, entre as cardiopatias congênitas, é a mais frequente entre os recém-nascidos. A  doença é caracterizada por apresentar um buraco entre as cavidades do coração que desvia parte do sangue. Com apenas 39 semanas de vida, a criança precisou passar por uma cirurgia para tratar o problema.

Segundo o cardiologista intervencionista do Instituto do Coração de Taguatinga (ICTCor), Ernesto Osterne, a cardiopatia congênita é uma formação incompleta do coração e do sistema circulatório, que pode ocorrer nas primeiras oito semanas de gestação, fase do desenvolvimento embrionário cardíaco. “Com a complexidade do sistema cardiocirculatório, as alterações podem ser as mais diversas, pois podem se dar pela formação errática ou mesmo no desenvolvimento tanto de cavidades do coração, como problemas nas válvulas, veias e artérias relacionados com o coração”, diz.

O cardiologista explica que as cardiopatias congênitas são divididas em cianóticas e acianóticas. Assim como nos demais tipos de doenças cardíacas, há diferentes graus de comprometimento, também existem diferentes tipos de tratamentos, procedimentos e cirurgias. Para descobrir se um bebê já desenvolve o problema, o diagnóstico é feito por um ecocardiograma transtorácico, com doppler colorido, preferencialmente por um médico especializado em patologias congênitas.

As cardiopatias acianóticas são consideradas as mais frequentes, e os sintomas são caracterizados por casos de pneumonia recorrente e cansaço fácil. Nesse caso, as malformações geralmente podem ser na comunicação entre os átrios (CIA), na persistência do canal arterial (PCA), na comunicação entre os ventrículos (CIV) ou coarctação da aorta (CoAo), que nessa situação também apresentará hipertensão arterial como um indício. 

Já as cardiopatias cianóticas vão ser caracterizadas especialmente pela presença da coloração azul-arroxeada na pele, mucosas ou unhas. Nas cardiopatias cianóticas é comum que aconteça uma mistura de sangue entre o rico em oxigênio e o rico em gás carbônico, bem como alterações nos fluxos sanguíneos, ocasionando assim essa carência em oxigênio na corrente sanguínea que resultará na cianose. 

Dentre esses casos de cardiopatia, encontram-se: a tetralogia de Fallot (uma das ocorrências mais comuns, caracterizada principalmente por um acentuado defeito no septo ventricular), atresia tricúspide (caracterizada ausência de comunicação entre o átrio e o ventrículo direito), transposição das grandes artérias (caracterizada pela “troca” de lado das artérias principais do coração), anomalia de Ebstein (deformidade na válvula tricúspide) e DSAV (Defeitos do septo atrioventricular). 

As cardiopatias cianóticas apresentam uma grande incidência de casos mais simples, sem muitas complicações. Entretanto, em casos mais graves, pode ser necessário que se faça um transplante de coração. 

Conheça o fatores da doença

De acordo com o Dr. Ernesto, não há um fator específico associado ao desenvolvimento de uma cardiopatia congênita. Existem fatores que aumentam a chance de problemas no desenvolvimento cardíaco no feto durante as oito primeiras semanas de gestação, e estão ligados a doenças crônicas maternas, como diabetes mellitus e lúpus eritematoso sistêmico, assim como a infecção por rubéola. Também medicações como o lítio, certos anticonvulsivantes e mesmo drogas ilícitas podem levar a mal formação.

Também são considerados fatores de risco a gravidez gemelar e a fertilização in vitro. Além dessas condições, histórico de cardiopatia congênita prévia ou em parentes de primeiro grau, também se mostram como fatores para maior incidência de alterações cardíacas nos bebês.
De acordo com o especialista, qualquer doença cardíaca que seja diagnosticada mais tardiamente, e não tenha relação com o desenvolvimento embrionário do coração, recebe o nome de cardiopatia adquirida.

Saiba quais são os tratamentos

Os sintomas podem ser divididos de acordo com a manifestação da doença no bebê. Em casos de recém-nascidos, há dificuldade de mamar, cansaço, coração acelerado, suor excessivo na cabeça e nos pés. No primeiro ano de vida, há dificuldade de ganho de peso, problemas com o crescimento e aparecimento de sopro no coração, cianose (quando a criança fica com aparência roxa), desmaio, dor no peito e palpitações.

Para o tratamento pode não haver a necessidade de intervenção cirúrgica, ou em alguns casos  ser necessário de três ou mais cirurgias para correção dos fluxos sanguíneos do paciente. Além disso, há possibilidade de as cirurgias serem curativas, ou seja, estabelecerem o sistema cardíaco habitual, levando a cura do indivíduo, ou paliativas.

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