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Saúde

Bullying: especialista alerta sobre cuidados para quem sofre e quem faz sofrer 

A mãe de dois adolescentes ficou ainda mais preocupada com as ameaças de ataques nas escolas que ocorreram neste ano

Redação Jornal de Brasília

22/05/2023 15h35

Danyelle Carvalho, Lucas Maia e Caio Nunes
Jornal de Brasília/Agência de Notícias CEUB

Quando os pais deixam o filho na escola, esperam que seja um ambiente seguro, de aprendizados e descobertas. Porém, uma violência recorrente encontra nas salas de aula e nos intervalos espaços para se desenvolver. O bullying é definido como a prática de atos de agressão contínuos e intencionais contra um indivíduo, geralmente realizada por um outro indivíduo ou grupo.

Mãe de dois adolescentes, Maria Regina Cardoso ficou ainda mais preocupada com as ameaças de ataques nas escolas que ocorreram neste ano. Porém, ela afirma que tem que acreditar nos meios de segurança da instituição de ensino particular onde seus filhos estudam. 

“Acreditamos que as escolas são um ambiente relativamente seguro, porém, sabemos que tudo pode acontecer, ainda mais com os rumores de atentados em escolas recentemente”

Ela entende que, mesmo com medo, não vai se tornar refém das ameaças e defende a observação comportamental que os pais têm que ter com os seus filhos.

“Não temos como nos render a este tipo de evento, apenas precisamos ter um olhar mais atento aos nossos filhos, Se todas as famílias observassem e conversassem com seus filhos sobre tudo, talvez não houvesse tanto caso de suicídio ou massacre como está tendo atualmente”.

Agressão

O bullying é caracterizado pela sua longa duração e por ser incisivo com ameaças físicas e verbais, ocasionando danos psicológicos ou físicos. 

Essa agressão, costumeiramente ocorre nas escolas, de acordo com o psicólogo clínico Jaime Rabelo, porque as crianças e adolescentes não têm mecanismos de defesa suficientes para saírem dessa situação de forma prática.

“Ocorre mais na escola porque os indivíduos têm menos ferramentas. Comparando a vida adulta, a gente pode processar e trocar de espaço já na escola dependemos muito da leitura da escola e da família para com o que está acontecendo”. 

Ameaças

No início do mês abril deste ano, circulou nas redes sociais uma onda de ameaças a instituições de ensino do Distrito Federal. Aparentemente no dia 20 de abril teriam ataques em escolas e faculdades de Brasília em virtude aos 24 anos do “Massacre de Columbine”, nos Estados Unidos, em 1999. 

No caso do Columbine, a motivação dos dois alunos para realizar o massacre foi porque eles sofriam bullying na escola. Isso levantou uma série de debates sobre o bullying e o posicionamento escolar e preocupação nos estudantes e familiares. 

O psicólogo Jaime Rabelo explica que  há diferentes reações das vítimas da agressão, cada caso é um caso, tem pessoas que rebatem o bullying fazendo mais bullying com quem ele se sente superior, outras pessoas se distanciam e guardam a angústia para si. Esse tipo de violência causa um dano contínuo na saúde mental, ele pode gerar prejuízos incalculáveis, desde e reação suicida, dificuldade de aprendizagem e mudança de personalidade.  

O que a escola deve fazer

De acordo com Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os núcleos de instituição de ensino que têm a responsabilidade de cuidar de jovens, crianças e adolescentes têm como obrigação zelar pela saúde física e psíquica destes indivíduos.

Então, o dever da escola é fazer um acompanhamento individual para estabelecer a aprendizagem social. Para o psicólogo é de responsabilidade mútua da escola e da família acompanharem essas crianças e adolescentes de perto. 

“É uma responsabilidade absoluta no sentido social, a família tem uma responsabilidade social e os núcleos de convivência como a escola também têm uma responsabilidade social de acompanhar esses jovens de perto”.

Os professores, como pessoas de função fundamental no processo de ensino dos estudantes, são essenciais para a formação profissional e humana de qualquer cidadão e assim como os alunos e os demais colaboradores das escolas veem no cotidiano ocorrências de agressões no ambiente escolar.

Para o  professor Virgílio Peixoto a melhor forma de combater o  bullying é uma discussão que gera diferentes pontos de vista. “Acredito que a melhor forma de combate ao bullying é a sua prevenção. Criar um ambiente de aprendizagem saudável e propício para uma educação de qualidade, inclusiva e fundamentada em valores e princípios éticos e morais”. 

Em seus anos de educador, Virgílio Peixoto não presenciou nenhum tipo de agressão na instituição de ensino, mas alerta para a distinção de brincadeiras de mal gosto e bullying. 

 “Bullying real não. É normal presenciarmos brincadeiras que de alguma forma possam ofender. Hoje em dia se confunde muito atitudes comportamentais erradas com o bullying de fato. Não se pode esquecer que o bullying envolve a recorrência de agressões verbais ou físicas dirigidas a uma pessoa ou grupo de pessoas por parte de outro grupo”.

Como ajudar

De acordo com os especialistas, é de suma importância um trabalho em conjunto para ajudar a vítima do bullying em questão, tanto de amigos, familiares e a própria escola em que o estudante frequenta.

Jaime Rabelo ressalta que o bullying pode ser percebido pelas famílias, porém, não necessariamente é uma regra descobrir estes casos.

“Essa percepção vai depender muito do nível de proximidade e qualidade de vínculo que essa criança e adolescente tem com a família. Se ele é escutado, se ele tem acolhimento  em casa e se a família está perto”, reforça

Para prevenção dos casos Jaime reforça que o diálogo segue como o recurso principal para resolução dos problemas, reforça que é necessário ouvir tanto quem pratica quanto quem está sofrendo.

“Esse diálogo é necessário para que possamos entender as causas e ter uma solução de fato geral. Quem sofre ou faz sofrer precisa ser ouvido para entender porque cada caso tem um contexto  e motivo. A estrutura de poder  que tem dentro do bullying vai ser muito única, então por isso precisamos ouvir as pessoas que estão praticando ou sofrendo bullying”

Ele ressalta que os auxiliares podem ter desde a assistência social e psicologia para que possa ser mais fácil ter uma percepção geral dos casos e atuar em vários ambientes onde as crianças e adolescentes se encontram.

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