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Brasília

Instituto Entre Nós: projeto em Planaltina ensina mulheres a empreender pelo artesanato 

A aposentada explica que os filhos estão tão contentes com a participação dela que resolveram também se inserir na iniciativa

Redação Jornal de Brasília

22/05/2023 15h32

Foto: Maria Beatriz Giusti

Manuela Mendonça e Maria Beatriz Giusti
Jornal de Brasília/Agência de Notícias CEUB

Costurar, crochetar, cozinhar, aprender, empreender, pintar, desenhar e unir as pontas. Na rotina de um grupo de mulheres em Planaltina (DF), os produtos criados têm um significado maior do que o que se vê. Um projeto social chamado “Instituto Entre Nós” tem tirado mulheres de dentro da casa para elas encontrarem um novo sentido de vida.

“Eu já sofri ansiedade e depressão e isso aqui me ajuda muito a não ficar parada. Aqui eu faço amigas e trabalho. É bom demais”, relata Maria Eugênia de Oliveira, de 75 anos.

A aposentada explica que os filhos estão tão contentes com a participação dela que resolveram também se inserir na iniciativa. Até o neto de 12 anos se empolgou com a vovó artista.

Uma família

A presidente e fundadora do Instituto, Renata Melo, se refere ao seu projeto como de empreendedorismo social, sem fins lucrativos.

“É uma grande família, é um propósito (de vida)”. É dessa maneira que esse projeto tenta unir e chamar pessoas em Planaltina-DF. “A iniciativa tem como objetivo ajudar pessoas em situação de vulnerabilidade através de oficinas e aulas variadas”.

Venda

A organização recebe ajuda financeira  governamental por intermédio de emendas parlamentares e da Coordenadoria Executiva de Medidas Alternativas (CEMA) do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT)

Parte da renda também vem das vendas dos materiais produzidos nas aulas e oficinas, sendo 10% para o Instituto e os outros 90% para os artesãos que os confeccionaram, além de doações de materiais para os cursos e laboratórios, cestas básicas e dinheiro.

Assista abaixo a entrevistas com as participantes

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Coordenadora e também fundadora da instituição, Maria Terezinha Ribeiro Vaz, de 71 anos, explica que seu desejo é que a sociedade mude a ideia de que Planaltina é uma região ‘violenta’.

“Quero que Planaltina seja conhecida não pelos crimes, mas sim por coisas boas, pelo turismo, o artesanato porque aqui tem muita gente boa”.  

O instituto começou a atender pessoas com algum tipo de vício em outubro de 2017, mas hoje é muito mais amplo e intergeracional.

Mães e filhos frequentam o local e fazem oficinas diversas, sendo o principal projeto o “Voando Alto”. Renata acredita que o trabalho em família consolida as relações. “Se fortalece as mães, fortalece diretamente os filhos e a família”, reitera a presidente. 

A aposentada Maria Eugênia de Oliveira, de 75 anos, explica que descobriu o projeto através do grupo de Whatsapp da vizinhança e desde então nunca deixou de ir. 

 (Crisolina, Maria Terezinha, Tereza e Kaline/ Foto: Maria Beatriz Giusti)

Empreendedorismo social

O Instituto Entre Nós atua com o projeto “Voando Alto”, que é uma iniciativa de empreendedorismo social e consciente na prática.

O programa quer que os participantes gerem renda e usem o artesanato e o turismo, de forma autônoma, como uma maneira de sustento .

“A gente quer que essas pessoas tenham autonomia, que acreditem que elas podem empreender”, explica a presidente. 

Aulas de artesanato, bordado, crochê, costura, decoupage e embalagem criativa, que reciclam e aproveitam materiais, fazem parte do Voando Alto. “Só podemos viver se cuidarmos do que é nosso, porque fazemos parte da Terra”, diz Renata sobre as oficinas que reutilizam objetos. 

Foto Manuela Mendonça

“Peguei gosto”

O projeto recuperou a confiança das participantes. “Eu achei que não levava jeito para costura. Aqui aprendi e peguei gosto, já estou viciada”, afirmou a aposentada e voluntária do Instituto Entre Nós, Crisolina Rita Landim, de 52 anos

A fundadora entende que a arte é uma maneira de enxergar a vida com mais leveza, principalmente para pessoas que se encontram em situações vulneráveis.

“Quando está tudo muito difícil e duro, a arte traz beleza para a vida”, diz. Ao produzir arte também abriu a possibilidade de empreender e conseguir alguma renda por meio dela.  

“Enquanto eu der conta, Deus me der vida e saúde e eles me aceitarem aqui, eu quero ficar”, sorri a aposentada Tereza de Souza Ribeiro, de 68 anos. Ela frequenta o projeto desde 2021. 

Foto Maria Beatriz Giusti

Conexão Familiar 

Além de idosos, o projeto atende crianças e adolescentes encaminhados pela escola, família ou conselho tutelar; menores que estão cumprindo medida em meio aberto; pessoas vindas do Centro de Assistência Psicossocial (CAPS) e do Centro de Referência Especializado de Assistência Social (CREAS), pessoas com doenças mentais e com deficiência, aposentados, trabalhadores da lavoura, diarista e domésticas.

A necessidade de unir adolescentes que estão na Unidade de Internação de Planaltina (UIP), onde estão privados de liberdade, com suas mães e familiares  surgiu durante a pandemia, quando a visitação não era possível, assim criou-se o programa Conexão Familiar. 

Por meio de cartas, o Instituto Entre Nós conectou famílias não somente pelo apoio emocional com palavras, mas também, com apoio material, com cestas básicas que as famílias recebiam e kits de higiene que os adolescentes ganhavam.  

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