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Saúde

As marcas de uma relação abusiva

Toda agressão física é também um abuso psicológico, mas, o mesmo, não podemos dizer sobre o abuso psicológico

Redação Jornal de Brasília

07/02/2023 10h49

Foto: Agência Brasil

Renata Bento*
redaçã[email protected]

A agressão física contém o abuso emocional, uma vez que, o (a) agressor (a) invade de forma abrupta o corpo do outro, ultrapassando a barreira do limite físico, atingindo de forma atropelada, o mundo interno da vítima. As relações abusivas podem ocorrer entre colegas, marido e mulher, parentes, namorados, pais e filhos, entre outras relações

Toda agressão física é também um abuso psicológico, mas, o mesmo, não podemos dizer sobre o abuso psicológico. Isto porque nem sempre o abuso psicológico é acompanhado da agressão física. E o fato de não ficar evidente, esse tipo de violência traz consequências emocionais das mais diversas, porque vai destruindo a vítima silenciosamente. A agressão física deixa marcas no corpo e podem ser notadas, por isso é mais difícil de ser ignorada ou escondida dos demais.

O abuso psicológico, muitas vezes, é invisível aos olhos das pessoas mais próximas e até mesmo da própria pessoa que sofre esse tipo de violência. A vítima fica em dúvida, confusa e por isso é tão enigmático e complexo para se detectar. Muitas pessoas não buscam ajuda ou não consideram abuso pelo fato de não ter a agressão física.

Outras vezes, a pessoa consegue compreender que se trata de violência, mas tem dificuldade de sair desse tipo de relação, devido ao vínculo de dependência emocional que se forma, nota-se ainda que algumas vítimas se sentem fracassadas e envergonhadas quando rompem e conseguem sair desse tipo de relacionamento.

Por agressão psicológica podemos entender: desvalorização, humilhação moral, ameaças, manipulação, perseguição, insultos, chantagem, ridicularização, distorcer ou omitir fatos para que a vítima fique confusa, vigilância constante, entre outras.

Umas das dificuldades em entender o limite da relação, se é abuso ou não, se dá justamente porque muitas vezes o agressor psicológico é sutil em sua atitude, ele faz pausas intermitentes em que parece ser uma boa pessoa, mesclando com momentos de um relacionamento mais saudável. Outro fator interessante e que precisa ser ressaltado é o fato do agressor tratar outras pessoas com gentileza, reservando os aspectos mais agressivos para serem projetados na intimidade.

Esse comportamento de gentileza do agressor com as pessoas externas, confunde a vítima, e a faz se sentir diminuída, desvalorizada e com sua autoestima agredida, chegando a duvidar de si.

Pessoas muito tolerantes que tem dificuldade em dizer não, ou aquelas que fazem tudo para agradar o outro, sem se preocupar consigo mesmo, são as mais propensas a esse tipo de violência psicológica.

Algumas das sequelas causadas pela violência psicológica são por exemplo, o estresse pós-traumático, depressão, perda da autoestima e crises de ansiedade.

O quanto antes a pessoa conseguir identificar a violência e buscar ajuda para se fortalecer, melhor, pois levará um tempo para que esteja confiante novamente em outras relações. As marcas de um abuso emocional, podem permanecer para sempre.

*Renata Bento é Psicanalista, psicóloga, membro Associado da Sociedade Brasileira de Psicanálise do Rio de Janeiro, membro da International Psychoanalytical Association – UK.Membro da Federación Psicoanalítica de América Latina – Fepal. Especialização em Psicologia clínica com criança PUC-RJ. Perita ad hoc do TJ/Rj – RJ. Assistente Técnica em processo judicial.

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