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Política & Poder

Tucano histórico diz que PSDB ‘descambou’ e critica sinalização de Garcia a Bolsonaro

O governador teria mágoa de Haddad pelo fato de seu irmão, Marco Aurélio Garcia, ter sido condenado por lavagem de dinheiro

FolhaPress

04/10/2022 15h41

Foto: Divulgação

Mônica Bergamo
São Paulo, SP

O tucano histórico Tião Farias afirma que um eventual apoio do governador Rodrigo Garcia (PSDB) à reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL) representaria “uma agressão” e “uma traição” à história do PSDB. Diz, ainda, que planeja se desligar da legenda que ajudou a fundar.

“Acabou para mim”, afirma à coluna Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo.

Como mostrou a Folha de S.Paulo, Rodrigo Garcia entrou em acordo com o bolsonarista Tarcísio de Freitas (Republicanos) para apoiá-lo na corrida pelo Palácio dos Bandeirantes.

Nesta terça-feira (4), o governador também tem um encontro marcado com Bolsonaro, o que indicaria que seu alinhamento ao presidente no segundo turno das eleições está encaminhado.

Ex-secretário da Casa Civil de Mario Covas (1930-2001), Tião Farias diz que a associação do PSDB a Jair Bolsonaro no pleito de 2022 não faz jus à defesa da social democracia, bandeira que dá nome ao partido.

“Isso é agredir e ofender toda a nossa história, é ofender aqueles que já se foram”, afirma ele.

“Mario Covas dizia o seguinte: se o político tiver caráter e apreço pela democracia, serve até como adversário. Se não tiver, não serve nem como companheiro. Isso resume tudo. Bolsonaro não tem caráter nem apreço pelo democracia”, continua.

Farias, que declara voto em Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta eleição, afirma que o petista recebeu o apoio de Covas no pleito de 1989 “por muito menos” -naquele ano, a disputa se afunilou entre Lula e Fernando Collor.

“[O partido] já vinha meio capenga, agora descambou”, diz ele, que afirma ser questionado até mesmo por familiares sobre a sua permanência no partido.

“Não tem mais como ficar no PSDB, agora acabou. Seria uma traição com aqueles que fundaram o partido se eu ficasse no PSDB”, diz, citando a aproximação de Rodrigo Garcia do presidente da República.

“É difícil ficar num partido que apoie um fascista.”

Rodrigo terminou o primeiro turno da eleição em terceiro lugar, com 18,4% dos votos válidos, e não avançou para o segundo turno, numa derrota histórica para o PSDB no estado.

O apoio declarado dos tucanos paulistas a Tarcísio e Bolsonaro é um revés para as campanhas de Fernando Haddad (PT) e Lula (PT), que também buscavam atrair a sigla nesta segunda etapa da disputa em que enfrentam os bolsonaristas. Tarcísio terminou com 42,32% contra 35,70% do petista.

Haddad procurou interlocutores do governador de São Paulo para tentar atraí-lo para seu palanque no segundo turno das eleições no estado. Ouviu como resposta que Garcia resistia a apoiar o PT, por questões políticas e também pessoais.

O governador teria mágoa de Haddad pelo fato de seu irmão, Marco Aurélio Garcia, ter sido condenado por lavagem de dinheiro no escândalo da máfia dos fiscais. O esquema foi investigado pela gestão do petista quando ele era prefeito da cidade de São Paulo.

Desde então, a família de Rodrigo Garcia teria aversão ao ex-prefeito.

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