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Política & Poder

Tarcísio nomeia servidor demitido por Lula por participar de reunião golpista com Bolsonaro

Não há registro de manifestações de Alves na reunião de teor golpista. Seu chefe defendeu, entre outros pontos, que as Forças Armadas eram integrantes do processo eleitoral e que Bolsonaro tinha legitimidade para questionar as urnas

Redação Jornal de Brasília

19/12/2024 15h56

Foto: Reprodução/ Rede social

BRUNO RIBEIRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) nomeou para cargo de confiança em sua gestão um servidor federal exonerado da AGU (Advocacia-Geral da União), no governo Lula (PT), após a descoberta de sua presença na reunião de teor golpista promovida por Jair Bolsonaro (PL) em 5 de julho de 2022.

Tarcísio publicou um decreto nesta quinta-feira (19) nomeando Adler Anaximandro Alves para a presidência do conselho administrativo da SPPrev (São Paulo Previdência), em substituição a Marina Brito Battilani, que havia sido secretária de Previdência do Ministério do Trabalho e Previdência na gestão Bolsonaro e foi nomeada diretora-presidente da SPPrev no último dia 10.

O órgão é o gestor único dos regimes próprios de previdência dos servidores civis e militares paulistas.

Alves é procurador federal de carreira desde 2003. Na reunião de julho de 2022, ele ocupava o posto de secretário-geral de Consultoria da AGU e acompanhou o então advogado-geral da União, Bruno Bianco.

Alves é o segundo integrante da reunião a obter cargo no governo Tarcísio. O então controlador-geral da União, Wagner Rosário, é o atual controlador-geral do Estado.

Não há registro de manifestações de Alves na reunião de teor golpista. Seu chefe defendeu, entre outros pontos, que as Forças Armadas eram integrantes do processo eleitoral e que Bolsonaro tinha legitimidade para questionar as urnas.

Já Rosário disse que a CGU deveria atuar em conjunto com a Polícia Federal e as Forças Armadas para dar força à atuação crítica dos militares ao sistema eleitoral.

O vídeo foi descoberto pela PF em fevereiro de 2024, em um computador do ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid. Na ocasião, o servidor permanecia na AGU, ocupando cargo de coordenador na Diretoria de Gestão e Cálculo da Procuradoria-Geral Federal do órgão, em nomeação feita pelo AGU de Lula, Jorge Messias.

Ao comunicar a demissão de Alves, no mesmo mês, a AGU divulgou nota informando ter aberto uma “instrução preliminar, de natureza investigativa, para verificar se houve transgressão disciplinar” contra o servidor. A portaria que comunica sua dispensa informa que foi “a pedido”.

A reportagem questionou a AGU sobre os resultados da instrução preliminar, mas não obteve resposta. A reportagem procurou Alves, mas ele não respondeu.

Por meio de nota, a gestão Tarcísio disse que Alves “é procurador federal de carreira da Advocacia Geral da União e cumpre todos os requisitos técnicos para a nomeação como Presidente do Conselho de Administração da SPPrev”.

Segundo a nota, “no procedimento instaurado pela AGU foi esclarecido que o servidor estava na reunião em razão de ser sido convocado oficialmente”. A nota afirma ainda que “o expediente da AGU já foi arquivado”.

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